domingo, 15 de maio de 2011

AMÉLIE GABRIELLE BOUDET


A FIEL COMPANHEIRADE KARDEC

Conhecida em sua época como a Madame Rivail, esposa de Allan Kardec (Hypolite Léon Denizard Rivail) nasceu em Thiais, Sena, em 23 de novembro de 1795. Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, e de Julie-Louis Seat de Lacommbe.

Após cursar o colégio primário, mudou-se com a família para Paris, continuando seus estudos na Escola Normal, onde diplomou-se professora de primeira classe. Professora de Letras e Belas Artes, culta e inteligente, demonstrando muita vivacidade e interesse pelos estudos desde a infância, foi autora de três obras: "Contos Primaveris", 1825, "Noções de Desenho", 1826, "O Essencial em Belas Artes", de 1828.

1 - CASAMENTO

Em 6 de fevereiro de 1832 casou-se com Allan Kardec. Nove anos mais jovem que Amélie, Kardec em momento algum preocupou-se com essa diferença, que em Amélie passava desapercebida, tal sua jovialidade física e espiritual.

Associando-se ao esposo, Amélie dedicou-se também a apoiá-lo no trabalho desenvolvido no Instituto Técnico fundado por Kardec logo após concluir seus estudos com Pestalozzi, em Iverdum. É importante observar que foi somente em 1833 que instituiu-se na França o ensino primário, por força da Lei Guizot.

2 - DIFICULDADES

No ano de 1835, Amélie e Kardec, diante de sérias dificuldades, são obrigados a encerrar as atividades do Instituto Técnico. Enquanto Kardec trabalhava como contador para empresas comerciais, Amélie dedicava-se, durante o dia, preparando os cursos gratuitos que passaram a ministrar - de 1835 a 1840 - na própria residência, por falta de recursos para implantá-los em outro local. Apoiando Kardec em seus empreendimentos, Amélie colaborou para que sua obra pedagógica ganhasse volume e qualidade, sendo adotada pela própria Universidade da França, reproduzindo-se em dezenas de edições. Com esse trabalho, foi possível ao casal alcançar uma posição financeira satisfatória, dando respaldo a Kardec para iniciar, em 1855, sua pesquisa sobre os fenômenos sobrenaturais das mesas girantes, que transformou-se na época, em verdadeira celeuma continental.

Após o lançamento de "O Livro dos Espíritos", ern 18 de abril de 1857, Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sediada em sua própria residência. Envolvido em tramas de ódio e calúnia, Kardec a todos os Obstáculos enfrentou, sempre contando com o apoio de Amélie compreensiva e meiga para com ele, certa da imensa grandeza e responsabilidade que representava o trabalho de Kardec. No dia 31 de março de 1869, quando Kardec aos 64 anos partia para o mundo espiritual, Amélie foi capaz de manter a serenidade e a dignidade que se espelharam em sua face.

3 - DESPEDIDA

Diante de uma multidão de mais de mil pessoas, no dia dos funerais de Allan Kardec, manteve-se serenamente contemplativa, observando com respeito e admiração as palavras daqueles que se despediam - segundo Camille Flammarion - do "bom senso encarnado". Comparecendo a todas reuniões para as quais convidada, após a desencarnação de Kardec, Amélie cantinuou presidindo a belíssima sessão realizada anualmente no Dia dos Mortos, durante a qual vários oradores transmitiam ensinamentos sobre a desencarnação e a vida espiritual.

4 - TRANSFORMAÇÕES

Tomando para si os encargos do esposo desencarnado, empenhou-se junto aos fiéis discípulos de Kardec para criar - segundo os planos do Codificador - a "Sociedade Anônima do "Espiritismo", entidade que levou adiante a divulgação doutrinária, a administração da Revista Espirita e da livraria. Em 1871, P. G. Leymarie - médium e colaborador incansável - assumiu , essas tarefas, diante da necessidade de repouso que a idade avançada exigia de Amélie. Em 18 de outubro de 1873, a razão social da entidade é alterada para "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec", atendendo sugestões daqueles que entendiam que assim caracterizavam melhor o objetivo proposto inicialmente.

5 - DEDICAÇÃO

Até o final de sua vida Amélie atendia em particular aqueles que a ela recorriam em busca de uma palavra de consolo e de esclarecimento. Em 21 de janeiro de 1883, às cinco horas da madrugada, ainda lúcida e amável aos 87 anos de idade, Amélie retornou à pátria espiritual. Sem contar com herdeiros diretos, Amélie e Kardec não tiveram filhos, os bens do casal foram destinados, em testamento, para a "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec". Não obstante o empenho de uma parenta, e de seus filhos, no sentido de anular sua vontade, nada conseguiram, em virtude da decisão da justiça, que considerou soberana a decisão de Amélie, destinando para a entidade o patrimônio acumulado nessa existência.

No dia de seu sepultamento, no cemitério de Pere-Lachaise, há 12 km, de sua residência, durante cerimônia simples e despojada, Leymarie falou de improviso, lembrando o grande valor de Amélie, afirmando que a publicação de "O Livro dos Espírítos" e da "Revista Espírita" se deveu, em grande parte ao seu esforço pessoal, insistência e perseverança.

É certo que o encontro de Amélie com Allan Kardec deve-se a compromisso assumido na espiritualidade, em função de sua missão grandiosa que caberia aos dois empreender. Esse encontro de almas foi a aliança abençoada que reforçou em ambos a disposição e a fé para sobrepujarem inúmeros obstáculos, servindo para a posteridade de exemplo de firmeza e determinação.

Afonso Moreira Jr. - Jornal Espírita - setembro/08


texto - http://www.comunidadeespirita.com.br

imagem - geae.inf.br

6 comentários:

Norma Villares disse...

Jorge, sempre trazendo conhecimentos espíritas para integrar a alma. Muito bom, vou levar, risos. Eu sou uma levadeira mor, risos.
Abraços sublimes

Marcia disse...

Uma grande dama e companheira, podendo-se afirmar, braco direito de Kardec.
Aí estao alguns detalhes que muitos espíritas desconhecem.
Beijo com carinho e grata.

orvalho do ceu disse...

Olá, Jorge
Passo pra lhe desejar ótimo continuar da semana e com força espiritual sempre...
Abraços fraternos de paz

Jorge Nectan disse...

Norma, fique sempre à vontade!!!

Um beijo, Coração!

Jorge Nectan disse...

Pouco se fala nesta grande companheira de Kardec. Uma pena, não é?

Um beijo, Anjo d'alem mar!

Jorge Nectan disse...

Orvalho, obrigado e uma excelente fim de semana prá vc!!!

Um beijo, Orvalho!!

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