sábado, 30 de janeiro de 2010

O FIM DOS TEMPOS


Paulo da Silva Neto Sobrinho

Introdução

É muito comum escutarmos que na Bíblia existe uma profecia a respeito do fim dos tempos, ou seja, do fim do mundo, época em que Deus fará o julgamento de todos os seres vivos e mortos.

O livro mais citado é o Apocalipse, palavra que, a nosso ver, acabou perdendo o seu significado primitivo. O Dicionário Houaiss nos informa que: etim lat.tar. apocalypsis,is, do gr. apokalúpsis,eós 'ato de descobrir, descoberta; revelação'; no Novo Testamento 'revelação divina', de apkalúptó ‘desmascarar, forçar a falar; fig. revelar'. Atualmente, dentro do contexto que estamos trabalhando, significa: s.m. 1rel qualquer dos antigos escritos judaicos ou cristãos (esp. o último livro canônico do Novo Testamento, atribuído a são João) que contém revelações, em particular sobre o fim do mundo, e apresentadas, quase sempre, sob a forma de visões.

Entretanto, quando dizem Apocalipse, estão, quase sempre, se referindo ao fim do mundo, ou seja, o que se supõe como conteúdo do livro passou a ser o sinônimo do título do livro. Dizemos se supõe, porque ao final deste estudo, iremos perceber que o que dizem ter esse livro não é o que podemos encontrar nele.

Atualmente, a autoria desse livro é questionada pelos exegetas e teólogos, mas, numa visão menos pragmática, podemos perceber que é pouco provável que João tenha sido o seu autor. Baseamo-nos na informação bíblica de que, tanto ele quanto Pedro, eram incultos e iletrados (Atos 4, 13), e até mesmo porque eram simples pescadores.

Façamos, então, um estudo a respeito dessa questão.

No Antigo Testamento

O povo hebreu, ao longo dos tempos, manteve gravado em sua memória as palavras de Deus a Moisés: Tomar-vos-ei por meu povo, e serei o vosso Deus. E vós sabereis que eu sou Iahweh vosso Deus, que vos faz sair de sob as corvéias dos egípcios (Êxodo 6,7). Disso originou o pensamento de se acharem o “povo eleito” de Deus. Deus esse que, como deixa-nos transparecer essa passagem e inúmeras outras, mais parece ser um deus tribal. Quantos povos foram dizimados por Ele, para que os hebreus fossem favorecidos? Denotando, indiscutivelmente, ser um comportamento próprio para um deus tribal, uma vez que não se coaduna, de forma alguma, com uma atitude do ser que é o Criador de todo o Universo, pensamos que ele não faria isso, com absoluta certeza.

Mas exigir uma compreensão mais elevada de Deus àquele povo seria pedir muito, não é mesmo? Viviam em meio a povos que adoravam inúmeros deuses todos eles, segundo pensavam, protegia aos que os escolhessem para ser o seu deus. Assim, é perfeitamente aceitável tal idéia para àquela época.

Viviam os hebreus sempre na expectativa de que o seu Deus fosse acabar com todos os outros deuses, já que o consideravam o Todo-Poderoso. O Senhor dos Exércitos iria eliminar todos os povos, para que os hebreus se apossassem de seus territórios. Nesse dia, seriam julgados os que adoravam aos outros deuses, ou seja, os ímpios. Seria a glória de Israel, como o povo eleito.

Dentro dessa perspectiva, todos os profetas do Antigo Testamento tinham suas revelações voltadas para essa supremacia do povo hebreu. E como Deus os escolheu, faria tudo para demonstrar essa predileção. Quando eles se afastavam de Deus, aparecia um profeta com a missão de reconduzí-los ao caminho traçado por Deus.

É por isso que aparece, algumas vezes, o “Dia de Iahweh”, como um dia de julgamento de todos os povos. Como esse dia está atualmente associado, a nosso ver impropriamente, ao final dos tempos, devemos colocar os textos que fazem referência a esse dia. Tentaremos colocá-los não na ordem bíblica, mas na ordem, também, do ministério de cada um dos profetas. Para isso, tomamos como base a Bíblia de Jerusalém, que nos traz a evolução do conceito sobre esse dia:

“Israel, confiante em sua prerrogativa de povo escolhido (Dt 7,6+), espera intervenção de Deus, que só pode ser favorável. O profeta opõe a este esperado ‘Dia de Iahweh’ a concepção profética do ‘Dia de Iahweh’, dia de ira (Sf 1,15; Ez 22,24; Lm 2,22) contra Israel endurecido em seu pecado: trevas, lágrimas, massacres, terror (Am 5,18-20); 2,16; 8,9-10.13; Is 2,6-21; Jr 30,5-7; Sf 9,14-18, cf. Jl 1,15-20; 2,1-11). Todos esses textos mostram a ameaça de invasão devastadora (assírios, caldeus). Durante o exílio, o ‘Dia de Iahweh’ torna-se objeto de esperança; a ira de Deus volta-se contra todos os opressores de Israel: Ab 15; Babilônia: Is 13,6.9; Jr 50,27; 51,2; Lm 1,21: Egito: Is 19,16; Jr 46,10.21; Ez 30,2; Filistéia: Jr 47,4; Edom: Is 34,8; 63,4. Este dia marca, portanto, a restauração de Israel, já em 9,11, também em Is 11,11; 12,1; 30,26; cf. Jl 3, 4; 4,1. Depois do exílio, o ‘Dia de Iahweh’ tende a tornar-se “julgamento” que assegura o triunfo dos justos e a ruína dos pecadores (Ml 3,19-23; Jó 21,20: Pr 11,4) em perspectiva claramente universalista (Is 26,20-27,1; 33,10-16. Cf. tb. Mt 24,1+) – Sobre os sinais cósmicos que acompanham o Dia de Iahweh (cf. Am 8,9+)”.

Vejamos, então os textos:

Amós 5,18-20: 18.Ai dos que vivem suspirando pelo Dia de Javé! Como será para vocês o Dia de Javé? Será trevas, e não luz. 19. Será como o indivíduo que foge do leão e topa com o urso; ou como a pessoa que, entrando em casa, apóia a mão na parede e é mordido pela cobra. 20. Pois o Dia de Javé, por acaso não será trevas, ao invés de luz, escuridão sem claridade alguma?

As informações que levantamos sobre esse profeta nos dizem que se trata apenas da realidade em que viviam. Contam-nos [1] que:

“Amós era pastor em Técua, nos limites do deserto de Judá; alheio às confrarias de profetas, foi tomado por Iahweh de trás do seu rebanho e enviado a profetizar a Israel. Após um curto ministério que teve como ambiente principal o santuário cismático de Betel e foi exercido provavelmente também em Samaria, foi ele expulso de Israel e retomou suas ocupações anteriores”.

“Prega no reinado de Jeroboão II (783-743), época gloriosa, humanamente falando, em que o reino do Norte se estende e se enriquece, mas na qual o luxo dos grandes insulta a miséria dos oprimidos, e na qual o esplendor do culto disfarça a ausência de uma religião verdadeira. Com a rudeza simples e altiva e com a riqueza de imagens dum homem do campo, Amós condena em nome de Deus a vida corrupta das cidades, as injustiças sociais, a falsa segurança posta em ritos, nos quais a alma não se compromete. Iahweh, soberano Senhor do mundo, que castiga todas as nações, punirá duramente a Israel, obrigado por sua eleição a uma justiça moral maior. O “Dia de Iahweh” (a expressão aparece aqui pela primeira vez) será trevas e não luz, a vingança será terrível, executada por um povo que Deus chama; trata-se da Assíria, que não é mencionada, mas ocupa o horizonte do profeta. Todavia Amós abre uma pequena esperança, a perspectiva duma salvação para a casa de Jacó, para o “resto” de José (5,15: primeiro uso profético deste termo)”.

Assim, podemos perceber que o “Dia de Iahweh” era o julgamento do povo hebreu que Deus fazia àquela época, não se refere, portanto, a nenhum julgamento futuro, para o fim dos tempos.

Isaías 2,1-5: 1. Visão de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém: 2. No final dos tempos, o monte do Templo de Javé estará firmemente plantado no mais alto dos montes, e será mais alto que as colinas. Para lá correrão todas as nações. 3. Para lá irão muitos povos, dizendo: "Venham! Vamos subir à montanha de Javé, vamos ao Templo do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos, e possamos caminhar em suas veredas". Pois de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra de Javé. 4. Então ele julgará as nações e será o árbitro de povos numerosos. De suas espadas eles fabricarão enxadas, e de suas lanças farão foices. Nenhuma nação pegará em armas contra outra, e ninguém mais vai se treinar para a guerra. 5. Venha, casa de Jacó: vamos caminhar à luz de Javé.

Lemos[2] a seguinte explicação: “O profeta Isaías nasceu por volta de 765 a.C. Em 740, ano da morte do rei Ozias, ele recebeu, no Templo de Jerusalém, sua vocação profética, a missão de anunciar a ruína de Israel e Judá como castigo das infidelidades do povo. Exerceu o ministério durante 40 anos, dominados pela ameaça crescente que a Assíria fazia pesar sobre Israel e Judá”.

Em outras palavras, também, é fato da época, não sendo, portando, para o futuro. Muitas vezes buscam relacionar esse tempo como: “todo o período do N.T., desde a vinda do cristo até o fim do mundo, é chamado na S. Escritura ‘os últimos dias’ porque depois dele não virá outro tempo mas só a eternidade” (Bíblia Sagrada Editora Barsa). Ora, isso foge completamente do contexto, numa interpretação dirigida para um objetivo traçado, ou seja, julgamento final, quando ocorrer o fim do mundo.

Miquéias 4,1-3: 1. Nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa de Javé ficará firme no topo das montanhas e se elevará acima das colinas. Para lá correrão os povos 2. e até lá irão numerosas nações, dizendo: "Vamos correndo para o monte de Javé, para o Templo do Deus de Jacó; aí aprenderemos seus caminhos, para seguirmos os seus rumos." Porque de Sião sairá a lei e de Jerusalém virá a palavra de Javé! 3. Ele será o juiz da multidão dos povos, e dará sentença para as nações poderosas, até para as mais distantes. De suas espadas vão fazer enxadas, e de suas lanças farão foices. Um povo não vai mais pegar em armas contra outro, nunca mais aprenderão a fazer guerra.

Coerentemente nos informam que: “Estes três versículos encontram-se quase textualmente em Is 2,2ss” (Bíblia Sagrada – Editora Ave-Maria).

Mas para reforçar, colocamos[3] em complemento aos nossos argumentos o seguinte:

“Exerceu sua atividade durante os reinados de Acaz e Ezequias, isto é, antes e depois da tomada de Samaria em 721 e talvez até da invasão de Senaquerib em 701. Foi, portanto, em parte, contemporâneo de Oséias e, por mais tempo, de Isaías”.

“Nada sabemos da vida de Miquéias, nem como ele foi chamado por Deus. Mas tinha viva consciência de sua vocação profética e é por isso que, à diferença dos pseudo-inspirados, anuncia com segurança a desgraça. É portador da palavra de Deus a qual é antes de tudo uma condenação. Iahweh instaura o processo do seu povo e acha-o culpado: pecados religiosos, sem dúvida, mas sobretudo faltas morais, e Miquéias fustiga os ricos açambarcadores, os credores sem compaixão, os comerciantes fraudulentos, as famílias divididas, os sacerdotes e os profetas gananciosos, os chefes tirânicos e os juízes venais. ... O castigo está decidido: no meio duma catástrofe mundial, Iahweh virá julgar e punir seu povo; anunciar-se a ruína de Samaria, a das cidades da Planície em que vive Miquéias, e até mesmo a ruína de Jerusalém, que se transformará num montão de escombros”.

Portanto, as preocupações de Miquéias estão relacionadas aos acontecimentos do seu dia-a-dia, não se refere, a uma profecia para dias futuros.

Sofonias 1,2-4: 2. Eu vou acabar com tudo o que existe sobre a face da terra - oráculo de Javé. 3. Acabarei com homens e animais, acabarei com as aves do céu e os peixes do mar; destruirei os ímpios. Eliminarei o ser humano da face da terra - oráculo de Javé. 4. Estenderei minha mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém. Eliminarei desse lugar o que sobrou do deus Baal, e o nome dos seus sacerdotes com os seus ajudantes.

Sofonias 1,14-18: 14. Está próximo o grandioso Dia de Javé. Está próximo e avança com grande rapidez. Ouve-se um grito: "É amargo o Dia de Javé!" Nesse dia, o valente grita de medo. 15. Será um dia de cólera, esse dia; um dia de angústia e aflição, dia de devastação e ruína, dia de trevas e escuridão, dia nublado e tenebroso, 16. dia da trombeta e do grito de guerra contra os castelos fortificados e contra as torres da muralha. 17. Atormentarei os homens, de tal modo que andem como cegos, porque pecaram contra Javé; o sangue deles se derramará como poeira e suas vísceras como esterco. 18. Nem sua prata nem seu ouro serão capazes de livrá-los. No dia da cólera de Javé, ele incendiará a terra inteira no fogo da sua indignação. Sim, ele acabará exterminando todos os habitantes da terra.

Explicam-nos[4] que: “De acordo com o título do seu livro, Sofonias profetizou no tempo de Josias (640-609). Seus ataques contra as modas estrangeiras e os cultos dos falsos deuses, suas repreensões aos ministros e seu silêncio a respeito do rei indicam que ele pregou antes da reforma religiosa e durante a menoridade de Josías, entre 640 e 630, ou seja, imediatamente antes de começar o ministério de Jeremias. Judá, privado por Senaquerib de uma parte de seu território, viveu sob o domínio assírio e os reinados ímpios de Manasses e de Amon favoreceram a desordem religiosa. Mas o enfraquecimento da Assíria suscita agora a esperança de restauração nacional, que será acompanhada de reforma religiosa”.

“A mensagem de Sofonias resume-se num anúncio do Dia de Iahweh (ver Amós), catástrofe que atingirá tanto as nações como Judá, condenado por suas faltas religiosas e morais, inspiradas pelo orgulho e pela revolta. ... O castigo das nações é uma advertência, que deveria reconduzir o povo à obediência e à humildade, e a salvação só é prometida a um “resto” humilde e modesto”.

Novamente, o assunto está relacionado à realidade em que vivem, não sendo, portanto, para nenhum evento futuro relacionado com o fim dos tempos.

Ezequiel 7,1-11: 1. Recebi uma mensagem de Javé, que dizia: 2. "Criatura humana, diga: Assim diz o Senhor Javé para a terra de Israel: Chegou o fim! O fim para os quatro cantos do país. 3. É agora o seu fim! Vou derramar a minha ira contra você, vou julgá-la de acordo com o seu comportamento e pedir contas de todas as suas abominações. 4. Não terei compaixão, nem a perdoarei. Ao contrário, farei cair o seu próprio comportamento sobre você e suas abominações estarão bem no seu meio. Então vocês ficarão sabendo que eu sou Javé. 5. Assim diz o Senhor Javé: Vem chegando uma desgraça depois da outra. 6. O fim chegou! Chegou o fim! Ele desperta contra você, já está chegando. 7. A sua sorte foi lançada, habitante do país. Chegou a hora, o dia está próximo! Nos montes haverá ruínas, e não alegria. 8. Num instante, vou derramar a minha ira e desafogar a minha cólera contra você. Vou julgá-la de acordo com seu comportamento, e pedir contas de todas as suas abominações. 9. Não terei compaixão, nem a perdoarei. Ao contrário, farei cair o seu próprio comportamento sobre você, e suas abominações estarão bem no seu meio. Então vocês ficarão sabendo que eu sou Javé, aquele que fere. 10. O dia está próximo, já está chegando! Chegou a sua vez! A injustiça floresce, amadurece a insolência 11. e triunfa a violência, que é cetro do injusto! Sem demora e sem atraso, 12. chega a hora, o dia se aproxima. ...”.

Segundo nos informam, Ezequiel “exerceu toda a sua atividade no meio dos exilados de Babilônia entre 593 e 571, que são as datas extremas apresentadas pelo texto” [5].

Especificamente quanto ao conteúdo do texto[6] encontramos: “Neste oráculo Ezequiel se dirige à “terra de Israel” (v. 1), isto é, a toda a população do país. O tema geral é o do “Dia do Senhor”, que está às portas. Neste dia o Senhor julgará o seu povo e porá fim a existência do reino de Judá, destruindo Jerusalém (v. 14-27). O texto hebraico está mal conservado”.

Realmente, trata-se, mais uma vez, de situação relacionada aos acontecimentos daquela época, sem qualquer conotação de profecia para o fim dos tempos.

Zacarias 14,3-9: 1. Eis que um dia virá para Javé, quando no meio de vocês serão repartidos os seus despojos. 2. Eu reunirei todas as nações para uma guerra contra Jerusalém. A cidade será tomada pelo inimigo; as casas serão saqueadas; as mulheres, violentadas; a metade da cidade irá para o exílio, e apenas um resto do povo não será retirado da cidade. 3. Então Javé sairá para guerrear contra essas nações, como quando combate no dia da batalha. 4. Nesse dia, os pés dele estarão no monte das Oliveiras, que fica em frente a Jerusalém, do lado do nascente. O monte das Oliveiras vai rachar-se ao meio, formando um vale enorme no sentido do nascente para o poente. Metade do monte se desviará para o norte e a outra metade para o sul. 5. Os vales de minhas montanhas serão enchidos, e os vales das montanhas serão fechados até Jasol; ele será enchido como por ocasião daquele terremoto no tempo de Ozias, rei de Judá. Então virá Javé meu Deus e todos os santos com ele. 6. Nesse dia, não haverá mais luz, nem frio nem gelo. 7. Será um dia único (Javé o conhece). Não haverá mais dia e noite, mas ao entardecer a luz brilhará. 8. Nesse dia, águas vivas sairão de Jerusalém. Metade correrá para o mar do lado nascente e metade para o mar do lado poente, tanto no verão como no inverno. 9. Então Javé será o rei de toda a terra. Nesse dia, Javé será único, e único será o seu nome.

A análise do livro de Zacarias é complexa, pois tendo sido ele contemporâneo de Ageu (520 a.C), como poderia ter escrito “a segunda parte do livro, formada pelos capítulos 9-14, que foi escrita no período em que os gregos dominavam a Palestina, depois da grande campanha de Alexandre Magno (333 a.C)”[7]? O que nos coloca em uma situação bem semelhante a outras em que o povo hebreu se encontrava sob domínio, ou na eminência de ser dominado por outro povo. O que nos leva a concluir que, também aqui, a situação é a do dia-a-dia dos hebreus.

Malaquias 3,1-5: 1. Vejam! Estou mandando o meu mensageiro para preparar o caminho à minha frente. De repente, vai chegar ao seu Templo o Senhor que vocês procuram, o mensageiro da Aliança que vocês desejam. Olhem! Ele vem! - diz Javé dos exércitos. 2. Quem poderá suportar o dia de sua vinda? Quem poderá ficar em pé quando ele aparecer? Pois ele é como o fogo do fundidor, é como o sabão das lavadeiras. 3. Ele vai sentar-se como aquele que refina a prata: vai refinar e purificar os filhos de Levi, como ouro e prata, para que possam apresentar a Javé uma oferta que seja de acordo com a justiça. 4. Então, como nos tempos antigos, como nos anos passados, a oferta de Judá e Jerusalém será agradável a Javé. 5. Eu virei até vocês para fazer um julgamento: serei uma testemunha atenta contra os feiticeiros e contra os adúlteros, contra todos os que juram falso, que roubam o salário do operário, contra os opressores da viúva e do órfão e contra os que violam o direito do estrangeiro. Esses não me temem! - diz Javé dos exércitos.

Malaquias 3,22-25: 22. Lembrem-se da Lei do meu servo Moisés, que eu mesmo lhe dei no monte Horeb, estatutos e normas para todo o Israel. 23. Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grandioso e terrível Dia de Javé. 24. Ele há de fazer que o coração dos pais voltem para os filhos e o coração dos filhos para os pais; e assim, quando eu vier, não condenarei o país à destruição total.

São as seguintes as explicações[8] que encontramos:

“Compõe-se de seis trechos construídos conforme um mesmo tipo: Iahweh, ou seu profeta, lança uma afirmação, que é discutida pelo povo ou pelos sacerdotes e que é desenvolvida num discurso em que se juntam ameaças e promessas de salvação. Há dois grandes temas: as faltas cultuais dos sacerdotes e também dos fiéis, o escândalo dos matrimônios mistos e dos divórcios. O profeta anuncia o Dia de Iahweh, que purificará os membros do sacerdócio, devorará os maus e assegurará o triunfo dos justos. ...”.

“O conteúdo do livro permite determinar-lhe a data: é posterior ao restabelecimento do culto no Templo reconstruído (515) e anterior à proibição dos matrimônios mistos no tempo de Neemias (445), provavelmente bastante próximo desta última data”.

Novamente se confirma o que estamos percebendo desde o começo dessa análise, não houve nenhum caso em que o profeta tenha lançando suas preocupações para um futuro longínquo, pois suas vistas estavam sempre próximas dos acontecimentos.

Joel 3,1-5: 1. Depois disso, derramarei o meu espírito sobre todos os viventes, e os filhos e filhas de vocês se tornarão profetas; entre vocês, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões! 2. Nesses dias, até sobre os escravos e escravas derramarei o meu espírito! 3. Farei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. 4. O sol vai se mudar em trevas, e a lua em sangue, diante da chegada do Dia de Javé, grandioso e terrível! 5. Então, todo aquele que invocar o nome de Javé será salvo, pois a salvação estará no monte Sião e em Jerusalém - como disse Javé - e entre os sobreviventes estarão aqueles que Javé tiver chamado.

Joel 4,1-2: 1. Nesses dias, nesse tempo, eu vou mudar a sorte de Judá e Jerusalém; 2. vou reunir todas as nações do mundo e fazê-las descer ao vale de Josafá. Aí abrirei um processo contra elas, por causa de Israel, que é meu povo e minha propriedade. Pois elas espalharam Israel entre as nações e repartiram entre si a minha terra.

Joel 4,9-12: 9. Proclamem isto entre as nações: Preparem uma guerra santa, alistem soldados; venham, avancem todos os guerreiros! 10. Transformem seus arados em espadas, e as foices em lanças! Diga o covarde: "Eu sou um soldado!" 11. Corram, venham todas as nações vizinhas e se reúnam aí. Javé, manda os teus soldados lá do alto. 12. Venham, nações, e subam ao vale de Josafá, porque eu me sentarei aí para julgar todas as nações vizinhas.

Apresentam-nos[9] o seguinte:

“O livro de Joel divide-se naturalmente em duas partes. Na primeira, uma invasão de gafanhotos, que assola Judá, provoca uma liturgia de luto e súplica; Iahweh responde prometendo o fim da praga e a volta da abundância. A segunda parte descreve em estilo apocalíptico o julgamento das nações e a vitória definitiva de Iahweh e de Israel. A unidade entre as duas partes é assegurada pela referência ao Dia de Iahweh, que é propriamente o tema dos cap. 3-4, mas que aparece já em 1,15; 2,1-2.10-11. Os gafanhotos são o exército de Iahweh, lançado para executar seu julgamento, um Dia de Iahweh, do qual a pessoa pode ser salva pela penitência e pela oração; a praga torna-se o tipo do grande julgamento final, o Dia de Iahweh, que inaugurará os tempos escatológicos. ... A maioria dos exegetas opta pelo período pós-exílico, pelos seguintes argumentos: ausência de referência a um rei, alusões ao Exílio, mas também ao Templo reconstruído, contatos com o Deuteronômio e os profetas posteriores, Ezequiel, Sofonias, Malaquias, Abdias, citando em 3,5. O livro teria sido composto cerca do ano 400 a.C.”.

Não resta dúvida que também o profeta Joel tinha suas preocupações sobre os acontecimentos que vivenciava, sem nenhuma preocupação com o fim dos tempos.

Até aqui podemos ver que das passagens que nos poderiam apresentar como relacionadas ao fim dos tempos, ou na linguagem que usam, ao Apocalipse, não são senão situações locais e do dia-a-dia dos judeus. Por alguma coisa que andavam aprontando, Deus prometia castigos e mais castigos. Era, segundo poderíamos dizer, Deus agindo para reconduzir as ovelhas ao Seu aprisco. Não se tratava de exterminar tudo, como alguns textos parecem nos dizer, mas apenas “correções”, para redirecionar o rumo dos acontecimentos de tal forma que, ao final, todo o povo hebreu estaria obedecendo todas as determinações divinas.

Antes de seguirmos em nossa análise, devemos fazer algumas considerações sobre o que acreditam ser os sinais do fim dos tempos, já que se falará nele no Novo Testamento.

Provérbio 13,9: 9.A luz do justo brilha, mas a lâmpada dos perversos se apaga.

Acreditamos que, em função deste provérbio, é que passaram a relacionar o dia de Iahweh com trevas, já que a luz está relacionada a justos. A escuridão, por conseqüência, aos maus. Ora, nesse dia, a ira de Iahweh será descarregada contra os maus.

Isaías 13,9-11: 9. Eis o dia de Iahweh, que vem implacável, e com ele o furor ardente da ira, reduzindo a terra a desolação e dela extirpando os pecadores. 10. Com efeito, as estrelas do céu e Órion não darão a luz. O sol se escurecerá ao nascer, e a lua não dará a sua claridade. 11. Punirei o mundo por causa de sua maldade e os ímpios por causa da sua iniqüidade; porei fim à arrogância dos soberbos, humilharei a altivez dos tiranos.

Nesse oráculo, Isaías está se referindo à Babilônia. Observar que o dia de Iahweh vem precedido de sinais, que trazem trevas (escuridão). É interessante que, nessa narrativa, a impressão que se tem é que tal acontecimento se dará na Terra toda, mas na verdade, é local, contra uma determinada nação.

Ezequiel 30,3.18: 3. Porque o dia está chegando, está chegando o dia de Javé; o tempo das nações será dia de nuvens escuras. 18. Em Táfnis haverá trevas ao meio-dia, quando eu quebrar a opressão do Egito.

Novamente se coloca a questão das trevas, agora, relacionadas ao dia em que Javé voltará contra o Egito.

Ezequiel 32,7-8: 7. Ao morreres, cobrirei os céus e escurecerei as suas estrelas, cobrirei o sol com as nuvens e a lua não dará a sua luz. 8. Escurecerei todos os astros do céu por tua causa e espalharei as trevas sobra a tua terra, oráculo de Iahweh.

Ainda em relação ao Egito, só que agora a fala é para o faraó.

Joel 2,1-2: 1. Toquem a trombeta em Sião; dêem o alarme no meu santo monte. Tremam todos os moradores do país, pois o Dia de Javé está chegando e já está perto. 2. Será dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e de negrume. ...

Joel 4,14-15: 14. Sim, está próximo o dia de Iahweh, no vale da Decisão!15. O sol e a lua se obscurecem e as estrelas perdem o seu brilho

Amós 8,9: 9. Nesse dia – oráculo do Senhor Javé – eu farei o sol se esconder ao meio-dia, e em pleno dia escurecerei a terra; ...

Nessas passagens, o castigo é contra Israel, para os quais também aparecem trevas e escuridão.

Em resumo, podemos perceber claramente que, segundo pensavam, quando Deus estava para fazer alguma coisa que implicasse em destruir um povo - em algumas situações os próprios judeus, em outras, os povos que subjugavam os judeus - , denominavam esse dia de o “Dia de Iahweh”, que traria trevas e escuridão à Terra. Essa imagem é mantida em algumas passagens no Novo Testamento.

Agora podemos entrar na análise do Novo Testamento, onde os textos são mais fáceis de serem entendidos.

No Novo Testamento

Mateus 24,2-8: 2. Jesus respondeu: “Vocês estão vendo tudo isso? Eu garanto a vocês: aqui não ficará pedra sobre pedra; tudo será destruído”. 3. Jesus estava sentado no monte das Oliveiras. Seus discípulos se aproximaram dele em particular, e disseram: “Dize-nos quando vai acontecer isso, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo”. 4. Jesus respondeu: “Cuidado, para que ninguém engane vocês. 5. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Eu sou o Messias'. E enganarão muita gente. 6. Vocês vão ouvir falar de guerras e rumores de guerra. Prestem atenção, e não fiquem assustados, pois essas coisas devem acontecer, mas ainda não é o fim. 7. De fato, uma nação lutará contra outra, e um reino contra outro reino. Haverá fome e terremotos em vários lugares. 8. Mas tudo isso é o começo das dores”.

A explicação que nos oferecem[10], parece-nos, razoável, vejamos: “Jesus anuncia a destruição do Templo de Jerusalém, acontecida no ano 70, e as batalhas que se verificaram entre os anos 66 a 70. O Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido. Jesus salienta que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens”.

Outra informação importante é que “antes do ano 70 d.C., houve aventureiros que se fizeram passar pelo Messias”[11], o que nos reafirma a questão anteriormente colocada.

Esse capítulo de Mateus é especial, por isso iremos até aonde o assunto for, de alguma forma, relacionado ao fim do mundo.

Mateus 24,9-14: 9. Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa do meu nome. 10. E então muitos sucumbirão, haverá traições e guerras intestinas. 11. E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. 12. E pelo crescimento da iniqüidade, o amor de muitos esfriará. 13. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. 13. E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testamento para todas as nações. E então virá o fim.

Ao explicarem essa passagem nos dizem[12]: “Os vv. 9-13 retomam os temas de 10,17-22 (que oferece um paralelo literal de Mc 13,9-13; Lv 21,12-19), mas introduzindo alguns elementos particulares que parecem fazer eco à perseguição dos cristãos em Roma sob Nero, depois do incêndio de 64 (“odiados de todos os povos por causa do meu nome”) e às traições e ódio mútuo entre as próprias vítimas (“o amor de muitos esfriará”); cf. Tácito, Ann XV 44”. Portanto, ainda aqui o tempo se relaciona à época da destruição de Jerusalém.

Com relação à expressão “mundo inteiro”, nos trazem[13] a seguinte elucidação: “O ‘mundo habitado’ (oikoumene), isto é, o mundo greco-romano. É preciso que todos os judeus do Império tenham ouvido a Boa nova (cf. At, 18+; Rm 10,18). O Evangelho atingiu efetivamente todas as partes vitais do Império Romano desde antes da queda do Templo (cf. 1Ts 1,8; Rm 1,5.8; Cl 1,6.23)”. Ora, essa explicação nos remete novamente à época mencionada, não tendo ela, portanto, nada a ver com um tempo futuro, como alguns interpretam que o fim do mundo ocorrerá, quando o Evangelho tiver sido pregado no mundo todo.

Mateus 24,15-22: 15.Quando, portanto, virdes a abominação da desolação, de que fala o profeta Daniel, instalada no lugar santo – que o leitor entenda! – 16. então, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas, 17. aquele que estiver no terraço, não desça para apanhar as coisas da sua casa, 18. e aquele que estiver no campo não volte atrás para apanhar a veste! 19. Ai daquelas que estiverem grávidas e estiverem amamentando naqueles dias! 20. Pedi que a vossa fuga não aconteça no inverno ou num sábado. 21. Pois naquele tempo haverá grande tribulação, tal como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver jamais. 22. E se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados.

Informam-nos[14] sobre essa passagem: “Ao que parece, Daniel designava com essa expressão um altar pagão que Antíoco Epífanes ergueu no Templo de Jerusalém em 168 a.C. (cf. 1Mc 1,54). A aplicação evangélica realizou-se quando a Cidade santa e o seu Templo foram atacados e depois ocupados pelos exércitos gentílicos de Roma (cf. Lc 21,20)”. Essa explicação nos deixa ainda dentro do contexto já mencionado anteriormente.

Mateus 24,29-31.34: 29. Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. 30. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. 31. Ele enviará os seus anjos que, ao som da grande trombeta, reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma extremidade até a outra extremidade do céu. 34. Em verdade vos digo que esta geração não passará sem que tudo isso aconteça.

A seqüência do texto bíblico não poderá ter outra interpretação do que aquela que estamos mostrando, desde o início do cap. 24 (Mateus). Acrescentamos a questão colocada antes a respeito dos “sinais” relacionados a trevas e escuridão, como fato também implícito à destruição de Jerusalém, simbolizada como um julgamento final. Observar que no versículo 34, está dito que “essa geração não passará sem que tudo isso aconteça”, ou seja, reafirmando categoricamente tratar-se mesmo de uma evidência daquela época, não para uma outra época no futuro, relacionada ao fim dos tempos, ou juízo final, como queiram.

Atos 2,14-21: 14. Pedro, então, pondo-se de pé em companhia dos onze, com voz forte lhes disse: “Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. 15. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia. 16. Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel: 17. Acontecerá nos últimos dias – é Deus quem fala -, derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. 18. Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão. 19. Farei aparecer prodígios em cima no céu e milagres embaixo na terra; sangue, fogo e vapor de fumaça. 20. O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. 21. E então, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo” (Joel 3,1-5).

O fenômeno do Pentecostes Pedro interpreta como a realização da profecia de Joel, portanto, mais uma vez, a expressão “nos últimos dias” está sendo aplicada a uma outra situação que não a do fim do mundo.

1 Coríntios 7,29-31: 29. Uma coisa eu digo a vocês, irmãos: o tempo se tornou breve. De agora em diante, aqueles que têm esposa, comportem-se como se não a tivessem; 30. aqueles que choram, como se não chorassem; aqueles que se alegram, como se não se alegrassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; 31. os que tiram partido deste mundo, como se não desfrutassem. Porque a aparência deste mundo é passageira.

Vejamos qual explicação que nos trazem para essa passagem: “Para a Igreja primitiva eram iminentes o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus (vv. 29.31). É nessa perspectiva que podemos compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e à virgindade: se o fim está próximo, para que se casar e ter filhos? Na visão de Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como maneira de empenhar-se totalmente ao testemunho do Evangelho. Jesus já destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas sem o impor (Cf. Mt 19,10-12)” [15]. Aqui temos confirmado que para a Igreja primitiva, o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus eram eminentes, ou seja, estavam para se realizar quase que imediatamente, não tendo, portanto, nenhuma idéia de qualquer coisa para um futuro longínquo e incerto.

1 Coríntios 10,9-12: 9. Não tentemos ao Senhor, como alguns deles tentaram, e morreram vitimados pelas serpentes. 10. Não murmurem, como alguns deles murmuraram, e pereceram em mãos do anjo exterminador. 11. Tais coisas aconteceram a eles como exemplo, e foram escritas para nossa instrução, a nós que vivemos no fim dos tempos. 12. Portanto, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair.

Nessa passagem confirma-se a explicação dada na anterior, quando Paulo diz: “a nós que vivemos no fim dos tempos”. Ora, isso reafirma, pela enésima vez, que não se trata de acontecimentos futuros longínquos.

1 Tessalonicenses 3,12-13:12. Que o Senhor os faça crescer e aumentar no amor mútuo e para com todos, assim como é o nosso amor para com vocês, 13. a fim de que o coração de vocês permaneça firme e irrepreensível na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.

1 Tessalonicenses 4,15-17: 15. Eis o que declaramos a vocês, baseando-nos na palavra do Senhor: nós, que ainda estaremos vivos por ocasião da vinda do Senhor, não teremos nenhuma vantagem sobre aqueles que já tiverem morrido. 16. De fato, a uma ordem, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do céu. Então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17. depois nós, os vivos, que estivermos ainda na terra, seremos arrebatados junto com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. E então estaremos para sempre com o Senhor.

Essas duas passagens, também, confirmam a explicação de que esperavam a vinda gloriosa de Jesus para aqueles tempos, diferente do que nos passam, quando falam de que seria para um tempo futuro.

1 Tessalonicenses 5,1-3: 1. No que diz respeito ao tempo e circunstâncias, não preciso escrever nada para vocês, irmãos. 2. Vocês já sabem que o dia do Senhor chegará como ladrão à noite. 3. Quando as pessoas disserem: "Estamos em paz e segurança", então de repente a ruína cairá sobre elas, como dores do parto para a mulher grávida, e não conseguirão escapar.

2 Tessalonicenses 2,1-12: 1. Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com ele, pedimos a vocês o seguinte: 2. não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração, palavra, ou carta atribuída a nós. 3. Não se deixem enganar de nenhum modo! Primeiro deverá chegar a apostasia. Depois aparecerá o homem ímpio, o filho da perdição: 4. ele é o adversário que se opõe e se levanta contra todo ser que se chama Deus ou é adorado, chegando até mesmo a sentar-se no templo de Deus e a proclamar-se Deus. 5. Não se lembram de que eu já dizia essas coisas quando estava com vocês? 6. E agora vocês já sabem o que está impedindo a manifestação do adversário, que acontecerá no tempo certo. 7. O mistério da impiedade já está agindo. Falta apenas desaparecer aquele que o segura até agora. 8. Só então se manifestará o ímpio. O Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o esplendor da sua vinda. 9. A vinda do ímpio vai acontecer graças ao poder de Satanás, com todo tipo de falsos milagres, sinais e prodígios, 10. e com toda a sedução que a injustiça exerce sobre os que se perdem, por não se terem aberto ao amor da verdade, amor que os teria salvo. 11. Por isso Deus manda o poder da sedução agir neles, para que acreditem na mentira. 12. Desse modo serão condenados todos os que não acreditaram na verdade, mas preferiram permanecer na injustiça.

Aqui Paulo está agindo como aqueles que fixam o fim do mundo para um determinado dia e como não acontece, mudam a data. Em relação às passagens anteriores ele está sendo contraditório, ou, quem sabe, não mudaram o sentido de suas palavras pela necessidade de justificar algum dogma?

1 Timóteo 4,1-5: 1. O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns renegarão a fé, para dar atenção a espíritos sedutores e a doutrinas demoníacas. 2. Serão seduzidos por homens hipócritas e mentirosos, que têm a própria consciência como que marcada a ferro quente. 3. Eles proibirão o casamento, exigirão abstinência de certos alimentos, embora Deus tenha criado essas coisas para serem recebidas com ação de graças por aqueles que têm fé e conhecem a verdade. 4. De fato, tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível se tomado com ação de graças, 5. porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração.

Embora as tentativas de colocarem “os últimos tempos” para um tempo futuro, considerando o que vimos anteriormente, não vemos razão para tal atitude. Por isso, parece-nos que tudo aqui também não contraria ao que já vimos.

Hebreus 1,1-2: 1. Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. 2. No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho. Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas e, por meio dele, também criou os mundos.

Hebreus 9,24-26: 24. De fato, Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro santuário; ele entrou no próprio céu, a fim de apresentar-se agora diante de Deus em nosso favor. 25. Ele não teve que se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que todos os anos entra no santuário com sangue que não é seu. 26. Se assim fosse, ele deveria ter sofrido muitas vezes desde a criação do mundo. Entretanto, ele se manifestou uma vez por todas no fim dos tempos, abolindo o pecado pelo sacrifício de si mesmo.

Hebreus 10,22-25: 22. Aproximemo-nos, pois, de coração sincero, cheios de fé, com o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água pura. 23. Sem vacilar, mantenhamos a profissão da nossa esperança, pois aquele que fez a promessa é fiel. 24. Tenhamos consideração uns com os outros, para nos estimular no amor e nas boas obras. 25. Não deixemos de freqüentar as nossas reuniões, como alguns costumam deixar. Ao contrário, procuremos animar-nos sempre mais, principalmente agora que vocês estão vendo como se aproxima o Dia do Senhor.

O autor de Hebreus pensa que está se aproximando o fim dos tempos, o Dia do Senhor, não traz nada diferente do que pressupunham, naquela época, a respeito desse assunto.

Tiago 5,7-10: 7. Irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Olhem o agricultor: ele espera pacientemente o fruto precioso da terra, até receber a chuva do outono e da primavera. 8. Sejam pacientes vocês também; fortaleçam os corações, pois a vinda do Senhor está próxima. 9. Irmãos, não se queixem uns dos outros, para não serem julgados. Vejam: o juiz está às portas. 10. Irmãos, tomem como exemplo de sofrimento e paciência os profetas que falam em nome do Senhor.

Tiago, também, não foge à regra do que se pensava naqueles dias.

1 Pedro 1,3-5: 3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo por sua grande misericórdia. Ressuscitando a Jesus Cristo dos mortos, ele nos fez renascer para uma esperança viva, 4. para uma herança que não se corrompe, não se mancha e não murcha. Essa herança está reservada no céu para vocês 5. que, graças à fé, estão guardados pela força de Deus para a salvação que está prestes a revelar-se no final dos tempos.

1 Pedro 1,19-20: 19. Vocês foram resgatados pelo precioso sangue de Cristo, como o de um cordeiro sem defeito e sem mancha. 20. Ele era conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado no fim dos tempos por causa de vocês.

1 Pedro 4,4-7: 4. Agora, os outros estranham que vocês não se entreguem à mesma torrente de perdição e por isso os cobrem de insultos; 5. mas eles terão de prestar contas disso àquele que em breve há de julgar os vivos e os mortos. 6. Por que o Evangelho foi anunciado também aos mortos? A fim de que eles vivam pelo Espírito a vida de Deus, depois de receberem, na sua carne mortal, a sentença comum a todos os homens. 7. O fim de todas as coisas está próximo. Sejam, portanto, moderados e sóbrios, para se dedicarem à oração.

Especificamente sobre essa epístola de Pedro dizem-nos[16]: “Em todo o capítulo 4 transparece a mentalidade apocalíptica, isto é, a convicção de que se aproxima do fim dos tempos (v.7), quando se dará a luta final entre o bem e o mal, a vitória definitiva do bem e o julgamento de Deus sobre os homens. Essa expectativa provoca a firme resistência daqueles que são perseguidos por não quererem se deixar levar pelo mal. Eles se engajam na luta pelo bem, para poderem participar da vitória final e se apresentar como testemunhas fiéis no julgamento. Para os cristãos, essa última etapa da história se iniciou com a ressurreição de Cristo”.

2 Pedro 3,9-13: 9. O Senhor não demora para cumprir o que prometeu, como alguns pensam, achando que há demora; é que Deus tem paciência com vocês, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem a se converter. 10. O Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus se dissolverão com estrondo, os elementos se derreterão, devorados pelas chamas, e a terra desaparecerá com tudo o que nela se faz. 11. Em vista dessa desintegração universal, qual não deve ser a santidade de vida e piedade de vocês, 12. enquanto esperam e apressam a vinda do Dia de Deus? Nesse dia, ardendo em chamas, os céus se dissolverão, e os elementos se fundirão consumidos pelo fogo. 13. O que nós esperamos, conforme a promessa dele, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça.

Pedro continua com seu ponto de vista de que tudo está para acontecer brevemente.

Apocalipse

Faremos em destaque os comentários sobre o livro do Apocalipse, pois são as passagens desse livro que mais usam para dizer sobre o fim do mundo.

“O Apocalipse é de compreensão difícil, porque o autor faz largo uso de imagens, símbolos, figuras e números misteriosos. Isso pode ser facilmente entendido, quando vemos que o livro nasce dentro de uma situação difícil: o povo de Deus está sendo oprimido, perseguido e vigiado pelas estruturas de poder. Em tais circunstâncias não se pode falar claro principalmente porque o autor pretende mostrar a situação real e traçar uma estratégia de resistência e ação. As comunidades a que ele se dirige entendem essa linguagem, pois estão familiarizadas com o Antigo Testamento, onde o autor vai buscar os símbolos”[17], é o que nos trazem na introdução a esse livro.

Para não deixar nenhuma margem a duvidas, colocaremos mais uma explicação[18]:

“... é indispensável, para bem compreender o Apocalipse, reinserí-lo no ambiente histórico que lhe deu origem: um período de perturbações e de violentas perseguições contra a Igreja nascente. Pois, do mesmo modo que os apocalipses que o procederam (especialmente o de Daniel) e nos quais manifestamente se inspira, é escrito de circunstância, destinado a reerguer e a robustecer o ânimo dos cristãos, escandalizados, sem dúvida, pelo fato de que perseguição tão violenta se tenha desencadeado contra a Igreja daquele que afirmara: ‘Não temais, eu venci o mundo’ (Jo 16,33). Para levar a efeito seu plano, João retoma os grandes temas proféticos tradicionais, especialmente o do ‘Grande Dia” de Iahweh (cf. Am 5,18+): ao povo santo, escravizado sob o jugo dos assírios, dos caldeus e dos gregos, dispersado e quase destruído pela perseguição, os profetas anunciavam o dia da salvação, que estava próximo e no qual Deus viria libertar o seu povo das mãos dos opressores, devolvendo-lhes não apenas a liberdade, mas também poderio e domínio sobre seus inimigos, que seriam por sua vez castigados e quase destruídos. No momento em que João escreve, a Igreja, o novo povo eleito, acaba de ser dizimada por sangrenta perseguição (13; 6,10-11; 16,6; 17,6), desencadeada por Roma e pelo império romano (a Besta), mas por instigação de Satanás (12; 13,2-4), o Adversário por excelência de Cristo e de seu povo. A visão inaugural descreve a majestade de Deus que reina no céu, senhor absoluto dos destinos humanos (4) e que entrega ao Cordeiro o livro que contém o decreto de extermínio dos perseguidores (5); a visão prossegue com o anúncio da invasão de povos bárbaros (os partos), com seu tradicional cortejo de males: guerra, fome e peste (6). Os fiéis de Deus, porém, serão preservados (7,1-8; cf. 14,1-5), à espera de gozarem no céu, de seu triunfo (7,9-17; cf. 15,1-5). Entretanto, Deus, que quer a salvação dos pecadores, não os destruirá imediatamente, mas lhes enviará uma série de pragas para adverti-los, como fizera contra o faraó e os egípcios (8-9); cf. 16). Esforço inútil: por causa de seu endurecimento, Deus destruirá os ímpios perseguidores (17), que procuravam corromper a terra, induzindo-a a adorar Satanás (alusão ao culto dos imperadores da Roma gentílica); seguem-se uma lamentação sobre Babilônia (Roma) destruída (18) e cantos de triunfo no céu (19,1-10). Nova visão retoma o tema da destruição da Besta (Roma perseguidora), realizada desta vez por Cristo glorioso (19,11-21). Então inicia-se um período de prosperidade para a Igreja (20,1-6), que terminará com novo assalto de Satanás contra ela (20,7s), o aniquilamento do Inimigo, a ressurreição dos mortos e o seu julgamento (20,11-15) e finalmente o estabelecimento definitivo do Reino celeste, na alegria perfeita, depois de aniquilar a morte (21,1-8). A visão retrospectiva descreve o estado de perfeição da nova Jerusalém durante o seu reinado sobre a terra (21,9s)”.

“Esta é a interpretação histórica do Apocalipse, seu sentido primeiro e fundamental. ...”

Vejamos, então, passagens desse livro que tratam do assunto que estamos estudando.

Apocalipse 1,1-11: 1. Esta é a revelação de Jesus Cristo: Deus a concedeu a Jesus, para ele mostrar aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em breve. Deus enviou ao seu servo João o Anjo, que lhe mostrou estas coisas através de sinais. 2. João testemunha que tudo quanto viu é Palavra de Deus e Testemunho de Jesus Cristo. 3. Feliz aquele que lê e aqueles que escutam as palavras desta profecia, se praticarem o que nela está escrito. Pois o tempo está próximo. 4. João às sete igrejas que estão na região da Ásia. Desejo a vocês a graça e a paz da parte daquele-que-é, que-era e que-vem; da parte dos sete Espíritos que estão diante do trono de Deus; 5. e da parte de Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primeiro a ressuscitar dos mortos, o Chefe dos reis da terra. A Jesus, que nos ama e nos libertou de nossos pecados por meio do seu sangue, 6. e que fez de nós um reino, sacerdotes para Deus, seu Pai - a Jesus, a glória e o poder para sempre. Amém. 7. Ele vem com as nuvens; e o mundo todo o verá, até mesmo aqueles que o transpassaram. E todos os povos do mundo baterão no peito por causa dele. É isso mesmo! Assim seja! 8. Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele-que-é, que-era e que-vem, o Deus Todo-poderoso. 9. Eu, João, irmão e companheiro de vocês neste tempo de tribulação, na realeza e na perseverança em Jesus, eu estava exilado na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. 10. No dia do Senhor, o Espírito tomou conta de mim. E atrás de mim ouvi uma voz forte como trombeta, que dizia: 11. “Escreva num livro tudo o que você está vendo. Depois mande para as sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia”.

Em explicação a essa passagem, coloca-nos[19]: “O Apocalipse é um livro lido e explicado nas reuniões das comunidades cristãs. Seu conteúdo é urgente, porque com a morte e ressurreição de Jesus a história está chegando ao fim e Deus vai julgar e implantar o seu Reino. A missão de João é a de todos os cristãos: profetizar, anunciando a Palavra de Deus e continuando o testemunho de Jesus Cristo”. Reafirmando o que nos colocaram no contexto geral.

Apocalipse 19,11-21: 11. Vi então o céu aberto: eis que apareceu um cavalo branco, cujo montador se chama “Fiel” e “Verdadeiro”; ele julga e combate com justiça. 12. Seus olhos são chama de fogo; sobre sua cabeça há muitos diademas, e traz escrito um nome que ninguém conhece, exceto ele; 13. veste um manto embebido de sangue, e o nome com que é chamado é Verbo de Deus. 14. Os exércitos do céu acompanham-no em cavalos brancos, vestidos com linho de brancura resplandecente. 15. Da sua boca sai uma espada afiada para com ela ferir as nações. Ele é quem as apascentará com um cetro de ferro. Ele é quem pisa o lagar do vinho do furor da ira de Deus, o Todo-poderoso. 16. Um nome está escrito sobre seu manto e sobre sua coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores. 17. Vi depois um Anjo que, de pé no sol, gritou em alta voz a todas as aves que voavam no meio do céu: “Vinde, reuni-vos para o grande banquete de Deus, 18. para comer carnes de reis, carnes de capitães, carnes de poderosos, carnes de cavalos e cavaleiros, carnes de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes”. 19. Vi então a Besta reunida com os reis da terra e seus exércitos para guerrear contra o Cavaleiro e seu exército. 20. A Besta, porém, foi capturada juntamente com o falso profeta, o qual, em presença da Besta, tinha realizado sinais com que seduzira os que haviam recebido a marca da Besta e adorado a sua imagem: ambos foram lançados vivos no lago de fogo, que arde com enxofre. 21. Os outros foram mortos pela espada que saía da boca do Cavaleiro. E as aves todas se fartaram com suas carnes.

Já sabemos que alguém poderá falar que aqui, nesta passagem, não se fala nada em fim do mundo. Entretanto, resolvemos colocá-la por dois motivos. Primeiro, para que você confirme que a linguagem desse livro é difícil, totalmente simbólica e figurada. Segundo, a explicação que a Bíblia de Jerusalém traz a essa passagem é que tem a ver com o que estamos falando, cujo título é: “O primeiro combate escatológico”, que explicam[20]: “Eis-nos no fim dos tempos. Depois da queda de Babilônia, profetizada (14,8.14-15) e realizada (16,19-20; 17,12-14), Cristo fiel (3,14+) cumpre o Dia de Iahweh (Am 5,18+), exterminando os inimigos da Igreja. Sua figura (vv. 11-16) inspira-se com as descrições precedentes (12, 5; 14,6-20; 17,14), em diversas profecias”, ou seja, nos informam que estão no fim dos tempos, colocando-o naquela época.

Conclusão

De tudo o que até aqui mostramos, podemos concluir que o “fim dos tempos” já passou, pois, pelas narrativas bíblicas chega-se, facilmente, à conclusão de que esse tempo, na verdade, sempre foi algo próximo à realidade que viviam no momento. Não existe nenhuma passagem da qual possamos dizer que tal evento seja para um futuro longínquo.

Entretanto, parece-nos que ninguém se preocupa com isso, os fiéis apenas seguem o que lhes passaram como “verdade”. Assim, essa visão distorcida vem sendo passada de geração em geração, numa interpretação equivocada, na qual não se encontra o mínimo apoio bíblico. E, achamos que não só nesse fato, mas em muitas outras coisas, que nos vêm sendo transmitidas com base em interpretações, que não correspondem à realidade dos fatos. Seria, pois necessária uma revisão completa e imparcial de toda a base bíblica em que se apóiam as correntes teológicas tradicionais.

O que, sinceramente, achamos muito difícil, pois é mais fácil dar uma de avestruz, enfiando a cabeça no buraco, e fingindo que as coisas não existem, do que modificar pensamentos arraigados, principalmente, porque eles estão relacionados à religiosidade das pessoas. E todo pensamento diferente dos seus, é taxado de heresia, quando não são ditos provenientes de satanás. Como se usar a inteligência de que Deus nos dotou fosse pecado. Pecado, já o dissemos, é não usar a inteligência que Deus nos deu, pois aí estaremos nos comportando como os animais, por não a estarmos usando.

E por falar em heresia, é bom lembrar, aos que irão estranhar a nossa maneira de ver essas coisas, que o maior herético de todos os tempos foi Jesus, pois se insurgiu contra a teologia do seu tempo. Ora, o cristianismo passou a existir justamente por esse motivo, ou seja, pela heresia de Jesus. Por isso nos sentimos confortados por seguir o seu exemplo, não nos causando a mínima preocupação se o que estamos dizendo possa irritar os fanáticos. Só podemos acrescentar que quem está com a verdade não se intimida com pensamentos contrários, entretanto, os que estão contra ela, com certeza, irão vociferar dizendo: “isso é obra de satanás”. Parafraseando o nosso mestre Maior, diremos: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que falam”.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Junho/2003.

Bibliografia:

  • A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994.
  • Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68a. Edição;
  • Bíblia Sagrada, Edição Barsa, Catholic Press, 1965.
  • Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Paulus Editora, São Paulo, SP, 43ª. impressão, 2001;
  • Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 37a. Edição, 1980;
  • Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, 1989, 8a. Edição;
  • Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, 2002, nova edição, revista e ampliada;
  • Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984

[1] Bíblia de Jerusalém, págs. 1246 e 1247.
[2] Bíblia de Jerusalém, págs. 1237 a 1239.
[3] Bíblia de Jerusalém, pág. 1248.
[4] Bíblia de Jerusalém, págs. 1248 e 1249.
[5] Bíblia de Jerusalém, pág. 1242 a 1244.
[6] Bíblia Sagrada – Editora Vozes, pág. 1039.
[7] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1216.
[8] Bíblia de Jerusalém, pág. 1251.
[9] Bíblia de Jerusalém, pág. 1252.
[10] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1301.
[11] Bíblia de Jerusalém, pág. 1747.
[12] Bíblia de Jerusalém, pág. 1747.
[13] Bíblia de Jerusalém, pág. 1747.
[14] Bíblia de Jerusalém, pág. 1747.
[15] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1467.
[16] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1572.
[17] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1589.
[18] Bíblia de Jerusalém, págs. 2139/2140.
[19] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, pág. 1590.
[20] Bíblia de Jerusalém, pág. 2163.



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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UMA VISÃO INTEGRAL DO HOMEM


Grupo Espírita Socorrista Euripedes Barsanulfo

http://www.geocities.com/Athens/9319/chacras.htm

Somente quando os homens da ciência se permitirem atravessar a porta do entendimento do amor, é que conseguiremos chegar mais rapidamente à solução de enfermidades que até os dias atuais a ciência não consegue equacionar.

O objetivo desta matéria é reunir estudos, na tentativa de mostrar um modelo explicativo da etiologia das doenças, tendo como base a relação perispírito - corpo físico, dando a devida importância à ação energética da mente e aos reflexos trazidos pelo emocional em nossa fisiologia, bem como à atenção do nosso inconsciente em nossa vida presente, trazendo aos dias de hoje os resultados positivos e negativos de nossas ações pretéritas.

Amor: a força que cura

Sabemos que a ciência muito já caminhou, mas os passos serão bem mais largos quando todos nós, médicos da humanidade, mantivermos um compromisso não só com a saúde, mas também, infinitamente, com o AMOR. Como disse Sir Arthur Edington, certa vez: “Na verdade, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um homem de mentalidade científica atravessar uma porta. E, quer se trate da porta de um estábulo ou de uma igreja, ele talvez agisse de forma mais sensata se, em lugar de esperar até que todas as dificuldades envolvidas num ingresso realmente científico estivessem resolvidas, ele, em vez disso, concordasse em ser um homem comum e entrasse”. Porém, essa compreensão só se tomará possível quando o cientista do futuro concordar em abrir as portas da emoção, chegando, conseqüentemente, ao amor na sua forma mais ampla.

Conseguindo, então, enxergar um modelo do organismo humano, partindo do físico e chegando ao etérico, incluindo nesse modelo as propriedades e características das energias sutis dos planos espirituais.

Hoje já possuímos livros que nos exemplificam fascinantes pesquisas clínicas e laboratoriais para que apreciemos de melhor forma a linguagem corpo/mente espírito. Com o conhecimento da importância da comunhão e da harmonia entre eles três, poderíamos chegar mais facilmente às causas das doenças e posteriormente à cura, pois passaríamos a entender que, na qualidade de organismos humanos, somos constituídos por uma série multidimensional de sistemas de energia sutil que se influenciam mutuamente, e que um desequilíbrio nesses sistemas energéticos pode produzir sintomas patológicos que se manifestam nos planos físico/emocional/mental/espiritual. E é na tentativa de haver, cada vez mais, um novo e crescente consenso médico, que devemos lançar mão das palavras verbais e escritas que divulgam aquilo que já lemos, estudamos, pensamos e acreditamos. Como disse o dr. Gerber, em seu livro Medicina Vibracional: “Um sistema de medicina que negue ou ignore a existência do espírito será incompleto porque exclui o atributo mais importante do ser humano, a dimensão espiritual”.

Para que eu possa falar da etiologia das doenças, terei primeiramente que falar sobre o laço de união entre o corpo e o espírito, chamado de perispírito. Mas, antes de entrar em sua definição, queria relembrar as palavras de André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu, onde ele diz: “Freud vislumbrou a verdade, mas toda verdade sem amor é como luz estéril e fria. Não bastará conhecer e interpretar. É indispensável sublimar e servir”. Mais adiante completou: “O médico do porvir, para sanar as desarmonias do espírito, precisará mobilizar o remédio salutar da compreensão e do amor, retirando-o do próprio coração. Sem mão que ajude, a palavra erudita morre no ar.”

Meu desejo é que todos nós, dentro das nossas dificuldades e limitações, consigamos um dia trazer no coração o amor e a harmonia, para que possamos encontrar a saúde perfeita do corpo, da mente e do espírito.

O Perispírito

“Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao espírito propriamente dito” Kardec (O Livro dos Espíritos, parte 2º, cap. 1, questão 93).

Por ter sido um termo criado por Kardec, creio que todos admitimos que ninguém melhor que ele para definir perispírito: “É o órgão sensitivo do espírito por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. (...) O espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispíritico” (Kardec. A Gênese, cap. 14, item 22, os fluidos).

E foi esmiuçando as palavras de Kardec, no livro Depois da Morte, cap. 21, p. 174 e 175, que Léon Denis, falando sobre o períspirito ou corpo espiritual, disse que “o perispirito é, pois, um organismo fluídico, é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre a qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla invisível, constituída de matéria quintessenciada”.

Podemos então dizer que o perispírito ou “corpo fluídico dos espíritos” é um laço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. Sabendo que ele é uma condensação do fluido cósmico em torno de um foco de inteligência ou alma, pode-se dizer que é ele que intervém nos fenômenos especiais que ocorrem no homem, cuja causa fundamental não se encontra na matéria palpável e que, por essa razão, parecem sobrenaturais. Assim sendo, podemos entender que o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico relativamente definido pela ciência humana como os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode ainda reconhecer.

Centros Vitais

São concentrações de energias distribuídas no corpo espiritual, inter-relacionadas entre si, que exercem o controle eletromagnético na fisiologia celular do corpo físico.

“Os centros vitais são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia de um a outro veículo ou corpo do homem” (Leadbeater, in Os Chakras, cap. 1).

“Estes centros de força funcionam como terminais através dos quais a energia (prana) é transferida de planos superiores para o corpo físico” (Keith Sherwood, in A Arte da Cura Espirittial, cap. 6, p. 55).

“Centros de força ou rodas são acumuladores e distribuidores de força espiritual, situados no corpo etéreo, pelos quais transitam os fluidos energéticos” (Edgard Armond, in Passes e Radiações, cap. 2, p.46).

“Os centros vitais são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia de um a outro veículo ou corpo do homem” (Leadbeater, in Os Chakras, cap. 1).

“Estes centros de força funcionam como terminais através dos quais a energia (prana) é transferida de planos superiores para o corpo físico” (Keith Sherwood, in A Arte da Cura Espiritual, cap. 6, p. 55).

“Centros de força ou rodas são acumuladores e distribuidores de força espiritual, situados no corpo etéreo, pelos quais transitam os fluidos energéticos” (Edgard Armond, in Passes e Radiações, cap. 2, p.46).

Procurando explicar, dentro da visão espírita, foi que Jorge Andréa, no livro Forças Sexuais da AIma, disse que “vários estudos têm mostrado a existência, no perispírito, de discos energéticos (Chakras), como verdadeiros controladores das correntes de energias centrífugas (do espírito para a matéria) ou centrípetas (da matéria para o espírito) que aí se instalam como manifestações da própria vida. Esses discos energéticos comandariam, com as suas ‘superfunções’, as diversas zonas nervosas e, de modo particular, o sistema neuro vegetativo, convidando, através dos genes e código genético, ao trabalho ajustado e bem organizado da arquitetura neuroendócrina”.

Classificação dos Centros Vitais

O nosso corpo de matéria rarefeita é intimamente regido por sete centros de força, que são: centro coronário, centro cerebral, centro laríngeo, centro cardíaco, centro esplênico, centro gástrico e centro genésico. Cada centro vital está associado a uma freqüência vibracional diferente. As energias fluem para dentro do corpo através do centro coronário e como os centros estão intimamente ligados à medula espinhal e aos gânglios nervosos existentes ao longo do eixo central do corpo, a energia flui para baixo, passando do centro coronário para os outros centros de força inferiores, os quais distribuem as correntes sutis para partes do corpo e órgãos apropriados. Esses centros se conjugam nas ramificações dos plexos que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas que podemos definir como um campo eletromagnético no qual o pensamento vibra em circuito fechado. “Pode-se imaginar uma luz branca penetrando num prisma e sendo decomposta nas sete cores do arco-íris. Todas as sete cores são inerentes à luz branca”.

Funções dos Centros Vitais

Está instalado na região central do cérebro, sede da mente. Supervisiona e comanda os outros centros que lhe obedecem ao impulso procedente do espírito, vibrando, todavia, com eles em justo regime de interdependência. Podemos dizer que do centro coronário emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. E, por isso, o grande assimilador das energias da espiritualidade superior capazes de favorecer a sublimação da alma e assim orientar a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada e desencarnada.

Esse centro é considerado um dos mais elevados centros de vibração do corpo sutil e está associado a uma profunda busca espiritual. Justamente por isso, ele é considerado pela filosofia hindu como a lótus de mil pétalas, sendo o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, uma vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Temos no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas. Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante, formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta. A mente elaborou as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que o circundam, e o centro coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da responsabilidade que lhe diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua modificação consciencial no campo do destino. No nível físico, ele está ligado à atividade do córtex cerebral e ao funcionamento geral do sistema nervoso. A correta ativação do centro coronário influencia a sincronização entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, e para que ele esteja em perfeito funcionamento, é preciso que a mente, o corpo e o espírito estejam equilibrados. Caso ocorra uma desarmonia nesse centro de força, seu fluxo de energia será alterado, podendo se manifestar através de vários tipos de disfunções.

Exemplos: disfunções cerebrais, incluindo psicoses.

Está instalado na região frontal e tem influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos sentidos, ordenando as percepções de variada espécie, percepções estas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos de inteligência que dizem respeito à palavra, à cultura, à arte, ao saber, marcando também a atividade das glândulas endócrinas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células efetoras. O centro cerebral está associado à glândula pineal, à hipófise, à medula espinhal e também aos órgãos dos sentidos e aos seios paranasais. Ocorrendo o bloqueio de energia nesse nível, encontraremos disfunção nesse centro vital e, conseqüentemente, algumas doenças serão manifestadas fisicamente.

Exemplos de patologias: sinusites, cataratas e grandes desequilíbrios endócrinos.

O centro laríngeo atua sobre as principais glândulas e estruturas da região do pescoço, tais como as glândulas tireóide e paratireóide, a boca, as cordas vocais, inclusive as atividades do timo, a traquéia e as vértebras cervicais. Controla a respiração e a fonação e, por isso, é importante para a comunicação. Existe ainda uma associação entre o centro laríngeo e o sistema nervoso parassimpático (nervo vago). O centro laríngeo energiza tanto a glândula tireóide como a paratireóide, cada uma das quais produz um efeito diferente sobre o metabolismo do cálcio nas células dos tecidos ósseos. A glândula paratireóide regula o metabolismo do cálcio nas células do tecido ósseo por meio da secreção de PTH (hormônios da paratireóide), enquanto a glândula tireóide, além de produzir os hormônios tireoidianos que regulam a atividade metabólica geral das células do corpo, também produz tiracalcitonina, um hormônio que atua sobre o metabolismo do cálcio e dos ossos de maneira oposta a dos hormônios da paratireóide.

As anormalidades no fluxo de energia através desse centro podem manifestar-se na forma de doenças relacionadas com a atividade celular disfuncional naquelas estruturas que dependem energeticamente do centro laríngeo. Exemplos de doenças: laringite, tircoidite, tumores nas glândulas paratireóides, câncer da laringe. Pode também provocar problemas de comunicação.

Este talvez seja um dos centros mais importantes dos nossos corpos energéticos sutis. O centro cardíaco é assim tão importante porque seu equilíbrio é fundamental para a capacidade do indivíduo expressar amor, já que esse centro dirige a emotividade sustentando os serviços da emoção e a circulação das forças de base, assim como o equilíbrio geral. As dificuldades em aprender as lições de amor podem se manifestar como anormalidades no funcionamento do centro cardíaco, as quais, por sua vez, afetam o coração físico. O centro cardíaco proporciona também a energia nutritiva sutil aos tubos bronquiais, pulmões, seios, e ainda influencia a função de todo o sistema circulatório. Uma disfunção crônica no centro cardíaco pode contribuir para a ocorrência de doenças cardíacas, derrames, doenças pulmonares e diversos tipos de debilitações imunológicas que podem deixar o organismo vulnerável a bactérias e células cancerosas.

Está sediado no baço, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações do meio e volume sanguíneo, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os recantos do veículo do qual nos servimos.

Este centro fornece energia sutil nutritiva para a maioria dos principais órgãos envolvidos nos processos de digestão dos alimentos e purificação do organismo. Por ser ele o responsável pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização, é também o responsável pela digestão e absorção desses alimentos densos e menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a organização. Entre os órgãos que sofrem a influência desse cen­tro incluem-se o estômago, o pâncreas, o fígado, as glândulas suprarenais, as vértebras lombares e o aparelho digestivo de uma maneira geral. Os desequilíbrios nesse centro são responsáveis por algumas patologias, tais como úlceras gástricas e duodenais, diabetes etc.

Este centro se localiza no santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.

Etiologia das Doenças na Relação Corpo Espiritual e Físico

Agora que já definimos e exemplificamos perispírito - centros vitais e suas relações com as atividades dos órgãos, tendo citado nas suas disfunções algumas das conseqüentes doenças que podem ocorrer no corpo físico, percebemos a profunda ligação entre eles e a necessidade de harmonia nessa interligação para que possamos obter o perfeito funcionamento de toda a organização humana, seja na forma espiritual ou física. Observamos a importância da mente e a energia que geramos com os nossos pensamentos, sejam pensamentos conscientes do hoje ou inconscientes de uma vida pretérita, que, muitas vezes, nos subjugam na zona do remorso, trazendo ao nosso perispírito lesões nos centros vitais que explicam algumas anomalias que se fazem congênitas. Pois sabemos que no perispírito possuímos todo o equipamento de recursos automáticos a serviço da inteligência nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos estes adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação nos múltiplos setores da evolução anímica.

Durante a embriogênese, os corpos magnéticos sutis já existem antes que ocorra o desenvolvimento do corpo físico.

Lei de Causa e Efeito

Os centros de força, que são fulcros energéticos, são influenciados pelas energias originárias das vidas pretéritas da alma que, na nova encarnação, imprime às células a especialização extrema na formação do corpo denso do homem, especialização que todos detemos no corpo espiritual em recursos equivalentes. Essas células obedecem às ordens do espírito, diferenciando-se e adaptando-se às condições por ele criada, procedendo do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios. É assim que “A enfermidade, como desarmonia espiritual, sobrevive no perispírito”. Pois tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage nosso corpo a essa ou aquela classe de influxos mentais, uma vez que toda a mente é dínamo gerador de força criativa. Quando a nossa mente, por atos contrários à lei divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de forças, a nossa alma naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante obrigando-se ao trabalho de reajuste. E é assim que, muitas vezes, numa nova encarnação, encontramos pessoas com problemas mentais ou de paralisias físicas, “apresentando estado morfológico conforme o campo mental a que se ajusta”.

A zona de remorso

A recordação dessa ou daquela falta grave, principalmente daquelas que repousam recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alivio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anormal que podemos classificar de “zona de remorso”, em tomo da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enrolar-se em circuito fechado sobre si mesmo, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Isso é bem exemplificado por André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu, onde ele relata a questão de Júlio, que em uma existência teria aniquilado o veículo físico tomando uma grande quantidade de corrosivo e, mesmo sobrevivendo à intoxicação, fez uma nova tentativa de aniquilar o corpo físico lançando-se à funda corrente de um rio, nela encontrando o afogamento. Na oportunidade seguinte que lhe foi dada, reencarnou junto das almas com as quais se mantinha associado para a regeneração do pretérito, mas infelizmente encontrou dificuldades naturais para recuperar-se, desencarnando ainda menino, vítima de um novo afogamento. E quando chegou o momento de um novo renascimento, para que pudesse se reajustar dentro das leis divinas e recuperar-se mentalmente, equilibrando o “centro laríngeo”, reencarnou, dessa vez, com o corpo fisiológico deficiente, sofrendo do órgão vocal que se caracterizou por fraca resistência aos assaltos microbianos e que, de algum modo, lhe retratou a região lesada. Nesse exemplo, observamos que estabelecida a idéia fixa sobre “o nódulo de força mental desequilibrado”, foi indispensável que houvesse acontecimentos reparadores para que Júlio se sentisse redimido perante a lei, mudando, portanto, seu campo mental.

Somos todos responsáveis

Não podemos esquecer que a imprudência e a ociosidade se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, os quadros infecciosos pela ausência da higiene comum, os desequilíbrios nervosos da toxicomania e o depauperamento decorrente de vários excessos. De modo geral, porém, as doenças perduráveis, que destroem o corpo físico, têm suas causas no corpo espiritual, pois as energias na nossa alma expressam as chamadas dívidas cármicas, por serem conseqüências das causas infelizes que nós mesmos plasmamos, e são transferíveis de uma existência para outra, uma vez que é a nossa mente, através da energia do nosso pensamento, que, de forma inconsciente, muitas vezes, nos cobra ou nos absolve das faltas cometidas, lançando-nos ou tirando-nos da “zona de remorso”. Existem casos em que, mesmo em estado de recuperação perispirítica, a presença de pessoas desafetas responsáveis por essas zonas pode levar a violentos choques psíquicos, com o que as emoções se lhe desvairam afastando-se da necessária harmonia. A mente desorientada perde o controle da organização perispirítica e dos elementos fisiológicos, assumindo condições excêntricas, dispersando as energias que lhe são peculiares. Essas energias passam a atritar-se e a emitir radiações de baixa freqüência, aproximadamente igual a de que lhe incide o pensamento das vítimas, trazendo, conseqüentemente, as mais variadas repercussões no corpo somático. Devemos também lembrar que não apenas os pensamentos voltados para nossas ações pretéritas mantêm-nos presos a esse circuito fechado do pensamento do qual falamos. O pensamento é muito mais amplo do que a nossa consciência pode alcançar. Subsistem aqueles (o pensamento) em que se fazem inconscientes em nossa mente, também trazidos por lembranças das faltas por outros cometidas, que nos atingiram, deixando marcas no nosso corpo espiritual e que, hoje, ao depararmo-nos em um novo reencontro, sentimos no corpo carnal os efeitos desses males, efeitos estes apresentados muitas vezes na forma de simples sintomas ou mesmo de uma enfermidade instalada.

O pensamento, como uma modalidade de energia sutil atuando em uma forma de onda, com velocidade muito superior à da luz, quando de passagem pelos lugares e criaturas, situações e coisas que nos afetam a memória, agem e reagem sobre si mesmos, em circuito fechado, trazendo-nos, assim, de volta as sensações desagradáveis hauridas ao contato de qualquer ação desequilibrante. Isso tudo acontece porque, quando nos rendemos ao desequilíbrio ou estabelecemos perturbações em prejuízo dos outros, plasmamos nos tecidos fisiopsicossomâticos determinados campos de ruptura na harmonia celular, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade e, conseqüentemente, toda a zona atingida torna-se passível de invasão microbiana.

Reforma íntima: o remédio

Quando é desarticulado o trabalho sinergético das células nesse ou naquele tecido, intervêm as unidades mórbidas, quais o câncer, que nessa doença imprime acelerado ritmo de crescimento a certos agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalam, causando tumorações invasoras e metastáticas, compreendendo-se, porém, que a mutação no início obedeceu à determinada distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de raios-x ou de irradiações ultravioletas, em aplicações impróprias. Quando o doente adquire um comportamento favorável a si mesmo, num crescente de humildade, paciência, devotamento ao bem, num profundo processo de renovação moral, as forças físicas encontram sólido apoio nas radiações de solidariedade e reconhecimento que absorve de quantos lhe recolhem o auxílio direto ou indireto, conseguindo conter a disfunção nos neoplasmas benignos que ainda respondem à influência organizadora dos tecidos adjacentes. Devemos, portanto, reconhecer o quanto é importante o equilíbrio de nossa mente, pois com as aquisições e observações da psicopatologia, podemos observar a intervenção dos fatores internos ou psicogênitos em todas as atividades do organismo físico.

O aparelho cerebral

André Luiz, no livro No Mundo Maior, falando sobre o sistema nervoso, observa em preciosa síntese que: “No sistema nervoso, temos o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes. Na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos o cérebro desenvolvido, consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do ser. Nos planos dos lobos frontais, silenciosos ainda para a investigação científica do mundo, jazem materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre do nosso organismo divino em evolução. Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que se divide em três regiões distintas, onde, no primeiro, situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo, localizamos o “domicílio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a “casa das noções superiores”, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles, moram o hábito e o automatismo. No outro, residem o esforço e a vontade; e, no último, moram o ideal e a meta superior a ser alcançada. E assim distribuímos o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro”.

O corpo é um reflexo da mente

Podemos então concluir que, diante de tudo quanto já abordamos, é compreensível dizer que a quebra da harmonia cerebral, em conseqüência de compulsoriamente se arredarem das aglutinações celulares do campo fisiológico os princípios do corpo espiritual, essas aglutinações ficam, então, desordenadas em sua estrutura e atividades normais, podendo surgir tumores e hemorragias conseqüentes de fenômenos mórbidos assediando a mente, porque o cérebro é o instrumento que traduz essa mente, manancial de nossos pensamentos, e é por isso que a dor do remorso não permite fácil acesso à esfera superior do organismo perispírito, onde se erguem as manifestações da consciência divina. O cérebro real é aparelho dos mais complexos, em que nosso “eu” reflete a vida. Examinando o organismo que modela as manifestações do campo físico, reconheceremos que a célula nervosa é entidade de natureza elétrica que, diariamente, se nutre de combustível adequado. Há neurônios sensitivos, motores, intermediários e reflexos. Existem os que recebem as sensações exteriores e os que recolhem as impressões da consciência. Em todo o cosmo celular agitam-se interruptores e condutores, elementos de emissão e de recepção. A mente é a orientadora desse universo microscópico, em que bilhões de corpúsculos e energias multiformes se consagram a seu serviço. Dela emanam as correntes da vontade, determinando vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores. Colocada entre objetivo e subjetivo, é obrigada, pela lei divina, a aprender, verificar, escolher, repelir, aceitar, recolher, guardar, enriquecer-­se, iluminar-se, progredir sempre. Ainda que permaneça aparentemente estacionária, a mente prossegue seu caminho, sem recuos, sob atuação das forças visíveis ou invisíveis.

Lembremos que toda a energia gerada tem que manter-se de forma bem equilibrada, porque tanto o bloqueio do fluxo de energia quanto o excesso desse fluxo podem produzir desequilíbrios e, conseqüentemente, uma doença física.

Hoje, ainda não encontramos na medicina tradicional os recursos necessários para esse entendimento,mas felizmente, surgem na atualidade novas opções terapêuticas, tanto no campo da psicologia como na chamada medicina alternativa, com estudos que comprovam a cura de determinadas patologias através dessas novas abordagens, como é o caso das técnicas de regressão de memória.

Assim sendo, observemos a necessidade de nos reunir cada vez mais para estudar sob esta nova visão, pois somente quando os homens da ciência se permitirem, com mais flexibilidade, atravessar a porta do entendimento do amor, como homens comuns e de fé, é que conseguiremos chegar mais rapidamente à solução de enfermidades que até os dias atuais a ciência não consegue equacionar.


endereço: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/ciencia/uma-visao.html

imagem: danilomatos.com.br


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