quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O ESPIRITISMO SEM OS ESPÍRITOS.


Vimos recentemente uma seita tentar se formar, ostentando por bandeira: A negação da prece. Acolhida, em seu início, por um sentimento geral de reprovação, nem mesmo viveu. Os homens e os Espíritos se uniram para repelir uma doutrina que era, ao mesmo tempo, uma ingratidão e uma revolta contra a Providência. Isto não era difícil, porque, ferindo o sentido íntimo da imensa maioria, trazia em si o seu próprio princípio destruidor. (Revista de janeiro de 1866). Eis agora uma outra que tenta sobre um novo terreno; ela tem por divisa: Não mais comunicações dos Espíritos. É bastante singular que esta opinião seja hoje preconizada por alguns daqueles que outrora exaltaram a importância e a sublimidade dos ensinos espíritas, e se glorificavam daquilo que eles mesmos recebiam como médiuns. Tem ela mais chance de sucesso que a precedente? É
o que iremos examinar em algumas palavras.
Esta doutrina, podendo se dar esse nome a uma opinião restrita a algumas individualidades, se funda sobre os dados seguintes: "Os Espíritos que se comunicam não são senão Espíritos comuns que não aprenderam, até hoje, nenhuma verdade nova, e que provam a sua incapacidade não saindo das banalidades da moral. O critério que se pretende estabelecer sobre a concordância de seus ensinos é ilusório, em conseqüência de sua insuficiência. Cabe ao homem sondar os grandes mistérios da Natureza, e submeter o que dizem ao controle de sua própria razão. Suas comunicações não podendo nada nos ensinar, as proscrevemos de nossas reuniões. Discutiremos entre nós; procuraremos e nos decidiremos, em nossa sabedoria, são princípios que devem ser aceitos ou rejeitados, sem recorrer ao consentimento dos Espíritos."
Anotemos que não se trata de negar o fato das manifestações, mas de estabelecer a superioridade do julgamento do homem, ou de alguns homens, sobre o dos Espíritos; em uma palavra, de livrar o Espiritismo do ensino dos Espíritos: as instruções destes últimos estando abaixo daquilo que pode a inteligência dos homens.
Esta doutrina conduz a uma singular conseqüência, que não daria uma alta idéia da superioridade da lógica do homem sobre a dos Espíritos. Sabemos, graças a estes últimos, que aqueles de ordem mais elevada pertenceram à Humanidade corpórea que desde muito tempo a ultrapassaram, como o general ultrapassou a classe do soldado da qual tinha saído. Sem os Espíritos, estaríamos ainda na crença de que os anjos são criaturas privilegiadas, e os demônios criaturas predestinadas ao mal pela eternidade.
"Não, dir-se-á, porque houve homens que combateram essa idéia." Seja; mas quem eram esses homens, senão os Espíritos encarnados? Qual influência a sua opinião isolada teve sobre a crença das massas? Perguntai a qualquer um se ele conhece somente de nome a maioria desses grandes filósofos? Ao passo que os Espíritos, vindo sobre toda a superfície da Terra se manifestar, ao mais humilde como ao mais poderoso, a verdade se propagou com a rapidez do relâmpago.
Os Espíritos podem se dividir em duas grandes categorias: os que, chegados ao mais alto ponto da escala, deixaram definitivamente os mundos materiais, e aqueles que, pela lei da reencarnação, pertencem ainda ao turbilhão da Humanidade terrena.
Admitamos que só estes últimos têm o direito de se comunicar com os homens, o que é uma questão: entre eles há os que, quando vivos, foram homens esclarecidos, cuja opinião teve autoridade, e que se estaria feliz em consultar se vivessem ainda. Ora, da doutrina acima resultaria que esses mesmos homens superiores tornaram-se nulidades ou mediocridades passando no mundo dos Espíritos, incapazes de nos dar uma instrução de algum valor, ao passo que se inclinaria respeitosamente diante deles se se apresentassem em carne e osso nas próprias assembléias onde se lhes recusa escutar como Espíritos. Disto resulta ainda que Pascal, por exemplo, não é mais uma luz desde que é Espírito; mas que, se ele reencarnasse em Pedro ou Paulo, necessariamente com o mesmo gênio, uma vez que nada teria perdido, seria um oráculo. Esta conseqüência é de tal modo rigorosa, que os partidários desse sistema admitem a reencarnação como uma das maiores verdades. Seria preciso disso induzir, enfim, que aqueles que colocam, de muito boa-fé nós o supomos, sua própria inteligência tão acima da dos Espíritos, serão eles mesmos as nulidades ou as mediocridades, cuja opinião será sem valor; de tal sorte que seria preciso crer naquilo que dizem, hoje que vivem, e que não seria preciso mais crer amanhã, quando estarão mortos, então mesmo que viessem dizer a mesma coisa, e ainda menos se viessem dizer que se enganaram.
Sei que se objeta a grande dificuldade da constatação da identidade. Esta questão foi amplamente tratada para que seja supérfluo nela retornar. Seguramente, não podemos saber, por uma prova material, se o Espírito que se apresente sob o nome de Pascal é realmente o do grande Pascal. Que nos importa, se diz boas coisas! Cabe a nós pesar o valor de suas instruções, não à forma da linguagem, que se sabe, freqüentemente, levar a marca de inferioridade do instrumento, mas à grandeza e à sabedoria dos pensamentos.
Um grande Espírito que se comunique por um médium pouco letrado é como um hábil calígrafo que se serve de má caneta; o conjunto da escrita levará a marca de seu talento, mas os detalhes de execução, que não dependem dele, serão imperfeitos.
Jamais o Espiritismo disse que seria preciso fazer abnegação de seu julgamento, e submeter-se cegamente ao que dizem os Espíritos; são os próprios Espíritos que nos dizem para passar todas as suas palavras pelo cadinho da lógica, ao passo que certos encarnados dizem: "Não creiais senão naquilo que dizemos, e não creiais no que dizem os Espíritos." Ora, como a razão individual está sujeita a erro, e que o homem, muito geralmente, é levado a tomar sua própria razão e suas idéias pela única expressão da verdade, aquele que não tem a orgulhosa pretensão de se crer infalível a refere à apreciação da maioria. Por isto abdicou de sua opinião? De nenhum modo; é perfeitamente livre de crer que só ele tem a razão contra todos, mas não impedirá a opinião da maioria de prevalecer, e de ter, em definitivo, mais autoridade do que opinião de um só ou de alguns.
Examinemos agora a questão sob um outro ponto de vista. Quem fez o Espiritismo?
É uma concepção humana pessoal? Todo o mundo sabe o contrário. O Espiritismo é resultado do ensino dos Espíritos; de tal sorte que, sem as comunicações dos Espíritos, não haveria Espiritismo. Se a Doutrina Espírita fosse uma simples teoria filosófica eclodida no cérebro humano, não teria senão valor de uma opinião pessoal; saída da universalidade do ensino dos Espíritos, ela tem o valor de uma obra coletiva, e foi por isto mesmo que em tão pouco tempo se propagou por toda a Terra, cada um recebendo por si mesmo, ou por suas relações íntimas, instruções idênticas e a prova da realidade das manifestações.
Pois bem! é em presença deste resultado patente, material, que se tenta erigir em sistema a inutilidade das comunicações dos Espíritos. Convenhamos que se elas não tivessem a popularidade que adquiriram, não seriam atacadas, e que é a prodigiosa vulgarização dessas idéias que suscita tantos adversários ao Espiritismo. Aqueles que rejeitam hoje as comunicações não se parecem com essas crianças ingratas que renegam e desprezam seus pais? Não é ingratidão para com os Espíritos, a quem devem o que sabem? Não é se servir daquilo que deles aprenderam para combatê-los, retornar contra eles, contra seus próprios pais, as armas que nos deram? Entre os Espíritos que se manifestam, não é do Espírito de um pai, de uma mãe, dos seres que nos são mais caros, que se recebem essas tocantes instruções que vão diretamente ao coração? Não é a eles que se deve o ter sido arrancado à incredulidade, às torturas da dúvida sobre o futuro, e é então que se goza do benefício, que se despreza a mão do benfeitor!
Que dizer daqueles que, tomando sua opinião pela de todo o mundo, afirmam seriamente que, agora, em nenhuma parte se quer comunicações? Estranha ilusão! que um olhar lançado ao redor deles bastaria para fazer desvanecer-se. De seu lado, que devem pensar os Espíritos que assistem às reuniões onde se discute se se devem condescender em escutá-los, se se deve ou não lhes permitir excepcionalmente a palavra para comprazer àqueles que tiveram a fraqueza de ter suas instruções? Ali se encontram, sem dúvida, Espíritos diante dos quais cairiam de joelhos se, nesse momento, se apresentassem à sua visão. Pensou-se no preço que se poderia pagar uma tal
ingratidão?
Tendo os Espíritos a liberdade de se comunicarem, sem relação com o grau de seu saber, disto resulta uma grande diversidade no valor das comunicações, como nos escritos, em um povo onde todo o mundo tem a liberdade de escrever, e onde certamente todas as produções literárias não são obras-primas. Segundo as qualidades individuais dos Espíritos, há, pois, comunicações boas pelo fundo e pela forma, outras que são boas pelo fundo e más pela forma, outras, enfim, que não valem nada, nem pelo fundo nem pela forma; cabe a nós escolher. Não seria mais racional rejeitá-las todas porque são más, do que o seria de proscrever todas as publicações porque há escritores que dão baixezas. Os melhores escritores, os maiores gênios, não têm partes fracas em suas obras? Não se fazem coletâneas do que produziram de melhor? Façamos o mesmo com respeito às produções dos Espíritos; aproveitemos o que há de bom e rejeitemos o que é mau; mas para arrancar o joio, não arranquemos o bom grão.
Consideramos, pois, o mundo dos Espíritos como o duplo do mundo corpóreo, como uma fração da Humanidade, e dizemos que não devemos mais desdenhar de ouvi-los, agora que estão desencarnados, que não o tivéssemos feito então quando estávamos encarnados; eles estão sempre em nosso meio, como outrora; somente estão atrás da cortina, em lugar de estar diante: eis toda a diferença.
Mas, dir-se-á, qual é a importância dos ensinos dos Espíritos, mesmo naquilo que há de bom, se não ultrapassa aquilo que os homens podem saber por si mesmos? É bem certo que não nos ensinam nada de mais? Em seu estado de Espírito não vêem o que não podemos ver? Sem eles, conheceríamos seu estado, sua maneira de ser, suas sensações? conheceríamos, como o conhecemos hoje, esse mundo onde estaremos talvez amanhã? Se esse mundo não tem mais para nós os mesmos terrores, se o encaramos sem temer a passagem que a ele conduz, não é a eles que o devemos? Esse mundo está completamente explorado? Cada dia não nos revelam dele uma nova face? e não é nada saber onde se vai, e o que se pode ser saindo daqui? Outrora ali se entrava tateando e tremendo, como num abismo sem fundo; agora esse abismo está resplendente de luz, e se está entre felizes; e há quem ouse dizer que o Espiritismo nada nos ensinou! (Revista Espírita, agosto de 1865, página 225: "O que ensina o Espiritismo.")
Sem dúvida, o ensino dos Espíritos tem seus limites, não se pode pedir-lhe o que não pode dar, o que está em sua essência, em seu objetivo providencial, ele dá sempre àquele que sabe procurar; mas, tal qual é, dele fizemos todas as aplicações? Antes de lhe pedir mais, sondamos a profundeza dos horizontes que nos descobre? Quanto à sua importância, ela se afirma por um fato material, patente, gigantesco, desconhecido nos fatos da história: é que apenas em sua aurora, ele revoluciona já o mundo e põe em emoção os poderes da Terra. Qual é o homem que teria tido este poder?
O Espiritismo tende à reforma da Humanidade pela caridade; não é, pois, de se admirar que os. Espíritos preguem sem cessar a caridade; pregá-la-ão ainda por muito tempo enquanto não tiver desenraizado do coração dos homens o egoísmo e o orgulho.
Se é que nele acham as comunicações inúteis, porque repetem sem cessar as lições de moral, é preciso felicitá-los, se são bastante perfeitos para delas não terem mais necessidade; mas devem pensar que aqueles que têm tanto mais confiança em seu próprio mérito e que têm no coração se melhorarem, não deixam de receber os bons conselhos. Não procureis, pois, a lhes tirar essa consolação.
Tem esta doutrina chances de prevalecer? As comunicações dos Espíritos, como dissemos, fundaram o Espiritismo. Repeli-las depois de tê-las aclamado é querer solapá-lo por sua base, tirar-lhe a pedra em que se assenta; tal não pode ser o pensamento dos Espíritas sérios e devotados, porque isto seria absolutamente como aquele que se dissesse cristão negando o valor dos ensinos do Cristo, sob o pretexto de que sua moral é idêntica à de Platão. Foi nessas comunicações que os Espíritas encontraram a alegria, a consolação, a esperança; foi por elas que compreenderam a necessidade do bem, da resignação, da submissão à vontade de Deus; foi por elas que suportaram com coragem as vicissitudes da vida, por elas é que não há mais separação real entre eles e os objetos de suas mais ternas afeições. Não é se equivocar sobre o coração humano, crendo que possa renunciar a uma crença que lhe faz a felicidade!
Repetimos aqui o que dissemos a propósito da prece: Se o Espiritismo deve ganhar em influência, é aumentando a soma das satisfações morais que ele proporciona. Que aqueles que o achem insuficientes tal qual é se esforcem em dar mais do que ele; mas não é em dando menos, tirando-lhe o que nele faz o encanto, a força e a popularidade que o suplantarão.

Allan Kardec


texto - Revista Espírita - ano 1866
imagem - internet

domingo, 26 de dezembro de 2010

UMA ÉTICA PARA A GENÉTICA


Todo um universo de insuspeitadas dimensões está surgindo da penetração da pesquisa pelos domínios da Biologia.

Tamanha é a massa de informações que está sendo colhida e tão extraordinário o seu conteúdo que muitos cientistas, fascinados pela excitação intelectual do êxito, imaginam-se novos deuses capazes de criar a vida à sua imagem e semelhança. Não sabem que longe disso, estão apenas começando a descobrir os maravilhosos segredos que Deus coloca nas coisas que faz.

O nosso futuro está sendo jogado em partidas pesadas nos laboratórios do presente, por homens e mulheres de ciência que têm o seu próprio código de ética, que talvez não seja o que melhor convém à sociedade humana. É que nesse verdadeiro exército de cientistas são percentagem desprezível aqueles que têm consciência da grandeza de Deus e do sentido espiritual da vida. Vendo-os trabalharem nos seus magníficos laboratórios, concentrados no estudo do homem, ocorre a nós, que estamos voltados para a realidade espiritual, a nítida expressão de que estão estudando os componentes materiais de marionetes, mas ignorando totalmente a consciência e as motivações que fazem os bonecos se moverem. Ah! Que falta nos fazem cientistas espíritas que se dediquem, com reverência e amor, ao estudo das forças que impulsionam a vida e que lhe dão forma e sentido, não apenas dos componentes materiais em que ela se apóia!

Surgem, por isso, dilemas atrozes que envolvem milhões de seres. "Se permitirmos que os fracos e os deformados vivam - diz o doutor Theodosius Dobzhansky - e propaguem a sua espécie, teremos que enfrentar um crepúsculo genético. Mas, se os deixarmos morrerem ou sofrerem quando podemos salvá-los, enfrentaremos a certeza de um crepúsculo moral".

A equação não está bem armada porque a pesquisa ainda não recebeu o impulso certo na direção correta. O pensamento deve ser reformulado. Que processos espirituais ou psicossomáticos desencadeiam deficiências físicas? Podem ser revertidos? Podem ser evitados? Podemos impedir que se propaguem? Certamente que essas possibilidades poderão ser exploradas com segurança, a partir do instante em que o cientista se convencer de que o homem não é meramente um mecanismo biológico, mas um ser espiritual. O problema é realmente difícil para aquele que não aceita nem como hipótese de trabalho, a realidade espiritual. É que, para atuar no mundo material, o espírito precisa ter na matéria os contatos e as "tomadas" necessárias, junto aos quais atua através do seu perispírito.

Até que assuma tal posição, no entanto, muita desorientação ainda há de provocar danos imprevisíveis aos processos da vida e, por conseguinte, ao homem das futuras gerações. É que, sem o saber, a ciência está interferindo em alguns dos dispositivos da própria reencarnação, ao manipular genes, na tentativa de acelerar ou provocar desvios no sistema evolucionista da vida. O homem moderno tem pressa; não quer esperar pela sabedoria das leis divinas. Está, assim, tentando obrigar a natureza a dar saltos, coisa que ele nunca fez. Os planos são muitos e cada qual mais mirabolante. Ainda na infância espiritual, os homens de ciência descobriram no universo do ser um imenso e imprevisto quarto de brinquedos, os brinquedos da vida. Os projetos são inúmeros e o limite é a imaginação de cada um. Um deles é aumentar a caixa craniana para ter homens mais inteligentes. E fazer o que com a inteligência? - perguntamos nós. Os astronautas não precisam de pernas, portanto, vamos mexer nos genes para criar homens sem pernas. A mulher deseja filhos? Ë fácil: faça-se nela a inseminação com material genético devidamente estudado e preparado. Quer filhos, mas não deseja a gravidez? Implante-se seu óvulo em mãe mercenária. Quer filhos homens, de olhos azuis e cabelos louros? Basta alterar os genes, no ponto certo, tirando partículas e acrescentando outras. Se homens e mulheres desejarem conservar do sexo apenas o prazer momentâneo, então os seres poderão ser criados em úteros artificiais, em série, fabricados em incubadeiras coletivas, às quais qualquer um poderá encomendar seus filhos pelo crediário, com rígidas especificações, com se fosse um novo automóvel. Se o país precisa de um novo exército, "gera-se" um, clonizando células de grandes militares. Para transmitir conhecimentos, basta injetar as "células da memória" de um ser que sabe noutro que não sabe. Para preservar a vida física indefinidamente, pensam os biologistas em clonizar seres humanos de reserva, que ficariam cuidadosamente depositados em congeladores para fornecerem "sobressalentes", tais como coração, pulmões, rins, braços ou pernas, e até cabeças novas para aqueles desgastados pelo uso ou abuso.

Há planos para criar um monstro meio homem meio máquina, chamado "cyborg", que seria um cérebro vivo, ligado a um mecanismo que apenas servisse às suas limitadíssimas necessidades. Já se pratica a técnica da criogenia, segundo a qual se congelam as pessoas doentes ou desgostosas da vida para no futuro, quando for possível resolver os seus problemas biológicos ou psicológicos , sejam trazidas de volta à vida ativa. E o Espírito? Disso ninguém cuida, dele ninguém sabe, por ele ninguém se interessa.

Os centros das sensações estão sendo identificados e "mapeados" nas ignotas regiões do cérebro. A introdução de eletrodos em determinados pontos provoca sensações novas e extraordinárias. Experiências feitas em ratos levaram os pobres animais a uma completa alucinação na busca desesperada do prazer, até a morte por exaustão, completamente desinteressados de tudo o mais, inclusive alimentação e atividade sexual. Descobertas como estas criam problemas imprevisíveis de comportamento futuro. Já há quem preveja "centros de experimentação" em substituição às drogas aos bares e aos cafés, onde as criaturas se reuniriam para viver horas de prazeres nunca dantes experimentados, ligados a uma aparelhagem verdadeiramente diabólica.(...)

Acham outros cientistas que, retirando de um indivíduo alguns componentes genéticos, podem reproduzi-lo à vontade, com todas as suas características físicas - cor de pele, dos olhos e dos cabelos - e, ainda, com absoluta identidade mental e espiritual. Seria, assim, fácil criar um milhão ou dois de novos Lincolns ou Esteins. é claro que, se isso fosse possível, não faltaria quem desejasse criar uma quadrilha inteira de Al Capones ou nação de Hitlers. Nesse ponto, o embriologista Robert T. Francoeur, diz um basta! - que é um brado de alerta: "Xerox de gente? Não deveria ser praticada em laboratório, nem mesmo uma só vez, com seres humanos".

A questão é que os cientistas escolhem seus métodos e decidem sua própria ética. E é por isso que já se pensa nos Estados Unidos, a sério, na proposição de leis que instituam um código ético básico para traçar limites ao que pode ou não pode ou não deve ser realizado, em laboratórios com o ser humano. O problema é, no entanto, muitíssimo mais complexo, porque a tais atitudes respondem muitos cientistas declarando a impossibilidade de pesquisar dentro de faixas rigidamente estabelecidas por legisladores que não estão preparados para decidir questões de âmbito científico.

Por outro lado, mesmo que seja possível estabelecerem, os próprios cientistas um código voluntário de ética, quem poderá assegurar a aplicação ética das descobertas que forem realizadas? Isso porque a ciência pura não se interessa - em princípio - pela utilização de seus "achados". Os homens que começaram a desvendar os segredos do átomo talvez não permitissem que se atirassem bombas sobre populações indefesas, se para isso tivessem autoridade política e militar, mas os que jogam bombas não são os mesmos que descobrem os processos de liberação da energia nuclear.

Não é minha intenção, neste brevíssimo e incompleto sumário, inquietar ou assustar o leitor, mas creio que é útil a todos nós dar essa espiada ligeira em alguns dos problemas que estão ocupando os melhores intelectuais do mundo moderno. Não podemos, no entanto, livrar-nos de uma pesada e opressiva sensação de melancolia, ao vermos que tanto esforço, tempo, dinheiro e talento, são colocados na tentativa infantil de "corrigir" a obra de Deus. Nesta atmosfera de ficção, onde tudo é possível para o cientista, onde está o espírito? Onde está Deus? Vemos, desalentados, que essas entidades não são tomadas em consideração nem mesmo como hipóteses de trabalho, para ajudar o raciocínio ou testar experimentações incompreensíveis, quando deveriam ser a base, o princípio dominante de toda a especulação em torno dos fenômenos da vida, manifestação legítima da grandeza de infinita de Deus.

Ao contrário, o que vemos nessas pesquisas e nesses estudos, são homens brilhantíssimos, donos das mais respeitáveis técnicas, trabalhando nos mais avançados laboratórios, mas de cabeça baixa, voltados para a matéria, só matéria, matéria sempre, sem saberem que o átomo é apenas o suporte transitório da vida, muleta de que o ser precisa por algum tempo, no início da sua carreira evolutiva na sua escalda para o infinito, na direção de Deus.

Para tomar um só exemplo, vejamos o que está sendo pesquisado em torno da memória. A história começa com a sensacional descoberta do RNA (ácido ribonucleico) e do DNA (ácido desoxirribonucleico), ingredientes básicos do gene existente nas células de todos os organismos vivos. Esse achado científico foi considerado tão importante quanto a desintegração atômica, porque foi surpreender fenômenos da vida nas suas bases de sustentação e propagação. Na realidade, as pesquisas vão de tal forma adiantadas que Arthur Kornberg, da Universidade de Stanford, conseguiu produzir uma fieira de moléculas de DNA capaz de reproduzir-se, tal como um vírus.

Experiências posteriores, partindo do conhecimento obtido acerca do conhecimento obtido acerca do comportamento do RNA, sugerem a possibilidade de transferir informações armazenadas na memória de um ser para a memória de outro, mas os próprios cientistas ainda têm muitas dúvidas sobre a validade dos dois testes feitos, que não acham bastante conclusivo. No entanto, já se partiu para a especulação das possibilidades e perspectivas resultantes da experimentação. Alguém imaginou as "pílulas do conhecimento" que, compradas na drogaria ali na esquina, poderiam proporcionar àquele que as ingerisse conhecimento de línguas, de arte ou de matemática. A coisa, porém, não é tão simples assim, porque então, como diz James Mac Connell, psicólogo da Universidade de Michigan, para que desperdiçar todo o vasto conhecimento adquirido por um eminente professor? Em lugar de aposentá-lo ao cabo de uma vida de trabalho, a solução melhor seria os alunos comerem o mestre...

Brincadeira, ou não, o certo é que as aventuras no domínio da genética e da biologia prosseguem na ignorância total da condição espiritual do homem.

Wilder Penfield, um cirurgião canadense, ao realizar uma operação cerebral com anestesia local descobriu que certos pontos do cérebro, eletricamente estimulados, levavam o paciente a ouvir uma canção antiga, ou a reviver, com todos os seus vívidos pormenores, uma esquecida cena da infância, ou uma senhora a experimentar, novamente as sensações de uma antiga gravidez. Daí, concluíram alguns cientistas que o cérebro tem capacidade para registrar e conservar com precisão incrível todas as sensações que recebe, por menos importantes que sejam. O ESPIRITISMO sabe disso há muito tempo, ensinando que esse registro se faz no perispírito, mesmo porque as memórias que guardamos não são apenas as desta vida, mas as das anteriores também, até onde alcançar a nossa consciência. A demonstração disso está no fenômeno da regressão da memória. (...)

Abismado pelas complexidades e grandezas da biologia molecular, o homem ainda não aprendeu a ser humilde diante da obra de Deus e perguntar, como George W. Carver, o que desejou o Criador dizer com as maravilhosas coisas que fez. Em lugar disso, o homem quer criar e corrigir a obra da natureza, uma obra da qual ele ainda não entendeu sequer os princípios fundamentais.

Todas essas descobertas e debates estão preocupando os pensadores, teólogos e filósofos dos tempos modernos. Que vai sair desses laboratórios ameaçadores? Um ser artificial? Um "cyborg" a ditar ordens implacáveis? Multidões clonizadas por cópias, como xerox? Seres sem alma? Nada disso! Se forem criadas artificialmente as condições existentes na mais profunda e sagrada intimidade do organismo materno, o espírito aí se encarnará, mas o homem não poderá criar a vida, isto é, um ser humano pensante, mesmo que tente copiá-lo de um já existente! (...)

Esse é o quadro que a biologia molecular e a genética estão compondo neste exato momento em que o leitor lê estas linhas. O homem está brincando é de aprendiz de feiticeiro e se os poderes espirituais não tomassem as medidas necessárias, no tempo oportuno, a civilização moderna se suicidaria em poucos decênios. Muitas dores por certo ainda hão de vir enquanto brilhar a inteligência divorciada da moral, mas não está muito longe o dia em que Deus vai mostrar, mais uma vez, que o Universo que Ele criou não anda à matroca, nem precisa de correções, a não ser aquelas que forem necessárias para corrigir os desvios provocados pela vaidade humana.

Há, pois, uma urgente necessidade, neste ponto de civilização: uma ética para a genética.

O nosso futuro está sendo jogado em partidas pesadas nos laboratórios do presente, por homens e mulheres de ciência que têm o seu próprio código de ética.

Hermínio C. Miranda

Da Revista Reformador jun/1971

(Jornal Mundo Espírita de Junho de 1998)


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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

NATAL E ESPIRITISMO


Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Nascimento de Jesus: 4.1. A Manjedoura; 4.2. Anúncio Profético; 4.3. Uma Nova Luz. 5. A Simbologia do Natal: 5.1. Papai Noel; 5.2. O Espírito do Natal; 5.3. Numa Véspera de Natal. 6. A Mensagem do Cristo através do Espiritismo: 6.1. Um Conquistador Diferente; 6.2. O Espiritismo como Revivescência do Cristianismo; 6.3. Festa de Natal para os Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

De onde vem o termo Natal? Por que 25 de dezembro? Desde quando se comemora nesta data? Qual o espírito do Natal? Qual o significado dos presentes, das árvores e do Papai Noel? Tencionamos desenvolver este assunto analisando o nascimento de Cristo, o espírito natalício e os subsídios oferecidos pelo Espiritismo, para uma melhor interpretação da sua simbologia.

2. CONCEITO

Natal - Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro).

3. HISTÓRICO

As Igrejas orientais, desde o século IV, celebravam a Epifania (“aparição” ou “manifestação”), em 6 de janeiro, cujo simbolismo referia-se ao mistério da vinda ao mundo do Verbo Divino feito homem. Em Roma, desde o tempo do Imperador Aureliano (274), o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no calendário Juliano) era consagrado aoNatalis Solis Invicti, festa mitríaca do “renascimento” do Sol. A Igreja romana não tardou em contrapor-lhe a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro “sol de justiça”. Esta festa pronto se estendeu por todo o Ocidente, não tardando também em ser adotada por todas as igrejas orientais. (Enciclopédia luso-Brasileira de Cultura)

O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)

4. NASCIMENTO DE JESUS

4.1. A MANJEDOURA

Conta-se que Jesus nascera numa manjedoura, rodeado de animais. Um monge diz que isso não é verdade, pois como a casa de José era pequena para abrigar toda a sua família, o novo rebento deu-se no estábulo. Em termos simbólicos, a manjedoura revela o caráter humilde e simples daquele que seria o maior revolucionário de todos os tempos, sem que precisasse escrever uma única palavra. Os exemplos de sua simplicidade devem nortear os nossos passos nos dias que correm. De nada adianta dizermo-nos adeptos de Cristo e agirmos de modo contrário aos seus ensinamentos.

4.2. ANÚNCIO PROFÉTICO

O nascimento de Jesus fora anunciado pelos profetas da antiguidade, nos seguintes termos: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus convosco)”. Na época predita veio ao mundo o arauto, o Salvador, aquele que tiraria os “pecados” do mundo. Os judeus, contudo, não entenderam a grande mensagem do Salvador: esperavam-no na condição de rei, de governador. Ele, porém, dizia ser rei, mas não deste mundo. Enaltecendo a continuidade desta vida, vislumbrava-nos a expectativa da vida futura, muito mais proveitosa e sem as dificuldades materiais da vida presente.

4.3. UMA NOVA LUZ

O nascimento de Jesus coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade. Numa simples visão de conjunto, observamos o que era planeta antes e no que se transformou depois de sua vinda. O Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)

5. A SIMBOLOGIA DO NATAL

5.1. PAPAI NOEL

Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetição, intensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade.

5.2. O ESPÍRITO DO NATAL

O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.

5.3. NUMA VÉSPERA DE NATAL

Conta-nos o Espírito Irmão X que Emiliano Jardim, cujas noções materialistas estragavam-lhe os pensamentos, viera a sofrer uma dor de paternidade, ao ver o seu filho arrebatado pela morte. Abatido pela dor, começa a se interessar pelo Catolicismo. Porém, repelia veemente todos os que pensavam de forma diferente a respeito do Cristo. Do Catolicismo passa para o Protestantismo, mas sem que o Mestre penetrasse no seu interior. Depois de longa luta, Emiliano sente-se insatisfeito e ingressa nos arraiais espiritistas. Emiliano, como acontece à maioria dos crentes, vislumbra a verdade dos ensinamentos de Jesus, anseia por vê-lo nos outros homens, antes de senti-lo em si mesmo.

Com o passar do tempo, teve outros revezes.

Numa véspera de Natal, em que o ambiente festivo lhe falava da ventura destruída do coração, Emiliano quis por termo à própria vida.

Na hora amargurada em que o mísero se dispunha a agravar as próprias angústias, uma voz se fez ouvir no recôndito de seu espírito:

“— Emiliano, há quanto tempo eu buscava encontrar-te; mas sempre me chamavas através dos outros, sem jamais me procurar em ti mesmo! Dá-me tua dor, reclina a cabeça cansada sobre o meu coração!... Muitas vezes, o meu poder opera na fraqueza humana. Raramente meus discípulos gozam o encontro divino, fora das câmeras do sofrimento. Quase sempre é necessário que percam tudo, a fim de me acharem em si mesmos”.

Emiliano estava inebriado. E a voz continuou:

“— Volta ao esforço diário e não esqueças que estarei com os meus discípulos sinceros até ao fim dos séculos! Acaso poderias admitir que permaneço em beatitude inerte, quando meus amigos se dilaceram pela vitória de minha causa? Não posso estacionar em vãs disputas, nem nas estéreis lamentações, porque necessitamos cuidar do amoroso esclarecimento das almas. É por isso que estou, mais freqüentemente, onde estejam os corações quebrantados e os que já tenham compreendido a grandeza do espírito de serviço. Não te rebeles contra o sofrimento que purifica, aprende a deixar os bonecos a quantos ainda não puderam atravessar as fronteiras da infância. Não analises nunca, sem amar. Lembra-te de que quando criticares teu irmão, também eu sou criticado. Ainda não terminei minha obra terrestre, Emiliano! Ajuda-me, compreendendo a grandeza do seu objetivo e entendendo a fragilidade dos teus irmãos”. (Xavier, 1982, p. 40)

6. A MENSAGEM DO CRISTO ATRAVÉS DO ESPIRITISMO

6.1. UM CONQUISTADOR DIFERENTE

A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.

“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261)

6.2. O ESPIRITISMO COMO REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO

De acordo com os princípios doutrinários do Espiritismo, Jesus foi o personificador da segunda revelação da lei de deus, pois a primeira viera com Moisés, no monte Sinai, onde recebera a tábua dos Dez Mandamentos. Como Moisés misturou a lei humana com a lei divina, Jesus veio para retificar o que de errado havia, como é o caso de transformar a lei do “olho por olho” e a do “dente por dente” na lei do amor e do perdão. A sua pregação da boa nova veio ensinar ao homem a lei de causa e efeito e da justiça divina, quer seja nesta ou na outra vida, ou seja, a vida futura. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores, deu continuidade a esta grande obra de elucidação dos caminhos da evolução.

6.3. FESTA DE NATAL PARA OS ESPÍRITAS

Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso. Dentro deste contexto, a lei da reencarnação é um dos princípios fundamentais para o perfeito entendimento do sofrimento e da dor. De acordo com a reencarnação ou a diversidade das vidas sucessivas, temos condições de melhor vislumbrar o nosso futuro, que nada mais é do que uma continuidade daquilo que estivermos fazendo nesta vida. Optando pela prática do bem, teremos uma vida futura feliz; escolhendo o mal, teremos que sofrer as suas conseqüências, no sentido de nos adaptarmos à lei do progresso, que é inexorável.

7. CONCLUSÃO

Jesus, através de seus emissários, está sempre falando conosco, no sentido de nos incentivar a amar cada vez mais o nosso próximo, independentemente de como este esteja nos tratando. Pergunta-se: que vantagem há em amarmos os que nos amam?


8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

XAVIER, F. C. Reportagens de Além-Túmulo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1982.

XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.

São Paulo, dezembro de 1999.




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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ENFERMIDADES


Carlos Toledo Rizzini

1. Compreendemos que os desequilíbrios ou enfermidades do Espírito têm início com os abusos e afastamento da Lei Divina. Daí, em o nível de evolução da Terra, sofrimento ser conseqüência da violação da Lei. Toda moléstia é de origem espiritual, razão porque há doentes e não "doenças" propriamente ditas. A medicina terrena começou a compreender isso com o seu conceito de moléstia psicossomática, ou seja, a doença do corpo oriunda de um estado desajustado da mente (tensão, conflito), tal a úlcera péptica do estômago e duodeno e a pressão arterial alta.

Psicólogos materialistas e mentores espirituais concordam plenamente na afirmativa de que a Humanidade é constituída maciçamente de mentes enfermas. Dizem os primeiros, sobretudo os psicanalistas, que o homem sadio é uma avis rara, difícil de encontrar. Dos segundos, Emmanuel (Justiça Divina) esclarece que todas nós "somos doentes em laboriosa restauração", devido aos débitos contraídos noutras vidas, e acentua: "Todos somos enfermos pedindo alta". Não desanimemos. Por enquanto, a Terra é um planeta de provas e expiações, no qual renascem, em massa, espíritos falidos perante a Lei. Não é um lugar aprazível para uma doce vida, sem incômodos, embora possua recantos belíssimos; é, antes, um mundo de lutas evolutivas acerbas e dores múltiplas. Procuremos ,ver claro para não naufragarmos no mar das ilusões, que obscurecem a compreensão; busquemos o esclarecimento sobre: 1) a causa profunda das enfermidades; 2) a função retificadora que elas desempenham na vida do Espírito eterno - deixando de considerá-las como desgraça ocasional do momento que passa.

2. Caro leitor, não há injustiça no universo pois, Deus é amor, justiça e sabedoria – tudo impregnado pela perfeição suprema. Este princípio fundamental leva a procurar a causa da enfermidade dentro de nós mesmos. Vimos que o sofrimento é resultante de, violações, erros e abusos, no curso dos quais a Lei Divina é desrespeitada e os deveres negligenciados. A prática do mal, a repetição de abusos, a acumulação de erros, os vícios, enfraquecem os centros de força do perispírito e geram lesões nele, que é sensível ao estado moral do Espírito.

Sabe-se hoje, depois das experiências do Prof. Hans Selve, que os estados de tensão muito prolongados originam lesões graves em vários órgãos. Informa Selve que as piores tensões são : ansiedade, frustração e ódio, capazes de produzirem úlceras gastroduodenais, arteriosclerose e hipertensão arterial, por exemplo. Ora, este conhecimento é experimental, adquirido pelo homem no laboratório de pesquisa utilizando ratos, cobaias e camundongos É muito para estimar e admirar que o querido instrutor André Luiz, em Sinal Verde, afirma exatamente a mesma coisa: "Quanto mais avança, a ciência médica mais compreende que o ódio em forma de ;vingança, condenação, ressentimento, inveja ou hostilidade está na raiz de numerosas doenças e que o único remédio eficaz contra semelhantes calamidades da alma é o específico do perdão no veículo do amor". Por incrível que pareça, esta última assertiva do espírito fora antes formulada pelo citado cientista ao declarar que: "Amar ao próximo é um dos mais sábios conselhos médicos de todos tempos". Percebe-se que a acentuação deslocou-se da religião para a ciência o Evangelho é também um código de medicina profilática. . .

Tal é a causa principal dos nossos males físicos e mentais: as lesões do corpo espiritual, enquanto não houver reparação das condutas malfazejas e mudança nas inclinações, serão transferidas para o corpo material, que renascerá doente de mil maneiras diferentes.

É o próprio modo de ser do indivíduo que não é sadio. Seus pensamentos, sentimentos e impulsos, de várias maneiras, afastam-no da normalidade - levando-o ao proceder incorreto e ao desequilíbrio conseqüente. Residindo, assim, os fundamentos da moléstia no íntimo das pessoas, não será possível obter a cura tão-somente pelo uso da medicação externa. Os remédios materiais, com raras exceções (fim de débito), não podem curar integralmente a ninguém; conseguem melhorar, aliviar, transferir o mal, mudar sua manifestação, eliminar algo - mas a cura há de proceder do poder criador do Espírito: "O espírito delinqüente será imperiosamente o médico de si mesmo" (André Luiz, No Mundo Maior). Daí, afirmar Emmanuel (Fonte Viva) que raros alcançam a cura completa, genuína: é mister apreciável cota de esforço próprio na renovação dos conteúdos mentais, para mudar as maneiras de pensar e de agir.

3. Temos aí moléstias orgânicas originárias de lesões perispirituais que surgiram de erros e abusos anteriores. Se o sujeito ingeriu veneno por sua deliberação, renascerá com a garganta pouco resistente a germes ou com o estômago lesado; se deu um tiro no coração, voltará atacado de uma cardiopatia congênita; se usou a inteligência como astúcia para aproveitar-se de outros, virá a ser débil mental ou padecerá de hidrocefalia; se foi dado à maledicência ou calúnia, terá mais tarde a língua maior do que a boca. E assim por diante. vemos a lei de causa e efeito em ação, no plano espiritual, determinando expiações.

Outros tipos de enfermidade física ocorrem, menos difundidos, porém, nos quais funcionam diferentes mecanismos.

Existem as doenças expiatórias, impostas ao reencarnante como indispensáveis a resgates necessários. É claro que nos exemplos acima temos também expiações.. Mas, neles, o indivíduo lesou a si mesmo e a moléstia corporal é uma expressão da lesão do perispírito. veja isto, leitor. Um indivíduo matou outro; como espírito, lutou ativamente pela própria regeneração e alcançou grandes méritos na prática do bem. Ao voltar ao mundo, recebe um coração defeituoso (que não tinha) para expiar o crime. Outro levou alguém à tuberculose fazendo-o expor-se continuamente a condições adversas; ao renascer, recebe pulmões sem resistência ao bacilo de Koch. De dois dementes, um poderá ser realmente louco (espírito perturbado) e o outro não, tendo apenas o cérebro desarranjado por necessidade de expiação. Um idiota poderá ter u espírito lúcido.

A diferença entre as duas modalidades só é nítida nos extremos, devendo haver muitas situações intermediárias menos definidas.

4. Um sem-número de lesões ou afecções se revelam derivadas de episódios de vidas passadas. Um evento destes, até muito antigo, ligado a situação interpessoal não resolvido, sói mostrar conseqüências no corpo físico em diversas vidas. Segue-se um exemplo que explicaria casos na área psicológica (Netherton). Certa mulher nova não só sentia dor no curso do ato genésico como também tinha verdadeiro horror ao mesmo; e, além disso, acordava costumeiramente de madrugada com cólicas abdominais; sintomas, portanto, físicos e psíquicos, aos quais se deve ajuntar uma infecção vaginal crônica rebelde ao tratamento ginecológico.

A regressão de memória semiconsciente, conservando a lembrança posterior dos fatos evocados, revelou que em existência bem anterior (numa "civilização primitiva"), em seguida ao adultério, o marido mandou prendê-la em jaula baixa, onde só cabia acocorada; tal posição determinou-lhe, então fortes e contínuas dores no ventre. Dias depois, por ordem dele, um médico seccionou-lhe o clitóris, sentindo, na ocasião, rápida dor lancinante; era seu intuito usá-la sexualmente sem que ela pudesse corresponder. E assim foi anulada a atividade erótica. Em vida subseqüente, descreve-se como jovem meretriz que atravessa triste episódio; apaixonada por certo homem, este, alcançando o próprio orgasmo, a deixa no momento- em que ia atingindo o clímax; ofende-a, então, gravemente com palavras pesadas. Confusa e frustrada, cai do alto da escada e é deixada sem socorro até morrer. Desta experiência procede sua desconfiança dos homens e da anterior o pavor das relações carnais; as dores são ainda seqüelas da gaiola baixa e da operação cruenta; a vaginite, complicação do ato cirúrgico séptico.

Vejam. Coisas muito antigas e ainda em vigor ! É que por detrás delas há um erro moral, já profligado em os Dez Mandamentos! Mas, muita gente assoalha que os tempos mudaram e que o mundo é diferente... O passado gravado nas profundezas das almas não sabe disso e emerge sob a forma de distúrbios psicossomáticos e de sintomas neuróticos ! Tal mulher - nossa irmã não mais errada do que somos em geral curou-se inteiramente: esgotaram-se-lhe os débitos mediante os sofrimentos que enfrentou até 1970, digamos. E, naturalmente, mudou a sua condição íntima, do mesmo passo.

É bom recordar que André Luiz conta a estória de dois espíritos bastante aprimorados que, não obstante, permaneciam no plano inferior. Querendo saber porque não conseguiam ascender, a análise do passado de ambos revelou que, cinco séculos antes, haviam lançado dois companheiros muralha abaixo, liquidando-os sumariamente. Tiveram que renascer, como pilotos de prova, para dar a vida pelo progresso da aviação, caindo no devido tempo... Consultem Ação e Reação, obra em que o querido instrutor menciona casos de débitos pendentes há mais de 1.000 anos, confirmando os achados da regressão de memória. Informa no Cap. VII:

"Conheço irmãos nossos, portadores do estigma de padecimentos atrozes, que se encontram animalizados, há séculos, nos despenhadeiros infernais." Não se imagine, porém, que estejam entregues à própria sorte; a despeito da revolta, os mensageiros divinos espreitam a oportunidade de resgatá-los das trevas para a luz.

Acabamos de fazer observar que vasta cópia de dissonâncias psicossomático-neuróticas promana dessa fonte, incluindo úlceras pépticas, enxaquecas, ejaculação precoce, impotência, frigidez, fobias, inibições, esclerose coronária, dispepsia, e mais o que seja: é um nunca acabar. Resultam, por assim dizer, de "sobras emotivas" de alguma existência passada, como diz K. Muller; repetindo: são lembranças arquivadas em estado inconsciente que estão carregadas de emoções perturbadoras, não integradas ao patrimônio psíquico e, portanto, ainda ativas. Segue-se que quando o paciente recorda tais episódios e libera a emoção reprimida, esta perde sua força traumática (ou virulência) - o que se consegue mediante a regressão de memória, usualmente hipnótica, ou quase consciente (Netherton), porque já se esgotou o débito cármico, ou pelo esclarecimento e prática do bem, segundo a orientação espírita, que leva a modificações definitivas do íntimo da alma.

4. Importante, embora menos espetacular, é o que André Luiz denomina restrições pedirias. São defeitos ou inibições funcionais que limitam atividades abusivas do organismo. Antes de encamar, prevendo sua queda num setor onde isso já ocorreu antes, o espírito solicita que certos órgãos ou funções sejam um tanto defeituosos, de modo a funcionarem em ritmo reduzido. Na carne, por mais que o sujeito queira exagerar no uso para obter prazer ou se lançar à prática do mal, não o consegue. E nada neste mundo livra-o da inibição solicitada...

É natural que o gastrônomo peça um estômago delicado ou lento, um intestino facilmente desarranjável, que o leve a limitar a ingestão de alimentos e bebidas. Que o fascinador queira, agora, ter feições mais grosseiras, que a ninguém venha atrair. Que aquele que se deixou levar pela intriga prefira voltar surdo; que o caluniador peça a mudez.

5. Uma última eventualidade, menos freqüente, é a da doença gerada pelo contato íntimo com um espírito perturbado, geralmente inconsciente do seu estado, cujo perispírito conteria lesões oriundas da vida material, Estabelecida a sintonia, as sensações mórbidas transmitem-se ao encarnado, que passa a sentir-se enfermo sem o estar. É o caso da moça que um dia começou a cair facilmente; uma vidente percebeu sobre os ombros dela, um espírito montado, o qual, incorporado, revelou ser o pai dela e não ter consciência da situação. Ora, o velho sofria de forte artrite nos joelhos e não podia andar; doutrinado, acabou deixando a filha livre. Ou do indivíduo que entra a tossir, a escarrar, a ter febrícula à tarde, como se estivesse tuberculoso; quem o está fazendo sentir-se doente é o espírito que se lhe aderiu à aura, e que morreu naquele estado, conservando as sensações doentias e transferindo-as ao encarnado que está sintonizado com as vibração dele. Foi o que Inácio Ferreira denominou intoxicação fluídica, em sua obra pioneira.

A Profa. Helena de Carvalho (J. E. 45: 9, 1979) dá o nome de "contaminação fluídica" a semelhante mecanismo morbígeno e sugere que tais casos "são bem mais freqüentes do que se supõe, principalmente nesta época de perturbações excessivas". Cita, como exemplo, o sucedido com certo indivíduo que atendeu outro em plena crise asmática. Saiu de braça dado com ele, amparando-o. O doente foi melhorando a pouco e pouco. Não demorou a ir-se, enquanto o pobre socorrista ficou a chiar com forte falta de ar... Passou para ele o obsessor inconsciente do seu próprio estado, cujas sensações patológicas transmitia aos encarnados que com ele entravam em adiantado grau de sintonia vibratória.

Uma variante original da presente patogenia foi comunicada pelo Dr. Hernani G. Andrade (I.B.P.P., SP, monografia n. 3, 1980). Devia reencarnar um ex-suicida que ingerira formicida. A futura mãe, avisada em sessão mediúnica, tomou-se, naturalmente, de apreensões quanto à sanidade do próximo filho, prevendo-o defeituoso. No entanto, o mentor espiritual esclareceu que se ela estivesse disposta a fazer tal sacrifício pelo espírito reencarnante, a criança nasceria normal - agregando que ela é quem iria sofrer as conseqüências do antigo envenenamento. E foi o que sucedeu! Contou dita senhora que durante a gravidez "minha boca ficava em feridas, em carne viva. Eu sentia que era roída por dentro e então caía. Minha irmã disse que às vezes eu começava a tremer e parecia estar morrendo... " Sentia o gosto e o cheiro da formicida, queimação no estômago, vômitos, etc. Tudo desapareceu após o parto; o suicídio fora induzido por um obsessor - mas a criança nasceu perfeita e com 5 kg. Era agora uma menina que, quase 6 anos antes, fora irmão da sua mãe atual e que se matara aos 28 anos, tendo crescido como bela e forte (aos 17 anos) jovem cujas inclinações se revelavam preferentemente masculinas.

Não que deixasse de ser feminina, mas inclinava-se por roupas, corte de cabelo e brincadeiras de menino e, depois, não era dada a namoricos. . .

Nos casos em que o obsessor, movido por ódio intenso, envia descargas fluídicas constantes sobre a vítima, produzindo uma doença sem base física no próprio doente, Manoel P. de Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, FEB, 1970) dá o nome de moléstia-simulacro a tal estado mórbido. É assim que uma pessoa "fica" leprosa e é internada em leprosário por apenas apresentar a aparência de hanseniana; bom meio de isolar alguém e levá-lo ao suicídio... A vítima, estando sintonizada pela culpa com o agressor e tendo a mente preparada pela hipnose, seguindo o desejo do obsessor, pode exibir os sinais da morféia. Aí, o tratamento é espiritual, mediante a transformação íntima de ambos.

6. É oportuno procurarmos entender a significação das multas que geramos em nós mesmos, que são a imensa maioria.

A verdade é que o sofrimento, longe de ser uma desgraça ocasional, "tem função preciosa nos planos da alma", esclarece o citado Emmanuel. Ele surge como uma conseqüência de erros e violações, mas dispôs a Providência Divina que ele fosse mais do que isso: que tivesse uma função retificadora dos desequilíbrios do espírito e das lesões corporais. Por isso, apresenta patente utilidade ao homem que sofre: sem ele, este não poderia se reajustar, seria difícil acordar a consciência para a realidade superior - o sofrimento é o "aguilhão benéfico", diz o Irmão x (Luz Acima). Deriva daí que a nossa atitude frente à dor Que nus avassala, se a compreensão das leis superiores da Vida nos felicita a alma, deverá ser de conformação lúcida. Esta atitude, a única produtiva sempre que o sofrimento não puder ser removido pelos recursos dá inteligente indústria humana, concorda com a necessidade de observar dois conselhos básicos de Emmanuel (Fonte viva):

1. O doente (todos nós...) precisa envidar esforços para deixar de ser triste, desanimado, revoltado, odiento, raivoso, etc. ; como vimos acima, estados de ódio e de ansiedade lesam o corpo e a alma, o desânimo entorpece as forças desta, a maledicência consome as energias, e assim por diante. Urze renovar-se intimamente, mudar as disposições psíquicas. Se não, o remédio externo pouco poderá fazer a nosso favor; se houver melhoras, é preciso não regressar aos abusos anteriores; caso em que não haverá cura.

2. Importante, muito importante é que aprendamos a não pedir o afastamento da dor: ela é o amargo elixir da regeneração do espírito faltoso. Devemos, isto sim, rogar forças íntimas para suportá-la com serenidade e valor a fim de que não percamos as vantagens que nos trará no capítulo da recuperação. É preciso aprender a aproveitar os obstáculos que criamos e, para isso, podem-se pedir recursos ao Alto - sempre que os recursos da Terra falharem; acontecendo isto, a resignação consciente é chamada a intervir

Em síntese, a enfermidade é produto derivado das violações que conscientemente praticamos ao escolher o caminho do mal de maneira voluntária. Hoje, temos que enfrentar as conseqüências disso, isto é, o sofrimento. Este representa, ao mesmo tempo, a expiação e o tratamento, porquanto, tem função medicinal por servir ao reajustamento do espírito culpado, logo doente.

É lícito procurar a medicina terrena, que pode aliviar muito e curar onde for permitido; assim como a Misericórdia Divina pô-la ao nosso alcance, embora com certas limitações sociais e econômicas, que servem de provas ao espírito em processo de cura definitiva. Mas, em todos os casos, para quem já adquiriu certa compreensão dos níveis superiores de Vida, mais do que isso é necessário. Faz-se mister cuidar da erradicação do mal que opera em nós ainda hoje. E, para tanto, o esforço pessoal torna-se indispensável: o serviço de aproveitamento das lições evangélicas - como orar, auxiliar, desapegar-se de posses e posições, trabalhar pelo bem, etc. é individual e intransferível. Com ele, mudam as nossas tabelas de valores: a solidariedade, a cooperação, a contenção das paixões ou impulsos, o sacrifício, a renúncia, o serviço prestado, a conformação, assumem a significação de normas de vida. É só então que Jesus, o Mestre da Terra, curará os males para todo o sempre.

7. É, em suma, a doença (e o sofrimento) muito importante no Processo de redenção do espírito humano pondo a este de acordo com a Lei que rege a evolução no Universo. Não se trata de entronizar o sofrimento, de conferir primazia às desgraças, e coisas assim. O Espiritismo pura e simplesmente esclareceu o papel da dor na vida humana; ninguém a procura, mas quando ela desponta cumpre dar-lhe o tratamento adequado para que ela não venha a ser, realmente, "uma desgraça completa". A intensidade da dor é proporcional à atitude íntima do sofredor, ao seu estado de espírito: tanto mais forte quanto mais insubmisso ele for. Para quem só conhece a vida terrena, o sofrimento parece interminável e desesperador muitas vezes; tal pessoa julga-se vítima de toda a desgraça possível. A certeza da vida espiritual e a fé no poder superior, levando à compreensão e aceitação da dor como resultado de erros passados e instrumento de redenção, gera o estado de oração que facilita tudo. Bom será ir mudando de ponto de vista, dando acentuação aos aspectos espirituais da vida, de modo que a vida material vá diminuindo em importância diante das necessidades evolutivas do espírito eterno: o amanhã vem aí e logo será hoje...

Uma violenta cólica renal dói bem menos quando dizemos do fundo da alma: "Pai Infinito, seja feita a tua vontade e não os meus caprichos... sei que a dor é necessária à correção dos meus desvios... ampara-me para que eu saiba suportá-la sem revolta, aproveitando-a para o meu soerguimento como Teu filho!" Uma das faltas tidas como mais graves é a revolta da criatura contra o Criador, a ausência de submissão à vontade divina (O Evangelho Segundo o Espiritismo); logo, se considerarmos Deus injusto, se murmurarmos contra as aflições do caminho, etc., ao invés de aproveitá-las para o nosso adiantamento, aumentaremos a dívida e teremos de recomeçar mais tarde, tantas vezes quantas forem necessárias para nosso desprazer e angústia. vamos, em conclusão, viver na Terra de olhos fitos no Alto, fazendo desta vida uma contínua preparação para a outra, buscando o que seja motivo de elevação e largando o que nos amarre aos círculos inferiores de lutas e sofrimentos. As maiores dificuldades e obstáculos estão dentro de nós mesmos.

8. Uma última observação, não menos importante: para o espírito superiormente evoluído, o sofrimento é mera contingência natural dos planos inferiores de existência e não merece maior consideração; não recebe daquele qualquer relevância. Muitos missionários descem da Espiritualidade Superior movidos pelo amor aos semelhantes retardatários, para o desempenho de tarefas que incluem necessariamente o sofrimento e até em doses fortes. Enfrentam-no como condição natural do mundo material a fim de darem cumprimento ao objetivo designado, que lhes foi atribuído pelo Poder Supremo. Vejam os antigos profetas e os primitivos cristãos, que vieram à Terra implantar o Evangelho do Senhor; não havia tortura que os afastasse do caminho do testemunho de amor ao próximo e da submissão a Deus e a Jesus. O que sofreram Pedro, Paulo, Francisco de Assis, Kardec, Gandhi, o nosso Chico, etc., serve de exemplo para o auspicioso fato de que a dor só impressiona desfavoravelmente ao devedor e ao involuído, ou seja, ao doente e ao fraco. Para o ser da Esfera Mais alta, ela é simplesmente um fator peculiar aos mundos dominados pelo apego à matéria e, logicamente, quem desce a tais planos fica sujeito a suportá-lo. Eis tudo.

Vejam as excursões de André Luiz e seus mentores aos círculos de sombra: tiveram naturalmente de agüentar o peso e a densidade da atmosfera local e os desmandos dos habitantes dali, inclusive prisão em uma cela. Mas, estavam a serviço do amor universal e o sofrimento era uma injunção natural, um preço decorrente do estado de perturbação do ambiente. Também os nossos amigos e mentores descem até nós enfrentando vibrações viscosas e nenhum se queixa: movem-os o poder mais forte do Amor, do Bem e da Luz...

Fonte: Livro "Evolução para o Terceiro Milênio" – Edicel


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sábado, 18 de dezembro de 2010

CURAS: UMA VISÃO MODERNA DA TERAPIA DOS ESPÍRITOS


Wilson Garcia


No II Entrade, realizado em São José do Rio Preto em 1991, um jovem se levantou durante o debate e fez a seguinte indagação: "até que ponto o Centro Espírita deve se preocupar com a cura, ou seja, curar é uma atividade importante do Centro?". Respondendo a essa questão, poderíamos repetir simplesmente Herculano Pires em seu livro "Ciência Espírita": "curar e educar são funções conjugadas do homem na luta pela sua transcendência". Assim, o Centro Espírita objetiva facilitar a compreensão do homem de sua transcendência e nesta luta a cura constitui um fator importante, uma prática a ser desenvolvida pelo Centro.

Por quê? Poderiam perguntar. Simplesmente porque o Espiritismo contém um patrimônio grandioso no campo dos conhecimentos espirituais, o qual leva à compreensão do homem como um ser cósmico, com passado, presente e futuro, de sua realidade como ser imortal e da natureza e suas energias, mediante as quais os males não resolvidos pela medicina convencional podem ser objetivamente tratados e, em muitos casos, solucionados pelo Centro Espírita.

Não se pode desconhecer que nem todo Centro Espírita está capacitado a realizar atividades de cura, por algumas razões básicas: pela falta de conhecimentos doutrinários de seus dirigentes, por causa de preconceitos devidos à má formação doutrinária e pela ausência de colaboradores devidamente preparados e de médiuns bem desenvolvidos. Esses fatores têm causado muitas deficiências em nossas casas doutrinárias, trazendo confusões no momento de praticar o Espiritismo conforme os preceitos das obras básicas.

Para se criar condições favoráveis ao desenvolvimento de atividades de cura é preciso reunir uma série de fatores:

- em primeiro lugar, pessoas sérias e humildes, capazes de compreender as dificuldades do trabalho e os seus perigos. A cura é um dos trabalhos que mais propiciam a queda moral. Muitos médiuns curadores realizaram maravilhas, mas foram incapazes de superar as facilidades oferecidas a eles em troca do seu trabalho. As experiências demonstram que ao deixar-se arrastar por essas facilidades, o médium tende a ver os Espíritos sérios e bem intencionados abandonarem-no, sendo então substituídos por Espíritos galhofeiros. Esta observação é feita por Kardec no Livro dos Médiuns;

- o aparecimento de médiuns conscientes e conhecedores da Doutrina Espírita, que se disponham a realizar o trabalho de atendimento aos necessitados sem o orgulho daqueles que, por pura vaidade, prometem curas e soluções aos pacientes. O médium deve saber que não é ele quem cura, mas os Espíritos;

- uma disciplina séria na organização das reuniões dedicadas ao atendimento público, de modo a que não faltem nem o esclarecimento aos que procuram a casa, nem aconteça de pessoas serem iludidas em sua boa fé, imaginando que o centro espírita tem poderes mágicos e, portanto, irá de fato resolver os problemas de que são portadoras;

- um estudo constante das obras da Codificação e das subsidiárias, a fim de penetrar cada vez mais, somando teoria e prática, no conhecimento das possibilidades que a Doutrina oferece no campo da cura e das limitações dos Espíritos, dos médiuns intermediários e os próprios pacientes, em relação aos resultados finais. As Leis Naturais, que governam o Universo, estão acima da vontade momentânea de cada pessoa ligada ao trabalho em si.

"No centro espírita, - afirma Herculano Pires - o problema das curas não pode restringir-se a tentativas ocasionais ou aleatórias". As curas precisam ser cuidadas de forma permanente, continuada, unindo informação e atitude prática em benefício dos que procuram o consolo da instituição. Boa parte, talvez, dos insucessos e dos desvios nas práticas curativas do centro pode ser creditada à falta desses cuidados: estamos certos de que a ausência de profundidade nas ações curativas tem levado muita gente idealista a buscar, fora dos parâmetros doutrinários, processos curativos diversos, a fim de integrá-los nas atividades da instituição, o que nem sempre é bom.



O estudo do fundamental na prática curativa espírita

Allan Kardec dá a nota principal: no Livro dos Médiuns cuida de informar sobre a presença específica dos médiuns curadores. É interessante ter presente que, ao exercer uma participação no processo curativo desenvolvido numa casa espírita, o indivíduo (mesmo não possuindo mediunidade ostensiva) pode estar sendo um intermediário entre a ação dos Espíritos e os pacientes. Daí, portanto, a necessidade de perceber que, ao falar aos médiuns, Kardec se dirige não apenas aos que possuem mediunidade ostensiva, mas também aqueles que, em determinados momentos, por força das circunstâncias, se colocam na posição de canalizadores da ação dos espíritos.

O médium de cura verdadeiro tem uma importância muito grande nas atividades de cura do centro espírita. O fato de ser portador desta mediunidade determina que ele deve exercê-la de forma cuidadosa e desinteressada (valor moral), a que o Espiritismo dá grande destaque. Por isso, não se compreende o comportamento de alguns dirigentes de casas espíritas, que condenam as curas ao ostracismo, como se elas não fossem necessárias ainda nos dias de hoje, tanto quanto o eram na época do Cristo.

O estudo, pois, desta parte doutrinária, encontra no Livro dos Médiuns as informações sobre os médiuns nos seus aspectos prático e de comportamento moral, que alia o comprometimento do portador da mediunidade com o seu exercício: ninguém possui qualquer tipo de mediunidade por acaso.

Sua existência revela algo anterior, acordado entre o indivíduo e as necessidades de sua trajetória e da evolução de seus semelhantes.

Deixando o Livro dos Médiuns, caímos direto no livro A Gênese, também de Kardec. Ali, principalmente no capítulo XIV, Os Fluidos, encontramos material profundo, de estudo constante. O seu conhecimento, que abrange avaliação e reavaliação permanente, é por si de fundamental importância para aqueles que estão envolvidos com a cura. A simplicidade com que Kardec coloca a questão pode parecer a muitos superficial; uns podem entender que o Codificador não foi a fundo na questão, outros, que faltam informações mais práticas. Essa visão, sem dúvida, poderá desembocar em dois comportamentos, ambos perniciosos: o dirigente ir além fronteiras à busca de processos curativos diferentes; o segundo está relacionado aos poucos resultados práticos que possam estar sendo obtidos no centro espírita com a cura.

Dizer que o Espiritismo oferece uma possibilidade de exercício da cura de forma ampla não significa estar envolvido em nenhuma cegueira de raciocínio. Antes, é uma grande verdade, que pode ser comprovada pela prática continuada e bem conduzida. Em A Gênese, Kardec analisa tudo aquilo que se encontra relacionado no campo da cura: a existência da energia cósmica, a que chama fluidos, a presença fundamental do pensamento (de encarnados e desencarnados, portanto, de médiuns, espíritos, pacientes e participantes, no caso das curas), a participação do perispírito e, finalmente, o que tudo isso tem a ver com as doenças físicas e espirituais e sua influência moral sobre todos nós.

Nas obras subsidiárias, especialmente em André Luiz, vamos encontrar outras informações, também de grande valia para o aprofundamento da questão: além de passar em revista toda a teoria da Codificação, demonstrando por exemplos práticos a sua realidade, este autor espiritual nos coloca em contato com os mecanismos da mediunidade, oferecendo uma visão até então inexistente do desenvolvimento do processo nos dois ângulos da vida: o visível e o invisível. Aqui, porém, é preciso enfatizar que, como qualquer outro autor, André Luiz precisa ser interpretado, e bem para que não sejam as suas palavras tomadas como lei; tidas como definitivas. Principalmente, porque no campo da interpretação cada pessoa pode ter uma visão diferente e julgá-la como a melhor. André Luiz é, como afirma Emmanuel, um repórter do espaço, o que significa um portador de notícias e informações e não um condutor de leis.

Com isto, fecha-se o círculo para o estudioso e o praticante, no que diz respeito à Doutrina Espírita.

No entanto, o conhecimento se estende às conquistas científicas, que podem ser alcançadas em obras diversas relacionadas com a medicina, como forma de complementar o saber daqueles que se enveredam pelo campo das curas. Não se confunda a busca desses conhecimentos com a introdução nas casas espíritas de métodos e processos que nada têm a ver com a Codificação.




O que é possível curar

Sirvo-me, mais uma vez, da feliz expressão de Herculano Pires para iniciar este item: "A cura espírita - diz ele - não se efetua, por mais dedicados que sejamos ao Espiritismo, por mais abnegados no tocante ao próximo, se a doença ou deficiência que sofrermos for em si mesma o remédio de que de fato precisamos". Curas acontecem ou não acontecem. Isso nem sempre depende de quem está entre o paciente e os espíritos. A doença não é um mal em si; sua função, muitas vezes, é de fazer progredir as pessoas. Quando essa função é mais importante, a doença não tem cura; pode ter alívio, mas não solução final. Esta só acontecerá em momento que desconhecemos.

Isso importa em dizer que a cura não depende exclusivamente da vontade do intermediário, seja ele médium ou não. Em não poucas ocasiões, dirigentes espíritas diversos têm se desestimulado em seus trabalhos curativos pela falta de resultados aparentemente positivos; esquecem-se que no campo da cura, a persistência, aliada ao estudo e à boa vontade, são fatores decisivos. À falta da persistência, todo um trabalho promissor pode ruir.

Assim como certas querelas, mal interpretadas e pior ainda assimiladas podem levar a casa espírita à ruína, também a não assimilação da falta de melhores resultados em certos períodos, principalmente nos iniciais, das atividades curativas podem servir para desistência dos praticantes, o que será certamente prejudicial.

Outro detalhe que precisa ser estudado diz respeito ao lugar comum que se tornou falar do chamado "merecimento". Aqui e ali se diz, quando alguém alcança uma cura, que fulano "mereceu". Quando não, alega-se que não teve esse "merecimento". E fica a situação colocada em termos simplórios e mal esclarecidos. Muitas vezes a pessoa é curada não por possuir dotes de virtude, mas exatamente por causa do seu orgulho: a cura vem então como forma de fazê-lo ver que a sua deficiência moral precisa ser eliminada. Outras vezes, não obter a cura é sinal de verdadeiro merecimento: a doença prolongada vai levar o indivíduo inevitavelmente ao processo de eliminação de seus compromissos passados. Colocadas as coisas desta forma, como se vê, o merecimento encontra outra interpretação lógica.

Há dois tipos de indivíduos cujo comportamento traz muitos prejuízos ao Espiritismo: o fanático e o preconceituoso. O primeiro, porque se liga definitivamente a certas questões, tomando-as como as verdadeiras e únicas e impossibilitando-se de compreender a situação com amplitude. O fanático é um convencido. Ninguém o modifica. O segundo assume posições tais diante das circunstâncias que, por incompreensão, dispensa tudo aquilo que não faz parte de seu mundo.



Quando o preconceito é prejudicial

No campo doutrinário, deparamos com ambos, o fanático e o preconceituoso. E o campo das curas é pródigo de sua presença. Alguns dirigentes têm para com as curas uma visão deformada, anticientífica, de condenação de seu uso. E para isso, arrolam diversos argumentos, todos eles facilmente destrutíveis. Assim como em relação a outros tipos de mediunidade, dizem, por exemplo, que o Espiritismo é doutrina de conhecimento e não de proselitismo, de fantasias. Outras vezes, afirmam que as curas são ocasiões apenas para demonstrações, que elas não trazem nada de prático para a doutrina.

Condenam, portanto, os médiuns e todos aqueles que estão ligados às atividades curativas, como se os médiuns fossem passíveis de condenação simplesmente por serem portadores da mediunidade de cura. Em sua visão curta, alegam que todos os médiuns de cura se desviam moralmente e, para isso, apontam os exemplos do passado. Gostariam de encontrar médiuns perfeitos, mas como sabem que isso é impossível, tentam destruir a validade da mediunidade.

Alguns, por idiossincrasia, admitem a existência dos médiuns de cura, mas tentam circunscrevê-los às quatro paredes silenciosas de uma organização. Para estes, só têm valor os médiuns que trabalham no anonimato completo ou que se submetem ao controle de certos métodos, que utilizam para escondê-lo e não raro moldá-lo a seus interesses. Como não podem compreender verdadeiramente o médium e a mediunidade, em seus diversos aspectos, porque não raro estes médiuns se mostram independentes e fogem a qualquer limitação de seu exercício, preferem portanto condená-los.

Finalmente, há os que temem as conseqüências legais do exercício da medicina curativa no centro espírita e, dessa forma, se postam na periferia desses conhecimentos, substituindo a sua ausência por outros interesses e justificativas. Tudo isso, porém, não deve causar surpresa nem espanto. Há pessoas que não conseguem ver o Espiritismo senão pela ótica acanhada das quatro paredes a que se confinam a vida inteira.



Conclusão

A visão moderna das curas segundo o Espiritismo, como se observa, é a visão de Kardec e dos que, tendo estudado a Doutrina, compreendem que as informações que ela oferece carecem de estudo paciente, constante e continuado, e de uma prática condizente com suas teorias renovadoras e reformadoras. A doutrina teve ainda muito pouco tempo para ser praticada em sua profundidade verdadeira. Ela carece de muitos séculos mais. Portanto, dizê-la moderna é entendê-la em seus postulados gerais e saber que ela, para ser superada, precisará da evolução dos homens que habitam nosso planeta.



texto - www.panoramaespirita.com.br
imagem - overmundo.com.br

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