segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SLOW MOVEMENT (O MOVIMENTO DEVAGAR)


Poderíamos dizer que "a pressa é inimiga da perfeição" e ponto final, não se fala mais nisto. No entanto, vale a pena refletirmos sobre o asunto


Introdução:

A idéia de fazer um estudo sobre o movimento mundial de oposição ao culto à velocidade (Slow Movement) surgiu em uma reunião da comissão científica do I Congresso da AMEMG, quando discutíamos sobre seu tema central: Endemias e epidemias do séc. XXI.

Ficou claro que o ritmo acelerado da vida (hábitos) observado nos dias de hoje e suas conseqüências na qualidade de vida, nos relacionamentos e na saúde das pessoas, preencheria “critérios” para ser abordado neste congresso.


Histórico: (o movimento nasceu na década de 80, mas há raízes profundas nos séculos passados)

Séc. XVIII – em plena Revolução Industrial as pessoas já buscavam uma maneira de desafiar ou pelo menos conter o aceleramento do ritmo da vida. Já se falava que as máquinas estavam tornando a vida rápida demais, menos humana. Surgiram reações nos sindicatos que reivindicavam redução da carga horária de trabalho. Nas artes, os artistas plásticos, escritores e músicos românticos (Europa 1770) se mobilizaram contra a moderna cultura da agitação.

Séc. XIX – por volta de 1881, pela 1a vez médicos psiquiatras começaram a chamar a atenção para os efeitos nocivos da velocidade na saúde mental das pessoas.

1982 – o médico americano Larry Dossey cunhou a expressão “Doença do Tempo”, conseqüência do culto à velocidade.

1986 – surgimento do Slow Food, movimento contra a invasão do Fast Food (Mc Donalds) na Itália, liderado por Carlo Petrini, jornalista italiano que temia pela cultura tradicional ameaçada pela invasão das grandes corporações. O S.F. tenta preservar as receitas tradicionais, ajudando o pequeno produtor e defendendo espécies em extinção (biodiversidade). O movimento começou como uma reação local ao Fast Food e se transformou em uma reação mundial ao culto à velocidade – SLOW MOVEMENT.


Os custos da pressa: (aqui veremos a patologia – Doença do tempo com os seus sintomas, motivos para reduzir a velocidade )

Algumas coisas não podem(impossível) nem devem(resultado ruim) ser apressadas. Elas levam tempo, precisam da lentidão. Quando isto não acontece, pagamos um preço.

No trabalho: o excesso de horas e a pressa no trabalho nos torna doentes, improdutivos, sujeitos a erros e infelizes. Consultórios médicos estão cheios de problemas causados pelo estresse: insônia, hipertensão, enxaqueca, distúrbios gastro-intestinais,infarto agudo do miocárdio. No Japão existe uma palavra para designar “morte por excesso de trabalho”: Karoshi. Estas mortes ocorrem por infarto agudo do miocárdio em jovens que trabalham em excesso.

Qual o mecanismo do adoecimento pelos excessos no trabalho?

Excessos no trabalho

> pouco tempo para alimentação > fast food*

> at. físicas > sedentarismo

> aumenta o consumo de etílicos

> uso de estimulantes(anfetaminas, cocaína)

para evitar o sono > comprometimento dos

sistemas cardiovasculares, nervoso central e

imunológico.

> privação de sono + pressa = ac. automobilístico

(½ dos acidentes nos EUA )

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> obesidade, drogadição, cardiopatias, t.ansiosos

e depressivos, estresse, infecções,acidentes.....

(*países + rápidos são os mais gordos: Japão,EUA e Inglaterra)

No lazer: nossa pressa e impaciência tornam o lazer perigosoàex: a prática de esportes rápida demais leva a ferimentos.

Nos relacionamentos afetivos: uma vida de correria acaba tornando os relacionamentos superficiais. É preciso tempo para fazer prosperar as coisas que fazem a vida valer a pena tais como a família, a amizade e a comunidade. Ex.:com o corre-corre em muitas residências a comunicação (recurso essencial danificado) passa a ser feita através de adesivos de geladeira; na Inglaterra, pais que trabalham fora passam duas vezes mais tempo cuidando dos e-mails do que brincando com os filhos; no Japão há centros de cuidados infantis de 24h.

Para as crianças: elas acabam incorporando o ritmo acelerado dos adultos. Uma charge de um jornal britânico ilustrou esta situação mostrando duas crianças consultando as suas agendas para marcar uma hora de brincar!

Por fim pode-se dizer que estamos vivendo a “Era da fúria”: a rapidez nos torna impacientes e qualquer pessoa ou coisa que se interponha em nosso caminho, que nos faça moderar o ritmo, passa a ser um inimigo. Então a menor contrariedade e o mais leve atraso deixam roxas de fúria pessoas que poderiam ser consideradas normais. Ex.: compras, trânsito, trabalho,relacionamentos.

* já sabemos que a pressa tem nos custado a própria saúde e nos tornado desrespeitosos com os nossos semelhantes.


Por que estamos sempre com pressa? (etiologia)

A causa pode ser encontrada na nossa relação com o tempo e com o dinheiro. Desenvolvemos uma psicologia íntima da velocidade, da economia do tempo e da maximização da eficiência.

Isto começou na Rev. Industrial, com o início da era da máquina. Até então ninguém era capaz de mover-se mais rapidamente que o galope de um cavalo ou um veleiro à plena força do vento. De repente pessoas podiam viajar grandes distâncias com velocidade inédita...

Podemos ampliar a reflexão acerca das possíveis causas de toda esta correria: - pressão para evoluir; sensação de atraso.


A decadência da causa – o contrasenso

No entanto, já está provado que a própria economia sofre com a pressa.

O capitalismo moderno cria riqueza, mas ao custo de devorar recursos naturais com mais rapidez do que a natureza é capaz de substituí-los (exs: abuso da pesca e desmatamento).

Há também uma falta de tempo para a realização de testes de qualidade, o que nos últimos tempos tem levado a indústria de informática a lançar prematuramente seus produtos no mercado, ocasionando uma epidemia de defeitos que anualmente custa bilhões de dólares às empresas. Tudo isto sem contar com o custo humano com as doenças, etc.

Por sua própria natureza, o espírito é devagar (ritmo natural). Por mais que tentamos, não podemos acelerar a iluminação.


“O tratamento”:

E neste contexto, em várias esferas de ação humana que se possa imaginar, um número cada vez maior de pessoas tem optado por pisar no freio. Estão abrindo espaço para a lentidão.à Slow Movement.

O paradoxo: “Devagar” nem sempre quer dizer devagar. Desempenhar uma tarefa “Devagar” freqüentemente produz resultados mais rápidos. Também é possível fazer as coisas com rapidez, mas mantendo “Devagar” o estado de espírito.

A filosofia do Movimento Devagar pode ser resumida em uma palavra: equilíbrio.

O manifesto fundado pelo italiano Carlo Petrini, e suas repercussões propõe uma redução da velocidade em todas as suas formas. Essa filosofia muito simples vem conquistando terreno em todo o mundo, nos locais de trabalho, na prática de atividades físicas, na medicina e cuidados com a saúde, no lazer e até em construções de cidades!

No trabalho: Milhões de pessoas lutam por melhor equilíbrio entre vida e trabalho. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, os trabalhadores da França, Bélgica e Noruega (países que optaram por uma redução de carga horária de trabalho) tem maior produtividade horária que os americanos, e, os britânicos que trabalham mais tempo que os europeus ostentam um dos mais baixos índices de produtividade do continente.

Nos exercícios físicos: tai chi e ioga.

No pensar: o cérebro faz maravilhas quando desacelera àaumenta a concentração e a criatividade. Darwin era considerado um pensador lento e Einstein ficou famoso por ficar horas e horas olhando para o infinito.

Na medicina: homeopatia e fitoterapia tratando o corpo de maneira holística e suave.

Nas cidades: reorganização dos espaços urbanos para fazer as pessoas andarem mais e dirigirem menos.


O Slow Movement no mundo:

> Itália { Slow Food – comer o que cultivamos, com calma e saboreando.

> Itália { Città Slow – cidades do bem viver. Mais de 60 na Itália e 20 em Portugal e Inglaterra.

> Europa { Sociedade Européia para Desaceleração do Tempo – os desaceleradores usam a palavra alemã eigen zeit (tempo próprio) para resumir as suas convicções: “Todo ser vivo, todo acontecimento, todo processo e todo objeto tem o seu próprio ritmo e seu próprio andamento”.

> Japão { Japan’s Sloth Club (Clube da Preguiça no Japão)-Centenas de japoneses se filiaram ao clube que preconiza um estilo de vida menos apressado. A admiração pelo estilo de vida mais relaxado da Europa Mediterrânea está tão disseminada que já houve quem falasse de “latinização do povo japonês”.

> Austrália { Simplicidade Voluntária – nos últimos 12 anos, 2 milhões de australianos decidiram ganhar menos e consumir menos, optando por uma vida mais simples e com mais qualidade.

É importante lembrar que os ativistas do Movimento não são “novo hippies”, são opositores moderados da atual globalização e não estão empenhados em “destruir” o sistema capitalista, mas dota-lo de uma face mais humana. Não há repulsa pelo progresso, e sim, a vontade de preservar as tradições arquitetônicas, artesanais e culinárias próprias de cada região.


Princípios essenciais da filosofia devagar:

1- Trabalhe menos.

2- Coma devagar.

3- Medite.

4- Passe mais tempo com a família e com os amigos.

5- Cultive hobbies.


Qual a relação religiosidade//Movimento Devagar ?

A religiosidade é um recurso para se aderir ao movimento. Hoje em dia, muitas pessoas buscam o refúgio da velocidade no regaço seguro da espiritualidade.

Toda religião ensina a necessidade de diminuir o ritmo para entrar em contato com o eu, com o próximo e com Deus.


Salmo 46: “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus” (ao nos asserenarmos, criamos um ambiente propício para prece)



Em “O Livro dos Espíritos” temos como resposta à pergunta 682 : “...o repouso repara as forças do corpo e é também necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência , para que se eleve acima da matéria.” (o Devagar é um recurso de aprimoramento da inteligência e portanto um recurso evolutivo)

Em “A Gênese”, cap.VI, o espírito Galileu explica à Kardec que “...o tempo é uma medida relativa de sucessão de coisas transitórias...” e que para a eternidade “tudo é o presente”.Eis aqui um convite para nos preocuparmos menos com o tempo e suas coisas transitórias e mais com a eternidade, vivendo o presente sem muita correria.


“E o que tens ajuntado para quem será?” – Jesus. (Lucas, 12:20) Emmanuel (Caminho,Verdade e Vida) comenta com sabedoria este trecho do Evangelho, lembrando que em todos os agrupamentos humanos há um espírito de lucro e palpita a preocupação de ganhar.

Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva em corrida inquietante! E após o desencarne, ao examinar a própria bagagem, não encontra valores da alma!


Trabalho apresentado em reunião pública na sede da AMEMG, Belo Horizonte, MG. (Carlos Eduardo Sobreira Maciel - carlos.amemg@hotmail.com )



endereço: www.amemg.com.br
imagem:
growing-disciples.org


sábado, 29 de agosto de 2009

O FLUIDO UNIVERSAL E AS TEORIAS COSMOLÓGICAS




Alexandre Fontes da Fonseca

Instituto de Física da Universidade de São Paulo

São Paulo, S.P.

afonseca@if.usp.br

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo326.html


Resumo


Recentemente, algumas observações astronômicas têm chamado a atenção dos cientistas para o comportamento do Universo. Os modelos teóricos não explicam tais evidências o que tem levado ao surgimento de novas teorias. Neste artigo comparamos algumas destas evidências experimentais com uma afirmativa, feita pelos espíritos, na questão número 27 do Livro dos Espíritos. Os espíritos, ao caracterizarem o princípio material elementar do Universo, ou o Fluido Universal (FU), mencionam uma de suas propriedades que poderia, ao nosso ver, trazer luz ao referido problema que, nas últimas duas décadas, tem preocupado os cientistas. Apresentaremos um breve histórico sobre a origem dos modelos cosmológicos modernos mencionando os fatos que chamaram a atenção para o problema, e discutiremos a afirmativa dos espíritos.


PALAVRAS–CHAVE: Fluido universal; fluido cósmico; elemento material; cosmologia; constante cosmológica; efeito Casimir;


I Introdução


Quem poderia imaginar que uma despretensiosa afirmativa dos espíritos, feita há quase 150 anos, pudesse ser considerada como uma chave para solucionar um problema atual da Cosmologia ? Estamos falando da questão número 27 do Livro dos Espíritos [1,2]. Nesta questão, Kardec pergunta se haveria dois elementos gerais no Universo (espírito e matéria) ao que os espíritos respondem afirmativamente, acrescentando-se “...acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas”[2]. A afirmativa que nos chamou atenção para este artigo é a última frase desta resposta: “Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá”[2](Grifos nossos.). Voltaremos a ela após apresentarmos o problema atual que a Cosmologia ainda não resolveu.

Hoje em dia a concepção que fazemos do Universo é bem diferente da de séculos atrás. Acreditava-se ser a Terra o centro do Universo e que os astros, fixos em um abóbada rígida, o firmamento, se moviam de acordo com o movimento deste. Inclusive os gregos acreditavam que havia um quinto elemento1 que os mantinha presos ao céu[4]. Muitos astrônomos, cuja função básica era a de observar e mapear estes objetos celestes, começaram a perceber que este modelo de descrição da realidade falhava em sua principal função: explicar os dados obtidos pela observação. Para uma revisão histórica dos conceitos e mitos antigos sobre a criação e o Universo citamos o livro da referência [6].

A Ciência, hoje, desenvolveu-se bastante a ponto de nos fornecer uma idéia melhor sobre o Universo. Os livros da referência [7] e [8] trazem uma discussão acessível sobre os atuais modelos cosmológicos. Sabemos, por exemplo, que o nosso planeta, relativamente ao universo, se compara a um minúsculo grão de areia e que o nosso sistema solar é dos mais simples. Existem milhares e milhares de galáxias, cada uma contendo bilhões de sistemas solares, cada um contendo seus planetas. Conforme discutido no Evangelho Segundo Espiritismo[9] no capítulo III “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, a grandeza do Universo não deixa dúvida quanto à existência de humanidades irmãs habitando outros orbes. Segundo a Ciência, o Universo teria em torno de 12 a 15 bilhões de anos, mas isto ainda não é uma informação definitiva conforme veremos a seguir.

A Ciência, ao contrário do que se imagina, às vezes, não tem a palavra final sobre um determinado assunto. Vemos todos os dias novos medicamentos e tratamentos sendo utilizados em lugar de antigos que foram considerados ultrapassados. Vemos ainda, novos experimentos levando a Ciência a novos paradigmas sobre a realidade, como aconteceu com o surgimento da Física Quântica. E, apesar do conhecimento que temos do Universo que nos rodeia, existem questões em aberto que desafiam os cientistas nos dias de hoje. Pretendemos discutir algumas que nos parecem estar ligadas à afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27, citada no primeiro parágrafo. Antecipando as conclusões, desejamos estimular e incentivar aos espíritas que, porventura, estudem Cosmologia a pensarem na hipótese, formulada pelos espíritos, como um caminho para encontrar-se uma teoria que resolvesse tais problemas.

Assim sendo, este artigo discutirá a questão na seguinte ordem. Na seção II pretendemos fazer um breve histórico sobre a origem do problema que incomoda os cientistas na atualidade, bem como mencionar as evidências experimentais que o suportam. Na seção III reescreveremos as questões número 27, 29 e 36 do Livro dos Espíritos mostrando como elas se ligam ao problema. Na seção IV nós discutiremos o valor científico da afirmativa dos espíritos e o cuidado que nós, espíritas, devemos ter na divulgação destas idéias. Na seção V nós resumiremos as principais conclusões.


II Um breve histórico


O ponto inicial do problema que a Ciência está tentando resolver é a chamada equação de Einstein para todo o Universo. Não é importante para nós, aqui, analisarmos esta equação2, mas apenas um termo que Einstein teve que adicionar a ela, a chamada Constante Cosmológica.

Einstein assim o fez porque percebeu que sua equação tinha como solução um Universo dinâmico, sendo que a idéia aceita na época era de um Universo estático (entre as décadas de 1910 e 1920). Porém, anos depois, um pesquisador chamado Hubble descobriu, através de observações astronômicas, que o Universo estava se expandindo, e não era estático como se pensava. Einstein, então, resolveu tirar de suas equações a constante cosmológica que continha as correções para que o Universo fosse estático, com um sentimento de desapontamento consigo mesmo por tê-la proposto antes. O que Einstein não poderia imaginar era que a sua constante cosmológica teria que ser, novamente, considerada para dar conta de explicar as posteriores observações astronômicas.

Que o Universo está se expandindo, isto já é do conhecimento de todos os cientistas desde há muito tempo. Porém ainda não se sabia a que taxa isto está acontecendo. Esta informação é importante, por exemplo, para se estimar a idade do Universo. Um problema conhecido como A Crise da Idade[4,10], surgido na década de 1990, se refere aos primeiros cálculos e estimativas da sua idade. Os melhores cálculos, usando-se as equações de Einstein sem a constante cosmológica, resultavam num Universo com, aproximadamente, 10 bilhões de anos.

Isto estava em franco desacordo com as observações astronômicas que detectaram objetos a 15 bilhões de anos-luz3 de distância da Terra. No entanto, foi uma outra evidência recente que veio colocar mais dúvida nesta questão[11]. Alguns pesquisadores chegaram a conclusão de que o nosso Universo estaria se expandindo numa taxa maior do que no passado. Isso complica a 2 O artigo da referência [3] contém uma revisão bastante técnica do assunto, caso seja de interesse do leitor.

3 Um ano-luz corresponde a distância percorrida por um raio de luz no intervalo de tempo de um ano. Isto corresponde a uma distância de 9460.8 bilhões de km.

situação da teoria necessitando, ainda mais, a presença da constante cosmológica nas equações de Einstein para poder-se explicar estes dados. A quantidade de matéria que existe no Universo não é, portanto, suficiente para explicar nem a sua idade nem, muito menos, a sua taxa de expansão.

A questão seguinte foi descobrir o que significaria, em termos físicos, ou reais, a existência desta constante cosmológica. Os cientistas, analisando as equações de Einstein, chegaram a conclusão de que ela representaria algum tipo de matéria ou energia, presente no Universo, que teria como efeito causar uma repulsão gravitacional. Isto nunca foi observado na natureza. Todos os objetos materiais conhecidos se atraem devido a força gravitacional.

Mas, a discussão fica ainda mais complicada com a descoberta do chamado Vácuo Quântico. Segundo a Física Quântica, o aparente vácuo ou vazio de matéria, na verdade, não existe absolutamente. O chamado Princípio de Incerteza de Heisenberg prevê que, a todo o momento, partículas sejam criadas, do nada, e sejam destruídas logo em seguida após um intervalo de tempo muito curto. Os cientistas, então, resolveram calcular a energia total destes fenômenos que ocorrem no vácuo. Eles chegaram a duas conclusões[10] surpreendentes: 1) que esta energia é de uma intensidade quase infinita, isto é, muito maior que toda a quantidade de energia e matéria usuais, quando somada a sua contribuição em todo o Universo; 2) O seu efeito seria repulsivo, isto é, ela agiria como se fosse algo que repelisse a matéria gravitacionalmente. A segunda conclusão satisfaz a necessidade de algo que tivesse o efeito de repulsão gravitacional da matéria. Porém, a primeira conclusão diz que, se isso for verdade e se não existir nenhum outro fator, o Universo iria se expandir tão rapidamente que, por exemplo, jamais o núcleo de um átomo se formaria, pois esta expansão levaria as partículas que o constituiriam a distâncias muito grandes, muito mais rápido do que a atuação da força forte que normalmente as mantém juntas.

Esta é a maior discrepância entre teoria e realidade conhecida até hoje. Em termos da constante cosmológica, os efeitos do vácuo quântico levariam-na a um valor 120 ordens de grandeza maior (o número 1 seguido de 120 zeros) do que os cientistas estimaram segundo as observações astronômicas. De modo a percebermos o objetivo deste artigo, vamos reescrever este problema da seguinte forma: o efeito da energia do vácuo quântico seria o de fazer com que a matéria estivesse num perpétuo estado de separação. Esta expressão não nos é familiar ?

Kardec dizia no ítem VII da Introdução do Livro dos Espíritos[1] que “Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente”. Isto mostra o valor que Kardec atribuiu aos fatos, valor este que a Ciência considera como princípio básico. Constituem, portanto, fatos os seguintes eventos:

- É fato comprovado que o Universo está se expandindo a uma taxa maior agora do que no passado[11]. Isto é, a expansão do Universo está se acelerando.

- É fato, comprovado experimentalmente, um efeito cientificamente conhecido como efeito Casimir[12]: quando se aproximam duas placas metálicas muito perto uma da outra, no vácuo, surge entre elas uma força de atração que só é explicada devido ao fenômeno de criação e destruição de partículas no vácuo, conforme explicado acima. Portanto, os efeitos do vácuo quântico são reais. Porém, os cientistas tentam explicar o problema sugerindo que o cálculo da energia total do vácuo tenha sido feito de maneira errada e que alguma propriedade natural do Universo, ainda não descoberta, poderia anular ou compensar o seu valor. É aí que entraria a hipótese espírita. Voltaremos nela adiante. Existe, também, uma proposta teórica da existência de uma energia sutil chamada Energia Escura. A palavra “escura”, escrita ou falada, não tem aqui a conotação moral como utilizada em Espiritismo. Por “escura” os cientistas querem dizer sobre tudo o que não interage com a luz ou com outra radiação eletromagnética, de modo que não se pode perceber a sua existência simplesmente olhando-se para o céu com os telescópios. Como exemplo, os cientistas chegaram à conclusão, por vias indiretas, de que existe uma matéria, que eles consideram “escura”, que tem natureza diferente da matéria usual que conhecemos. Neste caso, a diferença entre essa matéria escura e a referida energia escura é o fato de que a primeira se comporta como a matéria comum com relação a força gravitacional, isto é, a matéria escura é atraída pela matéria em geral. Já a energia escura teria um comportamento contrário repelindo a matéria. Ela, portanto, segundo os cientistas, seria responsável pelo efeito de expansão do Universo. Alguns pesquisadores propuseram que ela forme um campo quântico batizado de quintessência[4] devido à sua pequena densidade. Na figura 1 mostramos a percentagem de cada tipo de energia e matéria do Universo necessária para que as observações astronômicas possam ser entendidas.

É importante enfatizar que apesar de ser o principal ingrediente do Universo, a energia escura, por ter densidade bem pequena, é extremamente rarefeita. Por esta razão, recentemente, Thiesen[5] propôs que este campo de quintessência ou energia escura seja o Fluido Universal (FU). Discordamos da proposta pela simples razão de que a energia escura tem como efeito repelir, afastar, fazer com que a matéria se afaste e se divida mais e mais. Segundo os espíritos, na questão número 27 do Livro dos Espíritos, conforme citado acima e transcrito logo abaixo, um dos efeitos do FU é fazer com que a matéria não esteja em estado de divisão.

Figura 1: Os ingredientes do Universo em sua constituição aproximada.

O principal deles é a energia escura. Figura adaptada da referência [4]


III Solução espírita


Nesta seção pretendemos transcrever os principais trechos de algumas questões do Livro dos Espíritos[2] que consideramos relevantes neste estudo e, em seguida comentá-las em relação ao que foi exposto até aqui.

“27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito ?

- Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.

Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo como elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não averia para que o espírito também não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e susceptível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade de coisas de que apenas conheceis uma parte mínima.

Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”(Grifos nossos).

“29. A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria ?

- Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido lhe é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.”

“36. O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço Universal ?

- Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.”

As questões de número 29 e 36 mostram concordância com relação à questão da energia escura e do vácuo quântico, respectivamente.

Para que fique bem claro que a afirmativa dos espíritos representaria uma proposta viável de solução para os problemas em cosmologia vamos rescrever, uma sobre a outra as afirmativas espírita e do problema do vácuo quântico, respectivamente:

____________________________________________

ESSE FLUIDO UNIVERSAL, OU PRIMITIVO, OU ELEMENTAR, SENDO O AGENTE DE QUE O ESPÍRITO SE UTILIZA, É O PRINCÍPIO SEM O QUAL A MATÉRIA ESTARIA EM PERPÉTUO ESTADO DE DIVISÃO E NUNCA ADQUIRIRIA AS QUALIDADES QUE A GRAVIDADE LHE DÁ.

____________________________________________

O EFEITO DA ENERGIA DO VÁCUO SERIA O DE FAZER COM QUE A MATÉRIA ESTIVESSE NUM PERPÉTUO ESTADO DE SEPARAÇÃO.

____________________________________________

Portanto, as flutuações do vácuo fariam o Universo se expandir de modo tão rápido que as partículas elementares que constituem a matéria nunca se juntariam para formar os corpos e substâncias e, por sua vez, a matéria nunca apresentaria as características que a gravidade lhes dá, quais sejam a da atração entre os corpos, a formação dos corpos celestes, etc. Por outro lado, como a realidade mostra que o Universo não está se expandindo tão rapidamente assim, então algo teve que anular o efeito do vácuo quântico. O que propomos é que os cientistas considerem a proposta feita pelos espíritos de que algo existe no Universo e que esse algo esteja anulando os efeitos do vácuo quântico. Esse algo seria o FU.


IV Cuidados na divulgação


Vimos como uma afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27 do Livro dos Espíritos pode levar a uma grande contribuição científica na área de Cosmologia. Nesta seção gostaríamos de tecer alguns comentários sobre o cuidado que nós, espíritas, devemos ter quando relacionamos os ensinos espíritas aos resultados da Ciência ou vice-versa.

Primeiramente é importante dizer que o presente estudo não se trata de afirmar que “a Ciência está confirmando o Espiritismo”. Na verdade ela não está preocupada com a nossa doutrina, mas sim em tentar descobrir as leis que estão por trás de todos os fenômenos naturais.

Neste artigo, descrevemos alguns destes fenômenos, de magnitude cosmológica, que ainda não foram completamente explicados. Nosso esforço foi o de mostrar que uma afirmativa dos espíritos pode levar a uma solução deste problema. Apesar disto ter um grande valor científico, cabe aos físicos e astrônomos que, porventura, sejam espíritas desenvolverem a idéia para dizer, finalmente, se esta hipótese realmente contribui para a questão.

O problema não se resolve ao, meramente, comparar a afirmativa dos espíritos com a problemática da cosmologia moderna. Estamos, na verdade, criando uma forte motivação para que isto seja pesquisado de maneira séria por quem entende do assunto, isto é, um pesquisador com experiência na área de Física e Cosmologia, que seja espírita ou, pelo menos, simpatizante de nossa doutrina. Isto pois, quando tratamos de Ciência, todo o rigor é mais do que necessário para que tenhamos um resultado amplamente aceito pela comunidade científica. A análise deste assunto por parte de um especialista é de extrema importância pois ele será o único capaz de traduzir a idéia espírita na linguagem técnica da Ciência.

Cabe, ainda, ressaltar que a referida afirmativa dos espíritos possui um outro valor científico que, infelizmente, apenas nós espíritas podemos reconhecer. É o fato de que uma afirmativa publicada há quase 150 anos poder estar ligada a um problema que somente nas últimas duas décadas tem preocupado os cientistas. Isso mostra, simplesmente, a superioridade dos espíritos que trabalharam com Allan Kardec na codificação da Doutrina Espírita, o que nos faz sentir mais fé e confiança nos seus ensinamentos.


V Conclusões


Neste artigo comparamos uma afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27 do Livro dos Espíritos com um problema para o qual os físicos e astrônomos ainda não encontraram solução. Os espíritos afirmaram que o FU seria responsável por não permitir que a matéria estivesse num perpétuo estado de divisão. Explicamos que a energia do vácuo quântico seria responsável por esse estado de divisão e propomos, de modo diferente dos cientistas e de acordo com os espíritos, a existência de um campo ou energia no Universo que anule ou compense este efeito. Esta proposta nada mais é do que a influência do FU sobre o efeito de divisão que o vácuo quântico geraria sobre toda a matéria.

Incentivamos o pesquisador espírita, especialmente o que possua formação profissional nas áreas em questão, a investigar esta hipótese dentro dos métodos e linguagem científicos de modo a trazer uma efetiva contribuição a este campo do conhecimento.

Discutimos os valores científicos desta proposta chamando a atenção do leitor espírita para a maneira de encará-la de modo a evitarem-se precipitações que tragam descrédito para o movimento espírita.

É importante lembrar que existem outras teorias que tentam descrever o Universo. Os livros das referências [7,8] falam sobre isso. Por exemplo, existe a chamada teoria das supercordas e variações desta teoria que foram demonstradas serem equivalentes e pertencentes a uma única teoria maior, ainda não descoberta, que os cientistas batizaram de Teoria M. Talvez esta teoria, considerada como a teoria de tudo, possa resolver os problemas expostos neste artigo através de outras explicações. Um exemplo mais concreto é o recente artigo intitulado “Holografy Stabilizes the Vacuum Energy” (Holografia estabiliza a energia do vácuo)[13] que propõe que uma dada propriedade chamada Holografia Gravitacional teria como conseqüência a diminuição do efeito de divisão da matéria que o vácuo quântico geraria. Uma análise deste artigo para ver o que ele poderia ter a ver com o FU escaparia do nosso objetivo neste artigo mas mereceria ser feito numa futura publicação.

Por tudo isso consideramos que os pesquisadores da área são os únicos a poderem avaliar de modo mais seguro a hipótese do FU como solução para os problemas cosmológicos.

Por fim, manifestamos nosso entusiasmo devido ao fato de que este ensinamento dos espíritos foi publicado há quase 150 anos atrás, bem antes de Einstein (que é o pai das teorias cosmológicas modernas) nascer. Isso mostra a sabedoria dos espíritos que trouxeram ao mundo os seus ensinamentos e nos enche de fé e confiança nesta doutrina que adotamos por filosofia de vida.

Artigo publicado na Revista FidelidadESPÍRITA Novembro 2003

Agradecimentos

O autor gostaria de agradecer ao Prof. Sylvio Dionysio de Souza, à Profa. Maristela Olzon de Souza e ao Prof. Silvio S. Chibeni pela leitura crítica deste compuscrito e por valiosas sugestões e discussões.

Referências

[1] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora Edições FEESP, 9a Edição, (1997).

[2] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a Edição, (1995).

[3] S. Weinberg, Reviews of Modern Physics, 61, p. 1 (1989).

[4] J. P. Ostriker e P. J. Steinhardt, Scientific American, 284, p. 46 (2001).

[5] S. Thielsen, Reformador, 2082, p.11 (2002).

[6] M. Gleiser, A Dança do Universo: Dos Mitos da Criação ao Big–Bang, Editora Companhia das Letras, (1997).

[7] S. Hawking, O Universo Numa Casca de Nóz, Editora Mandarim, 2a Edição, (2002).

[8] M. Kaku, Hiperespaço, Editora Rocco LTDA, 1a Edição, (2000).

[9] A. Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora EME, 1a Edição, (1996).

[10] L. M. Krauss, Scientific American, 280, p. 35 (1999).

[11] C. J. Hogan, R. P. Kirshner e N. B. Suntzeff, Scientific American, 280 p. 28 (1999).

[12] G. J. Maclay, H. Fearn e P. W. Milanni, European Journal of Physics, 22, p. 463 (2001). Para uma revisão histórica do efeito Casimir o leitor é referido à: D. L. Andrews e L. C. D. Romero, European Journal of Physics, 22, p. 447 (2001).

[13] S. Thomas, Physical Review Letters, 89, p. 081301 (2002).


imagem: pedroseverinoonline.blogspot.com


ECTOPLASMIA



A ectoplasmia, conhecida de modo mais popular como fenômeno de materialização, pelos estudos e experiências criteriosas realizadas há um século aproximadamente, ainda vem despertando o mais expressivo interesse da área cientifica. Foi Charles Richet quem utilizou a denominação diante das pesquisas realizadas em sua época.

A parapsicologia, com os conhecimentos dos dias atuais, tem por obrigação fazer a abordagem da temática, no capitulo dos fenômenos psi-theta. Devido à existência de inúmeros fatos, a ectoplasmia não pode ser relegada ao desconhecimento ou mesmo à falta de interesse, como desejam algumas posições sectaristas.

A ciência avalia os fenômenos de ectoplasmia com desconfiança. Como todo fenômeno psi-theta, a ectoplasmia não pode ser controlada de acordo com as diretrizes e vontade do epsquisador. Essa fenomenologia, em que os agentes psi-theta (Espíritos) participam, é quase sempre fugaz, de difícil abordagem e controle, pela presença de inúmeros fatores que se desenvolvem em dimensão diversa daquela que a metodologia cientifica pode avaliar e controlar.

Laboraram nestes fatos inúmeros pesquisadores, dos quais lembramos: Albert Coste, em 1895; Alexandre Aksakof (1832-1903), em 1895; Paul Gibier (1851-1900), em 1998; William Crookes (1832-1919), em 1899; Gabriel Delanne (1857-1926), em 1909 e 1911, e muitos outros.

Os autores são categóricos em afirmar a inconteste existência dessa mecânica, na qual dois elementos entram, indiscutivelmente, no processo: o ectoplasma e o agente orientador para que a moldagem se observe. De um lado, a matéria ectoplásmica, fugaz e vaporosa e, do outro, o campo organizador da forma (campo espiritual), as espessas do qual o ectoplasma se distribui em adequada moldagem.

O VOCÁBULO ECTOPLASMIA PASSA A DEFINIR, com mais precisão do que o termo materialização, a formação de objetos e pessoas em ambiente apropriado, às expensas da substancia especifica doada pelos sensíveis ou médiuns (ectoplasma; do grego ektós, por fora; plasma, molde ou substância). Devemos fazer diferença ente o termo ectoplasma empregado em biologia – para designar a região mais eterna do protoplasma celular – e o significado parapsicológico do presente escrito.

O ectoplasma é substancia amorfa, vaporosa, com tendência a solidificação pela evolução do fenômeno, tomando forma por influencia de um campo organizador especifico. Facilmente fotografado, de cor branco-acinzentado, vai desde a névoa transparente à forma tangível, de aspecto semelhante aos tecidos vivos, oferecendo sensação de viscosidade e frieza.

O ectoplasma foi analisado por vários pesquisadores, dos quais destacamos as seguintes conclusões:

1 – Dr. V. Dombrowsky (Varsóvia); “O ectoplasma está constituído de matéria albuminóide, acompanhado de gordura e de células tipicamente orgânicas. Não forma encontrados amiláceos e açucares”.

2 – Dr. Francês (Munique); “Substancia constituída de inúmeras células epiteliais, leucócitos e glóbulos de gordura”.

3 – Dr. Albert Scherenk-Notzing, citado por Charles Richet; “O ectoplasma está cosntituido por restos de tecido epitelial e gorduras”.

4 – Dr. Hernani G. Andrade; “O ectoplasma é substancia formada com recursos da natureza, originando-se dos tecidos vegetais (ectofiloplasma) de origem animal (ectozooplasma) e de origem mineral (ectomineroplasmal)”.

Muitos autores que analisaram a substancia encontraram células anucleadas em sua constituição. O ectoplasma seria substancia originária no protoplasma das usinas celulares, onde o ATP (trisfosfato de adenosina) teria expressiva participação, ao lado de outros elementos. Dessa forma, não podemos deixar de considerar a importância do fósforo nas atividades bioquímicas orgânicas e, conseqüentemente, no desenvolvimento do processo ectoplásmico em suas especificas dosagens.

NO DIZER DO PROFESSOR ALDEMAR BRASIL: “Em sítese, o ATP – que equivale por cada ligação piro-fosfática desgarrada de sua molécula, a mais ou menos 7.500 kcal – é a unidade usada em biologia para expressar a transferência de energia oriunda do ciclo de Krebs, e de outras fontes. No ciclo de Krebs, também denominado de ciclo dos ácidos tricarboxílicos, a energia é libertada pela transferência de elétrons para a cadeia respiratória, provindos de substratos em que o hifrogenio é ativado, desgarrado e transportado com seu eletron até o oxigênio, também atiçado ao receber esses elétrons, formando-se, então, a água. Para tanto, no ciclo de Krebs, há processos de descarbolização, desidrogenação, etc., operados por enzimas especificas ativadas por coenzimas determinadas”.

Qual o mecanismo criativo do eclotoplasma na organização do agente doador (sensível ou médium)? Claro que seria uma condensação energética apropriada transformando-se em matéria. A informação de André Luiz em AMecanismos da Mediunidade é bastante lógica e sensata: “O ectoplasma resulta de um processo de desagregação molecular formado por forças desconhecidas, ao mesmo tempo em que o fenômeno fica sob controle de campos de forças organizadoras capares de reagrupar as moléculas segundo um modelo determinado”.

O fenômeno de ectoplasmia, é preciso que se diga, é fenômeno de plasmagem e não de criação de matéria. A plasmagem se dará às expensas da substancia (energia) fornecida pelo médium que, pouco a pouco, atingirá o processo de condensação, voltando à sua fonte por mecanismo inverso. Temos como certo, também, que o ectoplasma é substancia que, além de fornecida pela organização humana (médium), será plenamente enriquecida (completada) com outros elementos da natureza, provindos dos vegetais e de outras matérias orgânicas de origem animal, numa especifica arregimentação.

Os chamados processos de ectoplasmia investem complexa mecânica, de difícil avaliação pelos atuais métodos que a ciência pode oferecer. Para que o fenômeno se observe e seja bem equacionado, haverá necessidade de lembrarmos o conceito de Claude Bernard de que na usina celular opera-se a totalidade dos fenômenos vitais, muitos dos quais transcendem a avaliação pelos nossos sentidos. A maioria desses fenômenos bioquímicos, mormemente de esfera da ectoplasmia, estaria ligada aos compostos fosforados e suas correlações com as enzimas e hormônios.



NO NÚCLEO CELULAR EXISTIRIAM FONTES específicas de energia, ligadas ao ADN e ARN (ácido desoxirribonucléico e ribonucléico), a comandarem os processos metabólicos mais expressivos no soalho protoplasmático. O elemento participante ativo desse processo de formação de energias no corpo celular seria o ATP (trifosfato de adenosina), resultante do ciclo de Krebs. O ATP, sendo a fonte primordial de energia nos processos celulares, estaria comprometido na formação do ectoplasma. Esse processo de doação do ATP traduziria uma “qualidade especifica” do médium na manifestação da fenomenologia paranormal de efeitos físicos.

Haveria, neste caso, por intermédio das organizações celulares, uma maior irradiação dessas energias, que se tornariam mais expressivas nas reuniões destinadas a esse tipo de trabalho. Isto mostraria a influencia dos participantes da equipe (encarnados e desencarnados) concorrendo no maior fornecimento da substancia ectoplasmática por parte dos que apresentam essa possibilidade. Quando a quantidade de substancia irradiativa fosse bem expressiva, já fora da fonte de origem, poderiam mostrar-se sob forma gasosa visível (nuvem), por um processo de condensação, constituindo material especializado e com possibilidade de aproveitamento nos mecanismos em pauta.

No denominado passe energético, muito utilizado nas casa espíritas sob forma de fluidoterapia, acreditamos que esses elementos de irradiação, devidamente elaborados pelo psiquismo, carregam em seu bojo quase que especificamente energias originárias no ATP da usina celular. Ainda mais, este material de doação energética, passando à dimensão física por condensação, poderá ser aproveitado pelas Entidades Espirituais na vestidura de seus campos de forças nos trabalhos especializados da ectoplasmia.

Assim, essa substancia, o ATP, deverá fazer parte do ectoplasma e, à medida que o processo se desenvolve por condensação, vai oferecendo as naturais modificações químicas pela queima da molécula fosfórica que permitiria a ectoplasmia luminosa; por tudo, podemos avaliar a importância do fósforo, em suas múltiplas combinações, no mecanismo da ectoplasmia.


ESCLARECEMOS QUE O PROCESSO DA ECTOPLASMIA revelando o aparecimento de um ser humano (Espírito envolto no ectoplasma) não representa exclusivamente a vestidura com ATP. Haveria na massa ectoplásmica, em sua cosntituição, pelo alto teor de energias que carrega consigo, outros elementos orgânicos das próprias células ou mesmo substancias arrecadadas na natureza, em especificas reações químicas às expensas de equipes espirituais que participem do processo.

Chepelle descobriu que o mecanismo de emissão de luz dos pirilampos (vaga-lumes) estaria ligado a uma enzima, a luciferase, quando oxidada pela luciferina. Neste mecanismo, não haveria participação ativa do ATP celular? Não existiria, neste processo, uma correlação, pela reações afins, de doação de energias embora em degrau bioquímico diverso, com a mecânica da ectoplasmia?

Na ectoplasmia, a bioquímica seria mais avançada, e deverá existir uma participação toda especial das camadas profundas do psiquismo do doador, sem que a vontade e o raciocínio da zona superficial ou consciente possam interferir. Isso não quer dizer que a zona do inconsciente ou espiritual do doador ou médium seja a responsável pelo processo ectoplásmico, mas uma zona orientadora dos mecanismos psicológicos e parapsicológicos.

Só haverá ectoplasmia de um ser humano quando o campo inteligente do agente psi-theta, ou campo espiritual, comandar o processo. O inconsciente ou psiquismo de profundidade do médium dirige o seu próprio metabolismo e quimismo, mas nunca a moldagem externa do objeto. A substancia ectoplasmica, ao definir a morfologia humana, terá que sofrer a influencia orientadora dos vórtices inteligentes do agente modelador que, de acordo com a necessidade e possibilidade, traduziu o processo de modo parcial ou total, a fim de atingir a sua finalidade.

As variedade de ectoplasmia são inúmeras e com tonalidades especificas. Existem moldagens tão marcantes da parte do doador (médium) que o campo modelador não consegue efetivar com precisão as suas próprias características, mostrando semelhança com o corpo do médium; é como se o médium reforçasse o mecanismo com substancia pré-moldada, isto é, como se o seu corpo astral (matéria orgânica especifica irradiante) fosse projetado na massa ectoplasmica em processamento. Isso tem criado muita celeuma quanto à validade do processo. Aqui não cabe a discussão do problema.

Além das variedades parciais ou totais, a ectoplasmia poderá ser opaca ou luminosa. Neste ultimo caso, pela iluminação da forma em exposição devido à queima do fósforo, será apreciada com detalhes, pela nossa visão, a aparição. Sabemos que os processos de ectoplasmia, em sua maioria, necessitam da ausência de luz branca para a sua realização; esta como que desorganiza o processo, o que não acontece com a faixa luminosa do vermelho, até recomendado nas câmaras de ectoplasmia.

Concluindo, a ectoplasmia encontraria no ATP das células umas das substancias especificas paras as próprias moldagens. E estas só seriam possíveis com a presença do campo-organizador-orientador do agente psi-theta ou Campo Espiritual.


Dr. Jorge Andréa

Fonte: Revista Espiritismo e Ciência 13, páginas 10-41


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