sábado, 28 de maio de 2011

AS MEMÓRIAS HUMANAS


Marta Antunes Moura


O Dicionário Médico Enciclopédico Taber informa, na página 1.103 da 17a edição, que “memória é registro, retenção e recordação mental da experiência, conhecimento, idéias, sensações e pensamentos passados”. Apresenta, em seguida, significados de vários tipos de memória humana. A Neurobiologia e a Psicologia Cognitiva apresentam conceitos semelhantes, destacando que não existe uma memória, mas várias. Médicos, biólogos e psicólogos concordam que a memória é a base do conhecimento, independentemente da forma com que se apresente. Deve, pois, ser estimulada e desenvolvida para que experiências humanas se acumulem e sejam capazes de imprimir significado à vida cotidiana.

As pesquisas científicas mais significativas são recentes (segunda metade do século vinte), a despeito de existirem informações que se reportam a Sócrates e Aristóteles. Os estudos das diferentes memórias são complexos e envolvem uma gama de conhecimentos especializados, sobretudo investigações sobre fatores neurofisiológicos, bioquímicos, moleculares e emocionais. Importa considerar que a memória não se restringe a um “local” ou “setor” em nosso cérebro, onde são guardados os registros do mundo e de nós próprios. Por não ser também uma função única de retenção de dados informativos, evita-se hoje falar em memória, no sentido singular, mas em vários sistemas ou tipos de memórias, que abarcam mecanismos, tipos e formas relacionados a diferentes funções mentais.

A memória humana está, atualmente, classificada em dois tipos, segundo os critérios de duração, funções cerebrais envolvidas, grau de retenção, conteúdos e processamentos neurológicos: memória declarativa e memória de procedimentos.

A primeira, relacionada à capacidade de verbalizar fatos e eventos, depende do esforço de evocação ou de recordação. Está subdividida em:

a) memória imediata, assim denominada porque tem duração de segundos, ou menos, sendo apagada em seguida. Exemplo: capacidade de repetir mentalmente um número antes de uma discagem telefônica;

b) memória de curto prazo ou, segundo a Psicologia Cognitiva, memória de trabalho. A duração é de algumas horas, deixando traços na mente. Está vinculada às emoções, às sensações e aos hábitos. O cérebro registra apenas o que precisa ser lembrado e utilizado. Exemplos: lembranças sobre alimentos ingeridos no almoço ou de atividades realizadas no dia anterior;

c) memória de longo prazo. Esta memória abrange períodos de tempo maiores, meses ou anos. Exemplo: aprendizado de uma nova língua.

O segundo tipo de classificação da memória – a de procedimentos ou não-declarativa – diz respeito à capacidade mental de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas. Exemplos: tocar um instrumento musical, andar de bicicleta, executar uma atividade manual (bordar ou costurar, pintar uma parede) ou procedimento técnico (fazer incisão cirúrgica). Trata-se de uma memória mais permanente, difícil de ser perdida.

Existem outros tipos de memórias que podem ser inseridos nessa classificação, como as memórias implícita e explícita, comumente identificadas nas abordagens cognitivistas. As duas estão relacionadas à capacidade mental de “lembrar de informações armazenadas em diferentes tipos de memórias, como a declarativa (fatos) e procedural (movimentos)”.1 Há também as memórias semântica e episódica. A semântica refere-se à retenção de informações solidamente aprendidas, tais como conceitos, habilidades, fatos e raciocínios: “Seria uma memória de domínio, expertise, de informações utilizadas de forma adequada e freqüentemente (por exemplo, gramática, matemática, vocabulários, fatos) associadas a abstrações e linguagem”.2 A memória episódica está associada à lembrança de eventos pontuais que especificam quando, onde e como aconteceram em nossa vida. Depende, pois, do contexto espaço- temporal.2

Doenças físicas e psíquicas, traumas psicológicos ou provações previstas no planejamento reencarnatório podem afetar os diferentes tipos de memória. As patologias neurológicas (AVC,Doença de Alzheimer, amnésias, etc.), em especial, têm servido de referência para estudos avançados. O padrão comum, no que diz respeito aos dispositivos reencarnatórios em vigência no Planeta, é ode não se recordar de experiências pregressas vividas em outras existências ou no plano espiritual. Recordações espontâneas de vidas passadas ainda representam exceção à regra.

O grande desafio apresentado às ciências biomédicas é o de precisar onde e como são processadas as informações que caracterizam as memórias: no cérebro ou na mente? Os cientistas concordam que os processos de memórias ocorrem nos lobos cerebrais, sendo que os lobos frontais têm ação específica porque fazem conexões com outras estruturas do cérebro, como o hipocampo e a amídala neural. Essa concordância não se estabeleceu, porém, em bases pacíficas, provocando uma polêmica que parece não ter fim. Há cientistas que defendem a idéia de que o cérebro serve apenas de suporte para a manifestação da mente; outros argumentam que o cérebro em atividade “cria” a mente.3

A Doutrina Espírita não tem dúvidas a esse respeito. Como espíritas, sabemos que o comando de todos os processos intelectivos e morais cabe ao Espírito. A mente é de natureza extrafísica e dirige todas as funções fisiológicas, sobretudo as neurológicas, com auxílio do perispírito. O perispírito serve de intermediário entre o Espírito e o corpo, transmitindo sensações e percepções. “[...] Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa”.4

O assunto, entretanto, é bem mais complexo do que imaginamos. O Espírito André Luiz esclarece que o acesso a memórias é feito por meio de ações apropriadas no cérebro (físico e/ou perispiritual), conforme demonstra a experiência vivida por dona Laura e o esposo Ricardo, personagens de Nosso Lar: “[...] Depois de longo período de meditação [...] fomos submetidos a determinadas operações psíquicas, a fim de penetrar os domínios emocionais das recordações. Os espíritos técnicos no assunto nos aplicaram passes no cérebro, despertando certas energias adormecidas... [...]”.5

Os lobos frontais do cérebro, objeto de importantes estudos atuais, desenvolvidos pela Ciência, são especialmente manipulados quando se deseja acessar arquivos de memórias. No Mundo Maior, há o relato
da ação de Cipriana no cérebro de Ismênia, visando a liberação de memórias específicas (memória episódica): “[...] nossa diretora, cingindo-lhe os lobos frontais com as mãos, a envolvê-la em abundantes irradiações magnéticas, insistia, meiga, provocando a emersão da memória em seus mais importantes
centros perispiríticos [...]”.6

André Luiz, na tentativa de esclarecer a relação que existe entre o cérebro e a mente do Espírito, revela a importância de ambos nos processos de memórias e do psiquismo humano:

“Erguendo-se sobre os vários departamentos do corpo [...] o cérebro, com as células especiais que lhe são próprias, detém verdadeiras usinas microscópicas [...].

É aí, nesse microcosmo prodigioso que a matéria mental, ao impulso do Espírito, é manipulada e expressa [...].

Nas reentrâncias de semelhante cabine, de cuja intimidade a criatura expede as ordens e decisões [...] temos, no córtex, os centros da visão, da audição, do tato, do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memória [destacamos] e de múltiplos automatismos, em conexão com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memória profunda, do discernimento, da análise, da reflexão, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o ser se enriquece no trabalho da própria sublimação”.7


Referências:

1- BERTOLOZZI, Márcia Regina. Um estudo sobre a memória e solução de problemas: enfoque das neurociências. Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre em Engenharia.
São Paulo: USP, 2004. p. 26.

2- Idem, ibidem. p. 27.

3- Idem, ibidem. p. 25.

4-KARDEC, Allan. Obras póstumas. 38. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte, “Manifestações dos Espíritos”, item 10, p. 49-50.

5-XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar. Pelo Espírito André Luiz. 56. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 21, p. 136-137.

6- No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 19, p. 296.

7- XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 9, p. 81-82.


Reformador - Novembro 2006


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segunda-feira, 23 de maio de 2011

QUE É DEUS?


Paulo Roberto Martins

O professor Rivail, já utilizando desde então o codinome "Allan Kardec", abre o capítulo primeiro, do livro primeiro da codificação da Doutrina (Ensinamentos) dos Espíritos, com a pergunta título deste artigo.

Kardec já tomava por base que para iniciar e ter total empenho nas suas pesquisas espíritas, nunca seria demais a máxima frieza e o sistemático controle das paixões evitando descambar-se para a religiosidade muito forte da época, para a curiosidade pueril, para a sede do sobrenatural ou quaisquer manifestações deste gênero. Tanta convicção tinha neste comportamento que mais adiante advertiria os seus seguidores: "O Espiritismo será científico ou não subsistirá".

Recebeu dos Espíritos que "assinam" os prolegômenos de "O livro dos Espíritos" a resposta mais próxima da verdade científica até hoje já concebida: - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

A lei básica que rege o Universo (todas as coisas) é a lei de Causa e Efeito ou Ação e Reação, como é conhecida no meio científico. Para um efeito inteligente sempre haverá uma causa inteligente correspondente.

Para que possamos chegar próximos a entender o que é Deus, devemos fazer um esforço para idealizarmos mais ou menos o que seria o Universo, começando portanto pela tomada de consciência do espaço tridimensional (comprimento, largura e altura) que ocupamos no mesmo, passando daí para a percepção do espaço da nossa residência, bairro, cidade, estado, país, continente e planeta Terra com seus 40.000 quilômetros de extensão na circunferência. A Terra faz parte de um sistema solar que possui apenas 9 planetas com 57 satélites no total de 68 corpos celestes. A "grosso modo" em relação a outros astros do sistema solar, a Terra possui um volume 49 vezes maior que o da lua e 1.300.000 vezes menor que o do sol. É preciso que tenhamos noção de sua pouca importância diante do restante do Universo.

Nosso sistema solar faz parte de uma pequena galáxia conhecida por Via Láctea, um aglomerado de cerca de 100 bilhões de estrelas, com pelo menos cem milhões de planetas e conforme os astrônomos, no mínimo cem mil com vida inteligente e mil com civilizações mais evoluídas que a nossa.

As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), elevaram o número de galáxias conhecidas para 50 milhões. Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente a 1 quatrilhão de sóis.

Diante destes números pensaríamos haver chegado na idéia do que é o Universo; ledo engano, pois estas áreas, ou melhor, volumes, representariam apenas 3% do que seria a totalidade de tudo dentro do tridimensional e espaço / tempo como conhecemos. Os espaços interplanetários, interestrelares e intergalácticos, obviamente, formariam a maior parte daquilo que chamamos de Universo.

Os fenômenos de aporte (transporte de matéria através de outras dimensões) tão conhecidos dos pesquisadores da paranormalidade e a anti-matéria já produzida em laboratórios experimentais mais desenvolvidos através do planeta, nos dão a confirmação dos estudos de pesquisadores da capacidade de um Friedrich Zöllner, que no século passado , comprova a existência da quarta dimensão e conseqüentemente outros tantos Universos, quantas tantas dimensões for possível conhecermos.

A teoria mais moderna da criação do Universo, nos remete não apenas para o Bigbang (a grande explosão) início de tudo, mas, para a idéia de vários bigbangs, com Universos cíclicos através de quatrilhões ou mais de anos.

E aí? Será que conseguimos chegar perto da idéia da concepção e tamanho da obra de Deus, para tentar entendê-lo?

Não seria no mínimo estranho que após esta monumental obra inteligente, Deus colocasse em um planeta que representa um ínfimo grão de areia em uma cadeia de montanhas como o Himalaia, sua grande criação, o homem, feito sua imagem e semelhança?

Nosso grande irmão e amigo Jesus, há 2000 anos, já passava em forma de contos e parábolas vários conhecimentos intelectuais e morais que possuía devido ao seu grande estado evolutivo, quando em missão entre nós, confiada pelo Criador afirmou: "Na casa de meu pai existem muitas moradas".

Para concluirmos esta nossa pequena intenção de lançarmos nossos confrades na especulação ao entendimento do que seria Deus, iremos nos valer da "coleção de livros" chamada Bíblia, que no entender do grande intelectual e eminente espírita Dr. Carlos Imbassahy, é um livro como outro qualquer, em que nos seus textos contém tudo que a gente queira para justificar, a favor ou contra qualquer coisa.

No Antigo Testamento, Livro Gênesis, Capítulo 1 (Criação do homem), versículo 26 temos: "e (por fim) disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança (sic...)".

Se tomarmos como verdadeira a hipótese de que a Bíblia é a palavra de Deus, qual seria a imagem correta do nosso Criador? Um homem ou mulher? Velho, ariano de barbas longas ou de cor negra, e magro como os etíopes (teoricamente os primeiros hominídeos) ?

Não seria melhor tentarmos entender uma concepção mesmo que não a conheçamos bem? Como por exemplo: o que sabemos a respeito do que somos (espírito)? Qual a imagem fiel que temos do mesmo? Ninguém sabe, ou melhor, conhecemos bem o corpo material, e relativamente o periespiritual, mas não o espírito. Conforme Allan Kardec, o espírito é alguma coisa formado por uma substância, mas cuja matéria, que afeta nossos sentidos, ele não nos pode dar uma idéia.

Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo clarão varia de acordo com o grau de sua depuração. Sendo assim, pois, teríamos o entendimento melhor de nossa imagem de acordo com a de Deus.

No tocante a semelhança é mais fácil a sua comparação quando procuramos compreender a eternidade, já que a palavra pressupõe algo que não tem início nem fim, como Deus; que é infinito, único, perfeito e todo-poderoso. Já ao passo que nós somos algo como semi-eternos; tivemos um começo criado por Ele e evoluímos na Sua direção conforme o Seu desejo.


e-mail : poncy@ig.com.br

Artigo publicado no Jornal Espírita de Pernambuco / Julho 2000


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sexta-feira, 20 de maio de 2011

A IMPRENSA ESPIRITA NUMA CONCISA CONSIDERAÇÃO


(25/10/06)

Iniciaram-se as civilizações com a imprescindível necessidade da comunicação, recorrendo ao mecanismo da palavra falada. O grande salto da comunicação humana, consubstanciou-se na imprensa (palavra escrita), cujo mestre foi Johannes Gutenberg, considerado ‘O Pai da arte tipográfica mecânica’. Quatro séculos após a descoberta desse notável personagem alemão, Allan Kardec advertia contra o proselitismo enfadonho, recomendando, porém, a divulgação dos princípios doutrinários com base no bom senso.

Destarte, a imprensa espírita atual merece o apoio e o incentivo dos espíritas.

Não há como desconhecermos a importância da divulgação espírita para a manutenção da chama viva da Terceira Revelação. Atualmente, tornar-se-ia impossível enumerar e/ou nomear todos os veículos de difusão espírita existentes no mundo. No Brasil, considerado o maior país espírita do mundo - em extensão e abrangência, e em número de adeptos - há um sem número de publicações escritas, bem como centenas de emissoras de rádio e televisão, veiculando informações espíritas, além da existência de milhares de sites da Web, de teor espírita, sendo injetados na Rede. Percebe-se que, quanto mais se expande o ciberespaço, mais se amplia o universo espírita.

A Imprensa Espírita constitui um dos exponenciais instrumentos de disseminação dos preceitos espíritas na Terra, encerrando todas as possibilidades e todos os meios de comunicação atuais e os que vierem a ser criados ou aperfeiçoados.

"A imprensa espírita cristã representa um veículo de disseminação da verdade e do bem." (1) Vivemos momentos em que a informação espírita é vital para a sociedade. "O conhecimento espírita, na essência, é tão importante no reino da alma, quanto à alfabetização nos domínios da vida comum”. (2) O jornalismo espírita é um notável canal de divulgação, capaz de conduzir o leitor às informações fundamentais da nossa realidade doutrinária, balizando-o, vigorosamente, em efetivos projetos de espiritualização.

Destarte, é mister que esse jornalismo espírita esteja compromissado com a ética, com a verdade conceitual da nossa doutrina e com a melhor qualidade dos temas publicados.

Melhoria, essa, que não deve ser considerada apenas a “beleza externa”, com impressão gráfica policrômica, mas, sobretudo, o conteúdo (mensagens). Urge arrostar desafios e ter capacidade de informar sobre os fatos e os preceitos kardecianos, de forma a colaborar com o leitor em sua consciência crítica. Isto é logrado através da melhor compreensão dos objetivos do jornal e do modo como o jornal deve ser produzido.

Os Editores precisam “sistematicamente despersonalizar, ao máximo, os conceitos e as colaborações, convergindo para Jesus e para o Espiritismo o interesse dos leitores”(3) sem perder de vista a seleção dos escritos que precisam ter “clareza, concisão e objetividade, esforçando-se pela revisão severa e incessante, quanto ao fundo e à forma, de originais que devam ser entregues ao público”. (4) Porém, lamentavelmente, existem órgãos de imprensa espírita que mais não fazem senão aguçar a vaidade dos dirigentes das instituições, publicando periodicamente suas fotos e nomes, numa demonstração de total ausência de humildade.

A propaganda doutrinária para fazer prosélitos não é a necessidade imediata da Doutrina, até porque “a direção do Espiritismo, na sua feição de Evangelho redivivo, pertence ao Cristo e seus prepostos, antes de qualquer esforço humano, precário e perecível”. (5) Desta forma, toda cautela ainda é pouco para que a veiculação dos preceitos doutrinários não venha a se converter em ingente esforço de propagação ideológica, a fim de converter a todos, sob o guante da insensatez dos espiritismos particulares!

Quanto mais cresça em moralidade a imprensa espírita, mais distantes estarão e menos sucesso terão os arautos das interpretações polemizantes, sem outro propósito que não o de indispor, de desarmonizar e desunir. Eis o motivo - segundo cremos - pelo qual, existe tanto vedetismo nessa área, tanta vaidade, tantos interesses pessoais se sobrepondo ao coletivo.

Lamentamos os periódicos que preenchem suas páginas com mensagens repetitivas e com artigos que pouco acrescentam. Não são muitos os órgãos difusores do Espiritismo que se propõem a apontar problemas doutrinários e indicar soluções. A grande maioria prefere vender a imagem de um mundo de ilusões e de maravilhas que só o Espiritismo pode oferecer, induzindo seus leitores ao entorpecimento da razão. Poucos são os articulistas e oradores que têm o ânimo e a coerência de se colocarem em defesa do restabelecimento da verdade e do espírito crítico no meio espírita. Isto salta à vista, já que quanto mais esclarecimento, menos idolatria, e como o espírito do mundo é muito forte, é preferível “agradar” a todos, a “desagradar” a grande platéia de espíritas idólatras, mantendo-se, apenas, na condição de contemporizador.

A Doutrina Espírita precisa de seu jornalismo. Não foi sem lógica que, em 1858, Allan Kardec recebeu anuência dos Benfeitores para iniciar a edição da Revista Espírita; não é sem razão que a imprensa espírita cresce e se desenvolve, pois, na mesma proporção em que uns periódicos se extinguem, outros surgem. Na Revista Espírita de maio de 1863, Kardec conta que, certa vez, tinha recebido três mil mensagens de várias partes da Europa, aguardando uma possível publicação; selecionou cem que continham temas de moralidade inatacável. Fez nova triagem e, das cem, chegou a trinta, realmente de ótimo valor estético e moral. Porém, das trinta mensagens, só cinco apresentavam real valor para obterem espaço na Revista Espírita.

É bom refletirmos sobre isso!

Consideração e homenagem à virtude, ao talento, à coragem, às boas ações dos verdadeiros jornalistas espíritas e seus periódicos imunes ao endosso às práticas antidoutrinárias ; que sigam avante na tarefa de amor às letras do Consolador, que fazem vibrar corações e jubilam os espíritas que a elas se consagram.

Jorge Hessen

E-Mail: jorgehessen @gmail.com

Site: http://meuwebsite.com.br/jorgehessen


Fontes de Referência:

(1) Xavier, F.C. Conduta Espírita, RJ: Editora FEB, 1989 , cap. 14, ditada pelo Espírito André Luiz

(2) Xavier .F.C.Sol Nas Almas, MG: Editora CEC, 1989

(3) Xavier, F.C. Conduta Espírita, RJ: Editora FEB 1989 , cap. 14, ditada pelo Espírito André Luiz

(4) Idem Ibidem

(5) Xavier, F.C. Conduta Espírita, RJ: Editora FEB, 1979, cap.IV pergunta 218, ditada pelo Espírito Emmanuel



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domingo, 15 de maio de 2011

AMÉLIE GABRIELLE BOUDET


A FIEL COMPANHEIRADE KARDEC

Conhecida em sua época como a Madame Rivail, esposa de Allan Kardec (Hypolite Léon Denizard Rivail) nasceu em Thiais, Sena, em 23 de novembro de 1795. Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, e de Julie-Louis Seat de Lacommbe.

Após cursar o colégio primário, mudou-se com a família para Paris, continuando seus estudos na Escola Normal, onde diplomou-se professora de primeira classe. Professora de Letras e Belas Artes, culta e inteligente, demonstrando muita vivacidade e interesse pelos estudos desde a infância, foi autora de três obras: "Contos Primaveris", 1825, "Noções de Desenho", 1826, "O Essencial em Belas Artes", de 1828.

1 - CASAMENTO

Em 6 de fevereiro de 1832 casou-se com Allan Kardec. Nove anos mais jovem que Amélie, Kardec em momento algum preocupou-se com essa diferença, que em Amélie passava desapercebida, tal sua jovialidade física e espiritual.

Associando-se ao esposo, Amélie dedicou-se também a apoiá-lo no trabalho desenvolvido no Instituto Técnico fundado por Kardec logo após concluir seus estudos com Pestalozzi, em Iverdum. É importante observar que foi somente em 1833 que instituiu-se na França o ensino primário, por força da Lei Guizot.

2 - DIFICULDADES

No ano de 1835, Amélie e Kardec, diante de sérias dificuldades, são obrigados a encerrar as atividades do Instituto Técnico. Enquanto Kardec trabalhava como contador para empresas comerciais, Amélie dedicava-se, durante o dia, preparando os cursos gratuitos que passaram a ministrar - de 1835 a 1840 - na própria residência, por falta de recursos para implantá-los em outro local. Apoiando Kardec em seus empreendimentos, Amélie colaborou para que sua obra pedagógica ganhasse volume e qualidade, sendo adotada pela própria Universidade da França, reproduzindo-se em dezenas de edições. Com esse trabalho, foi possível ao casal alcançar uma posição financeira satisfatória, dando respaldo a Kardec para iniciar, em 1855, sua pesquisa sobre os fenômenos sobrenaturais das mesas girantes, que transformou-se na época, em verdadeira celeuma continental.

Após o lançamento de "O Livro dos Espíritos", ern 18 de abril de 1857, Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sediada em sua própria residência. Envolvido em tramas de ódio e calúnia, Kardec a todos os Obstáculos enfrentou, sempre contando com o apoio de Amélie compreensiva e meiga para com ele, certa da imensa grandeza e responsabilidade que representava o trabalho de Kardec. No dia 31 de março de 1869, quando Kardec aos 64 anos partia para o mundo espiritual, Amélie foi capaz de manter a serenidade e a dignidade que se espelharam em sua face.

3 - DESPEDIDA

Diante de uma multidão de mais de mil pessoas, no dia dos funerais de Allan Kardec, manteve-se serenamente contemplativa, observando com respeito e admiração as palavras daqueles que se despediam - segundo Camille Flammarion - do "bom senso encarnado". Comparecendo a todas reuniões para as quais convidada, após a desencarnação de Kardec, Amélie cantinuou presidindo a belíssima sessão realizada anualmente no Dia dos Mortos, durante a qual vários oradores transmitiam ensinamentos sobre a desencarnação e a vida espiritual.

4 - TRANSFORMAÇÕES

Tomando para si os encargos do esposo desencarnado, empenhou-se junto aos fiéis discípulos de Kardec para criar - segundo os planos do Codificador - a "Sociedade Anônima do "Espiritismo", entidade que levou adiante a divulgação doutrinária, a administração da Revista Espirita e da livraria. Em 1871, P. G. Leymarie - médium e colaborador incansável - assumiu , essas tarefas, diante da necessidade de repouso que a idade avançada exigia de Amélie. Em 18 de outubro de 1873, a razão social da entidade é alterada para "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec", atendendo sugestões daqueles que entendiam que assim caracterizavam melhor o objetivo proposto inicialmente.

5 - DEDICAÇÃO

Até o final de sua vida Amélie atendia em particular aqueles que a ela recorriam em busca de uma palavra de consolo e de esclarecimento. Em 21 de janeiro de 1883, às cinco horas da madrugada, ainda lúcida e amável aos 87 anos de idade, Amélie retornou à pátria espiritual. Sem contar com herdeiros diretos, Amélie e Kardec não tiveram filhos, os bens do casal foram destinados, em testamento, para a "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec". Não obstante o empenho de uma parenta, e de seus filhos, no sentido de anular sua vontade, nada conseguiram, em virtude da decisão da justiça, que considerou soberana a decisão de Amélie, destinando para a entidade o patrimônio acumulado nessa existência.

No dia de seu sepultamento, no cemitério de Pere-Lachaise, há 12 km, de sua residência, durante cerimônia simples e despojada, Leymarie falou de improviso, lembrando o grande valor de Amélie, afirmando que a publicação de "O Livro dos Espírítos" e da "Revista Espírita" se deveu, em grande parte ao seu esforço pessoal, insistência e perseverança.

É certo que o encontro de Amélie com Allan Kardec deve-se a compromisso assumido na espiritualidade, em função de sua missão grandiosa que caberia aos dois empreender. Esse encontro de almas foi a aliança abençoada que reforçou em ambos a disposição e a fé para sobrepujarem inúmeros obstáculos, servindo para a posteridade de exemplo de firmeza e determinação.

Afonso Moreira Jr. - Jornal Espírita - setembro/08


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sexta-feira, 13 de maio de 2011

REFLEXOS CONDICIONADOS


Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO:1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico: 3.1. O Problema da Originalidade; 3.2. De Galenus (Galeno) a René Descartes; 3.3. De René Descartes a Thomas Willis.3.4. De Thomas Willis a Pavolv. 4. Pavolv e os Reflexos Condicionados: 4.1. Ivã Pavlov; 4.2. A Técnica de Pavlov; 4.3. Aplicação em Propaganda. 5. Espiritismo: 5.1. Automatismo e Corpo Espiritual; 5.2. Reflexos Psíquicos; 5.3. Fenômeno Hipnótico e Mediunidade. 6. Atitude e Mudança Comportamental. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO
Uma das maiores generalizações da ciência biológica é que todo o organismo vivo tende a variar suas atividades em resposta à mudança das condições do ambiente. Quando as circunstâncias externas modificam-se, os animais procuram adaptar-se à nova situação. O cão faminto, por exemplo, dirige-se ao lugar em que normalmente come. Não encontrando o seu alimento, busca outras alternativas até saciar a sua fome. Por outro lado, os pássaros deslocam-se de um lugar para outro, a fim de se ajustarem às condições climáticas. O propósito desta palestra é estudarmos, em conjunto, a mudança e a adaptação do comportamento humano. Desta forma, o nosso trabalho versará sobre os seguintes itens: o conceito de reflexo, histórico, a contribuição de Pavlov, a ótica espírita e a mudança comportamental.

2. CONCEITO
Reflexão: ao incidir sobre uma superfície, a luz se reflete, ficando porém retida uma parte, cuja energia é absorvida. A superfície da água pode ou não refletir a luz de acordo com o seu estado. (Enciclopédia Luso-Brasileira)

Reflexo: - do lat. reflexu "voltado para trás", "revirado", "retorcido". Adj. Que se volta sobre si mesmo; reflexivo (Dicionário Aurélio). Fisiologia: resposta de um órgão efector (músculo ou glândula), resultado da estimulação de receptores ou das vias nervosas que lhes correspondem. Será involuntário e automático. Em outras palavras, reação involuntária, sensorial ou motora, a um estímulo exterior. (Enciclopédia Luso-Brasileira)

Reflexos Congênitos ou Incondicionados: são os chamados protetores, alimentares, posturais e sexuais, detentores de vias nervosas próprias, como que hauridos da espécie, seguros e estáveis, sem necessidade do córtex. (André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, p. 92)

Reflexos Adquiridos ou Condicionados: respostas conseguidas por estímulos diferentes daqueles que primitivamente as provocavam, por meio de associação ao estímulo normal em condições preestabelecidas para se obter o chamado condicionamento (Enciclopédia Luso-Brasileira). Em outras palavras, são os que se produzem sob determinadas condições, independentemente do estímulo direto.

3. HISTÓRICO
3.1. O PROBLEMA DA ORIGINALIDADE
No campo religioso, reportamo-nos ao clã totêmico; no campo da filosofia, ou dos temas filosóficos, buscamos Sócrates, Platão e Aristóteles; no âmbito da medicina, Hipócrates etc. De acordo com Pessoti, em Pré-História do Condicionamento, "A noção ou conceito de movimento reflexo ou comportamento reflexo é, por exemplo, um assunto no qual vários "pais" da idéia foram proclamados, de acordo com um conceito de reflexo próprio de cada historiador e fruto da perspectiva histórica e teórica de análise em que este se coloca" (1976, p. 1). Por exemplo, diversos pesquisadores atribuíram a Albrecht von Haller (1708-1777) a descoberta de dois fatos revolucionários na fisiologia do movimento: insensibilidade e irritabilidade. Na verdade, Haller não descobriu a irritabilidade nem a insensibilidade mas tentou com incoerência e alguma pressa contestar conhecimentos solidamente estabelecidos por seus antecessores, servindo-se de experimentos discutíveis embora numerosos (Pessotti, 1976, p.1).

3.2. DE GALENUS (GALENO) A RENÉ DESCARTES
A história do reflexo está estreitamente ligada quer às origens do estudo experimental do comportamento, quer à formação da fisiologia nervosa. Muitas pesquisas sobre a gênese da noção de reflexo atribuem a René Descartes. Há interpretações controvertidas acerca do papel da fisiologia mecanicista cartesiana na formação histórica do conceito de reflexo. A teoria cartesiana é incontestavelmente uma "teoria mecanicista, mas não é a teoria do reflexo" (Pessotti, 1976, p.16). Galeno (131-200 d. C.) não se enveredou pelo lado filosófico, mas sim pela observação sistemática e controlada, o que foi possível graças à introdução da técnica da vivissecção.

3.3. DE RENÉ DESCARTES A THOMAS WILLIS
Os elementos fundamentais da neurofisiologia cartesiana eram: a) concepção dos "espíritos animais"; b) concepção de nervo; c) processo de condução do impulso nervoso. Os espíritos animais, para Descartes, eram o resultado de transformação do sangue aquecido pelo coração. Para Willis, são produzidos no encéfalo e mais exatamente no cérebro e cerebelo, mas não no coração (Pessotti, 1976, p. 20).

3.4. DE THOMAS WILLIS A PAVLOV
Borelli, fundador da escola iatromecanica, cuja explicação do movimento deve ser procurada nas leis da mecânica e da matemática, substitui os "espíritos" de Descartes e de Willis, por um líquido nervoso, succus nerveus, que corre através das fibras dos nervos. Von Haller estuda a irritabilidade. Robert Whytt é o primeiro a falar da ação reflexa em harmonia com os dados experimentais, Marshall Hall (1790-1857) apresenta uma rigorosa distinção entre movimentos voluntários e involuntários, num artigo lido diante da Royal Society, I. M. Séchenov estuda os reflexos do cérebro e Ivan Pavlov o condicionamento dos reflexos. (Pessotti, 1976, p. 28 a 122)

4. PAVLOV E OS REFLEXOS CONDICIONADOS
4.1. IVÃ PAVLOV
Nasceu em 1849, ano em que morria um importante especialista da fisiologia experimental, Filomafitsky (autor da primeira fístula estomacal), cujo nome está ligado à história de Pavlov, por causa da abertura do estômago, in vivo.

Pavlov completara quatro anos de idade, quando as idéias de Marshall Hall sobre a "função reflexa" eram já de domínio geral entre os fisiologistas. Aos onze anos, Pavlov era estudante no seminário de Riazan e em 1861 conheceu os princípios de Pissarov que atacava os preconceitos relativos à pesquisa científica e às resistências que se opunham ao desenvolvimento cultural do país.

O método científico absorvido de Pissarov fê-lo dar importância à experimentação, passando a combater toda a forma de preconceito metafísico no estudo dos processos fisiológicos (Pessotti, 1976, p. 113).

Seus professores são expulsos do país. Tem dificuldade de arrumar emprego. Por fim é convidado por Botkine, e pode realizar importantes pesquisas sobre a digestão, que o tornaram uma personalidade científica de fama internacional: tratava-se de numerosos trabalhos com os quais aperfeiçoou a técnica de abrir "fistulas" ou "janelas" para observar in vivo os processos internos dos animais.

4.2. A TÉCNICA DE PAVLOV
Pavlov, como fisiologista, esteve por muito tempo interessado em glândulas e suas secreções. Por esta razão e porque as reações glandulares são facilmente medidas, as primeiras reações condicionadas são salivares.

A Experiência de Pavlov foi feita sob rigoroso controle. Pegou um cão, amarrou-o, isolou-o de muitos barulhos externos, tais como os da rua e de outros cachorros, a fim de ter o mínimo de discrepância em sua conclusão. Pavlov sabia que colocando um pouco de ácido na boca do cão, este emitia saliva. Por outro, um som qualquer não o fazia emitir. O seu experimento consistia, então, em colocar o ácido na boca do cão, ao mesmo que tocava uma campainha. Depois de várias repetições, deixava de colocar o ácido e somente com o som da campainha, o cão começava a salivar. Quis mostrar que o estímulo inicial cessado, o cão reagia pelo efeito condicionado (Shaffer, 1936, p.56-57)

4.3. APLICAÇÃO EM PROPAGANDA
Os operadores de marketing, aqueles que querem vender os seus produtos, utilizam o processo de reação condicionada (de compra), baseado em Pavlov. As condições são: repetição, intensidade e clareza (ou simplicidade) dos estímulos. Observe que os anúncios são cheios de cores, rápidos e repetitivos. Quantas vezes não vemos uma mesma informação? Ou um mesmo comercial? Além do mais, os psicólogos sociais observam a questão do comportamento refletido, que se aproxima do homo aeconomicus e o comportamento semi-refletido ou irrefletido, que deste se distancia. (Reynaud, 1967, p. 58 e 59).

5. ESPIRITISMO
5.1. AUTOMATISMO E CORPO ESPIRITUAL
Atividades reflexas do inconsciente: a proposição de escrever requer todo um aprendizado prévio. Como? Aprender letra, soletrar, escrever etc. No campo do Espírito é vestir a matéria densa e desvestir-se. É o processo de encarnação e desencarnação.

Automatismo e herança: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento" (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, p. 39)

5.2. REFLEXOS PSÍQUICOS
Toda a mente vibra na onda de estímulos e pensamentos em que se identifica. Nos cães de Pavlov, comer é ato automático. A carne é hábito adquirido. É nesses reflexos condicionados da atividade psíquica que principiam para o homem de pensamentos elementares os processos inconscientes da conjugação mediúnica, ou seja, emissão e recepção de ondas. Nesse sentido, conversação, leitura e filmes representam agentes de indução extremamente vigorosos (André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, p. 93).

5.3. FENÔMENO HIPNÓTICO E MEDIUNIDADE
Atenção, concentração, meditação e êxtase são fases para melhoria da passividade mediúnica. O hipnotismo, o circuito magnético, o circuito mediúnico são termos que usamos para facilitar a comunicação mediúnica. Assim sendo, todos somos médiuns, porque todos somos passíveis de receber as inspirações do mundo espiritual.

6. ATITUDE E MUDANÇA COMPORTAMENTAL
Atitude é a maneira coerente e peculiar de reagir a determinados estímulos. Seus componentes são: "pensamentos", "crenças", "sentimentos ou emoções" e "tendências para reagir". As atitudes são aprendidas pelos princípios da "associação, da "transferência" e da "satisfação das necessidades"

Por que a mudança de atitude é mais difícil do que o aprendizado?

É que alteramos o componente pensamento-crença, sem afetar o sentimento e tendência reativas. Estudos da Psicologia Social tem mostrado que existe primeiramente dificuldade de persuasão, principalmente nos crédulos, que dependem do líder e dificultam a absorção de proposições alheias. Esses psicólogos verificaram que a estratégia para mudar um componente da atitude realinha todos os outros componentes na mesma direção. Quanto maior o tempo que um automatismo foi recalcado mais difícil é sua mudança. Veja-se por exemplo, a obsessão que segue varias encarnações. Como rebentar de uma vez os laços que estão jungidos por longo tempo.

A CONFIANÇA NO PROFESSOR SOCIAL, afirmam eles, é extremamente útil para auxiliar nossas mudanças comportamentais. (Kardec, 1978, p. 4 a 18)

7. CONCLUSÃO
A questão da reformulação de nossas atitudes é uma questão de profundidade. O que seria a reforma íntima no contexto dos reflexos condicionados? Seria mudar as nossas respostas aos velhos estímulos. É como uma pessoa no trânsito em que costuma responder com um palavrão ao estímulo de uma fechada. Até que se exercitando acaba por aceitar a situação, não se ofendendo com o que aconteceu.


8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1975.

KARDEC, A. A Obsessão. 3. ed., São Paulo, O Clarim, 1978.
PESSOTTI, I. Pré-História do Condicionamento. São Paulo, Hucitec, 1976.
REYNAUD, P. L. A Psicologia Econômica. São Paulo, Difusão Européia, 1967.
SHAFFER, L. F. The Psychology of Adjustment: An Objective Approach to Mental Hygiene. USA, Houghton Mifflin, 1936.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.


texto - http://www.panoramaespirita.com.br
imagem - lucianodudu1974.blogspot.com

domingo, 8 de maio de 2011

A CURA PELA MÚSICA


Há algum tempo, a música vem traduzindo o belo, elevando pensamentos, sensibilizando corações, refletindo nas criaturas as inúmeras possibilidades de cura através das fragrâncias de paz do jardim da melodia, da sublimidade da harmonia, da inspiração dos ritmos que movimentam em nós os recursos para uma nova ótica e sensibilidade sobre o assunto.

A música já foi comprovada cientificamente como fonte de cura mental, corporal e espiritual, estendendo-se para vários pontos do mundo, onde é reconhecida como “musicoterapia”. Técnicas como “nível aumentativo”, “nível intensivo”, “nível auxiliar”, entre outras, são de suma importância para o restabelecimento da criatura, caso esta obtenha o merecimento para tal.

Existem hoje muitas obras importantes nas quais podemos buscar o estudo detalhado, que abordam este assunto de maneira clara e objetiva. Dois bons exemplos são os livros Definindo Musicoterapia, de Kenneth E. Bruscia, e O Poder Oculto da Música, de David Tame. Este último fala, através do capítulo “Musicoterapia, o remédio universal”, sobre a utilização da música como tratamento pelos gregos e árabes, originalmente transmitidos por civilizações anteriores e também utilizados pelos povos antigos da Índia e da China, que, cientes do valor terapêutico destas técnicas, utilizavam seus templos como lugares de repouso e de energização espiritual, onde essas terapias eram aplicadas.

Conta-se que Hipócrates, o “pai da medicina”, levava seus casos de enfermidade ao Templo de Esculápio para, ali, ouvirem a música comovedora e revigorante. Os sacerdotes do templo e os médicos de Roma fizeram uso da musicoterapia até a completa cristianização do império. Os árabes do século XIII tinham salas de música nos hospitais, onde praticavam o que denominavam “medicina musical”, usando composições específicas para cada tipo de doença: mental, moral e física.

Como podemos perceber, a boa música nos propicia momentos de refazimento, higienizando nossas mentes, organizando ou reorganizando nossos sentimentos e pensamentos para o equilíbrio necessário. Ela cria no universo de cada um momentos para uma melhor compreensão do verdadeiro significado da sinfonia dos ventos, do concerto dos pássaros, do canto suave da chuva, do ir e vir das ondas, entre tantas outras canções de teor elevado orquestradas pelo infinito amor e misericórdia de Deus.

A relação entre notas, cores e chacras


O livro A cura pela música e pela cor, de Mary Bassano, apresenta mais um esclarecimento sobre as várias composições musicais espiritualmente inspiradoras que podem elevar nossa consciência, além de esclarecer a relação entre as notas, as cores e os chacras. Segundo a autora, a cor vermelha está relacionada com o chacra básico e com a nota “do”; o laranja (a segunda cor) está relacionado com o chacra genésico, correspondente à nota “ré”; o amarelo se relaciona com o chacra gástrico e com a nota “mi”; o verde corresponde ao chacra cardíaco e à nota “fá”; o azul se relaciona com o chacra laríngeo, correspondente à nota “sol”; o índigo (azul marinho) corresponde ao chacra frontal e à nota “lá”; o violeta (a sétima cor) está relacionado ao chacra coronário, correspondente à nota “si”.

Nesta mesma obra, Mary Bassano acrescenta que, embora a terapia pela música tenha comprovado ser de grande valor nos hospitais, sua adoção ainda é dificultada pela ausência de intuição, de espontaneidade e de espiritualidade, três elementos essenciais na harmonização do corpo. No entanto, as ciências médicas, físicas e espirituais estão alcançando rapidamente um ponto de mútua compreensão e isso proporciona grandes esperanças e expectativas para essa era maravilhosamente criativa em que vivemos.

Desobsessão pela música


A obsessão se expressa de várias maneiras: de encarnado para encarnado, desencarnado para desencarnado, encarnado para desencarnado, desencarnado para encarnado (pela obsessão recíproca) e a auto-obsessão. O obsessor costuma agir utilizando todos os recursos ao seu alcance, interfere na mente daquele que persegue com seu pensamento, buscando-o através de uma espécie de jugo ou possessão, dependendo da gravidade do caso em que estejam envolvidas as criaturas.

André Luiz, através do livro Dissertações Espíritas, psicografado por Antônio Fernandes Rodrigues, descreve que um determinado obsessor não demovia de seu desejo de vingança, apesar da bem arrazoada doutrinação promovida pelos instrutores espirituais. Sabedores de que o perseguidor era fã de Beethoven, encaminharam-no, sem despertar suspeita, para uma casa onde se ouvia a “Pastoral”. O obsessor, ao perceber aquela melodia tão admirável, esqueceu seus intentos, dissipando todo aquele rancor que lhe fustigava a mente. Os sons harmoniosos fizeram o importantíssimo trabalho de abrir as portas enregeladas de seu coração, proporcionando condições para que fosse abordado de forma mais feliz, aceitando a argumentação envolvido emotivamente pela música.

Portanto, que também possamos escancarar portas e janelas de nossos corações para uma melhor compreensão sobre a importância da música, de melodias e harmonias que são tão pouco reconhecidas na grande maioria das casas espíritas como mais uma fonte de equilíbrio para nosso restabelecimento físico e espiritual, além de serem utilizadas pelos inúmeros compositores e intérpretes como mais um veículo de divulgação e esclarecimento da doutrina espírita. Façamos a paz em nossos corações hoje e por toda a eternidade, através das mais belas melodias da vida.



Celso Santos



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição especial 02



texto - http://www.rcespiritismo.com.br

imagem - simonearoeira.blogspot.com


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