sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MEDITAÇÕES ACERCA DA INTELIGÊNCIA


Hermínio C. Miranda

Ninguém diria com maior autoridade que o próprio Kardec que o Espiritismo é doutrina essencialmente evolutiva, o que significa dizer que não nos foi trazida inteira acebada, cristalizada e dogmática. O Espiritismo é um corpo vivo de pensamento e, como tal, suscetível de desdobramentos cujos limites não temos condições de alcançar ou prever. É preciso observar bem, no entanto, onde e quando, como e porque devemos e podemos trabalhar as suas inúmeras sínteses a fim de que, movidos pela intenção de desenvolver certos aspectos doutrinários, não cometamos o desacerto de deformá-los irreparavelmente. E isto é fácil de ilustrar, quando nos lembramos de que toda a complexa teologia moderna cita cristã não é mais do que o “desdobramento” dos simples e luminoso conceitos evangélicos formulados pelo Cristo. Como foi possível partir de afirmativas como “... não busco minha vontade e sim a vontade daquele que me enviou”, para chegar-se, por exemplo, à formulação da divindade de Jesus? Por onde entrou, nessa teologia, o dogma do pecado original? Como nasceu a doutrina das penas eternas? Ou o conceito de uma só existência para o ser humano, com um julgamento final e irrecorrível?

Enfim, os exemplos poderiam ser multiplicados, se a finalidade aqui não fosse apenas a de ilustrar uma idéia, ou seja, a diretiva de que os comentaristas da Doutrina Espírita precisam manter um elevado padrão de lucidez e de humildade intelectual para não contaminarem o Espiritismo com os seus preconceitos e não o retransmitirem sob uma ótica que, em lugar de ampliar determinados aspectos, o deformem grotescamente, a ponto de torná-lo irreconhecível. A Doutrina não é um cadáver sobre o qual poderemos, à vontade, realizar nossas experimentações mutiladoras, nem um aparelho, ao qual possamos substituir peças e adaptar a outras finalidades. Repitamos: é um organismo vivo e dever ser tratado como tal, ou seja, com todos os cuidados necessários e com o máximo respeito que toda manifestação de vida deve merecer-nos.

Não obstante, o Espiritismo não rejeita aqueles que se aproximam dele com o respeito a que acima nos referimos, dispostos a desdobrar aspectos que ainda lá estão em síntese, à espera dos trabalhadores qualificados que, por certo, andam por aí e ainda virão. É o caso da mediunidade, por exemplo, para citar apenas um entre muitos aspectos. Os estudos sobre essa faculdade começaram ainda com o próprio Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, continuaram nas notáveis obras de Gabriel Delanne. Aksakof, Lombroso e tantos outros e, ainda em nossos dias, prosseguem em novos desdobramentos, com André Luiz. E estamos longe de veros limites do território e explorar, pois os seus contornos escapam à nossa percepção. Mas, que em todos esses cometimentos não percamos de vista os parâmetros de eferição e os marcos implantados nas obras básicas, a fim de que não percamos pelos domínios da fantasia ou do personalismo doutrinário, que fraccionaria o Espiritismo em ramos e seitas que muito teríamos a no futuro. Em suma: na frase felicíssima do confrade Jorge Andréa: é preciso dinamizar Kardec, não dinamitar Kardec.

Ainda há pouco, aqui mesmo em “Obreiros do Bem” (artigo sob o título “Centenário de uma Frase”, junho de 1976) propunhamos a formulação de modelos espíritas para a sociedade futura, em vez de nos demorarmos indefinidamente pelos caminhos, a tentar convencer da realidade do Espírito aqueles que não desejam ainda ser convencidos. Dizíamos, então, que não vemos muito sentido nesse esforço gigantesco de acumular provas que, de certa forma, não servem nem a nós, os que não mais precisamos elas, nem àqueles que não as desejam aceitar, porque se obstinam em defender suas fortalezas de opereta de ceticismo estéril.

Tentemos, porém, ser mais específicos quando mencionamos os tais modelos ou matrizes, pois é necessário, desde logo, relembrar um princípio inarredável em qualquer dessas inúmeras possibilidades de ampliação e aplicação dos conceitos doutrinários: O Espiritismo não é um movimento arregimentador de massas, nem se presta a servir de base para militâncias políticas de qualquer colaboração ou tendência. Sua filosofia de ação é aquela que se dirige ao homem, ou melhor, ao Espírito imortal reencarnado, pois entende que, como soma dos indivíduos, a sociedade não poderá, jamais ser melhor do que os seus componentes. Os cemitérios da História estão cheios de doutrinas que alimentaram a ilusão de arrumar a sociedade de baixo para cima, ou seja, cuidando do ser coletivo, quando o trabalho precisa ser feito no indivíduo, por meio do despertamento para a sua realidade espiritual interior. Somos Espíritos e não unidades de produção, votos, consumidores, massa de manobra, enfim.

Sejamos ainda mais específicos, na descida cautelosa aos pormenores, ao particular.

O capítulo quarto do “O Livro dos Espíritos”, ao referir-se à questão do princípio vital, cuida dos aspectos subsidiários dos conceitos de inteligência e instinto. (Questões 71 a 75, páginas 78 e 79 da 34ª edição da FEB). O que Kardec considerou prudente perguntar e o que os Espíritos decidiram suficiente ensinar na época está, pois resumido em apenas 5 questões. É óbvio que isto não esgota a temática suscitada, nem era esse o objetivo dos elaboradores da Doutrina. Quantas sugestões preciosas, no entanto, partem daqueles discretos comentários! A que amplos desdobramentos não se prestam as sínteses propostas pelos Espíritos e as observações adicionais de Kardec!

Desejava o Codificador saber se inteligência a matéria são independentes, “porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la”. (1) A fonte da inteligência é a inteligência universal, sendo, no entanto, “faculdade própria de cada ser, e constitui sua individualidade moral”. Advertiram, porém, neste ponto, que havia limites por aí, além dos quais o homem não poderia seguir, por enquanto.

Será que o instinto dependeria da inteligência? - desejou saber Kardec.

- “Precisamente, não, - respondem os Espíritos - por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades”.

Instinto e inteligência acham-se tão intimamente ligados que muitas vezes se confundem. A força diretora do instinto é tão preciosa que os Espíritos acrescentaram que também ele “pode conduzir ao bem”. E mais ainda:

- “Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia”. (Os destaques são meus, evidentemente).

Ante o inusitado do ensinamento, Kardec desejou saber por que nem sempre a razão é guia infalível.

- “Seria infalível - respondem seus amigos invisíveis - se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.

Aí está, pois, em apenas duas páginas, um mundo fascinante de sugestões para futura especulação.

Que interessante definição, por exemplo, essa de que o instinto é uma inteligência sem raciocínio, que funciona como instrumento através do qual os seres vivos atendem às suas necessidades. Podemos lembrar aqui as recentes e curiosas experiências do Prof. Bakster com as plantas, que confirmam com notável precisão os ensinamentos transmitidos pelos Espíritos há mais de um século. O instinto, que ele foi descobrir nas plantas, por meio de seus sensíveis aparelhos, é exatamente isso: uma inteligência sem raciocínio a serviço da integridade da planta. Que necessidade seria mais essencial do que a da conservação? As plantas reagem nitidamente tento às vibrações de afeto com as de ódio; àquele que cuida delas ou que procura destruí-las, informa da sua alegria ao serem confortadas, com um pouco de água ou da sua apreensão ao sentirem-se em terreno ressecado. Dentro do seu limitado círculo de recursos instintivos, a planta age realmente com inteligência, ainda que desprovida de razão, pois que, se a tivesse, disporia também de livre-arbítrio, como também ensinaram os Espíritos. A razão começa junto com a consciência de si mesmo, o que nem plantas nem animais possuem.

A reflexão nos levará a inferir que o instinto é a pré-história da inteligência racional e, por isso, tem que ser mais seguro na sua direção do que a fase subseqüente. Ainda sem dispor de razão, o ser vivo não pode errar, porque não teria como corrigir o erro. Por isso os Espíritos disseram que o instinto nunca se transvia. Nunca é uma expressão de tremenda força. A possibilidade de transviamento começa, pois, quando surge a razão que nos proporciona o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de decidir entre duas ou mais alternativas. Por outro lado, novo aspecto digno de profundas meditações é o de que a razão seria orientadora infalível dos nossos atos, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo”.

E, assim, com esta razão falseada que as inteligências transviadas montam complexas estruturas filosóficas, aparentemente muito racionais, mas totalmente falsas, porque a razão que lhes serviu de modelo estava contaminada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo.

Lembremos aqui à razão absoluta, purificada, é que se referia Kardec ao recomendar que a fé teria que, também ela, submeter-se, e isto é tão verdadeiro que vemos variedades espúrias de fé. Paixão e razão que se misturam. A razão é fria porque neutra, embora não insensível.

Mas, nestas reflexões, por mais atraentes que sejam, nos afastamos um pouco do nosso tema. Ou não?

Retomemos o conceito de inteligência e experimentemos projetá-lo um pouco mais longe. Após os ensinamentos trazidos pelos Espíritos a Kardec, como se desenvolveu no meio científico a especulação em torno da inteligência? Que é inteligência em termos de ciência?

Uma pesquisa histórica revela que a palavra em ai foi utilizada pela primeira vez por Cícero, ao transpor a expressão dia-noesis, criada por Aristóteles, sendo útil aqui lembrar que noesis é entendimento, compreendido.

A incipiente psicologia escolástica medieval, derivada, em grande parte, dos conceitos aristotélicos, acabou cristalizando a “definição”, se assim podemos chamá-la, de que inteligência era a qualidade abstrata comum e característica dos processos intelectuais. Isso, como se vê, corresponde a declarar que a água é molhada, mas, enfim, tal era a escolástica...

Com a decadência dessa corrente filosófica, o termo entrou em desuso e só foi retomado por Herbert Spencer, já no século 19, que, no entanto, deu-lhe uma interpretação meramente biológica, ou seja, materialista e que praticamente perdura até hoje. Sem poder explicá-la em termos precisos, e desapoiado de qualquer suporte espiritualista, Spencer achava que a inteligência explicava-se pela presença dos pais na formação do ser, o que vale dizer que ele apenas transferia o problema para a geração anterior e o desta para a imediatamente anterior e assim por diante, sem chegar às raízes da questão.

Seja como for , as especulações de Spencer permitiram conceituar psicologicamente a inteligência como capacidade de resolver, com êxito, situações novas, entendimento aceitável que, ao que eu saiba, prevalece até hoje.

Inegavelmente, porém, as pesquisas em torno da inteligência ainda não se libertaram das amarras e das vendas materialistas, e ao campo da ciência ortodoxa não chegou ainda a iluminação que se irradia a partir das informações colhidas no mundo espiritual, nem das eu decorrem de todo o acervo de fatos documentados pelos investigadores da fenomenologia espírita.

Ainda se pensa que inteligência é uma questão basicamente genética colorida por influências mesológicas, ou seja, hereditária e desenvolvida sob forte pressão do meio ambiente. Para sermos justos, é preciso reconhecer que alguma influência realmente exercem a hereditariedade e o meio, mas não tanto quanto julgam os cientistas acadêmicos, e não propriamente sobre a inteligência em si, mas sobre suas manifestações.

Vamos tentar compreender melhor isso. Um casal de criaturas marcadas pela debilidade mental pode gerar uma criança também prejudicada mentalmente mas isso não significa que este novo ser seja espiritualmente um débil mental. Na verdade, pode ser um gênio que apenas não conseguiu criar no corpo físico, em gestação sob condições tão adversas, um instrumento adequado de manifestação de seu potencial. Não são raros, porém, os casos de filhos altamente inteligentes nascidos de pais deficientes. A recíproca também é válida: pais inteligentes gerando filhos retardados.

Por outro lado, o ambiente em que se desenvolve a criança exerce sobre sua inteligência uma influência que não pode ser desprezada, mas não deve ser exagerada, porque sob as condições mais hostis podem desenvolver-se inteligências brilhantes.

Isso tudo tem demonstrado à saciedade que a inteligência não é um fator basicamente genético ou mesológico, mas uma faculdade do Espírito preexistente, que traz para a sua nova existência os recursos intelectuais que já tenha conseguido desenvolver no passado, dentro, porém, das condicionantes criadas pelo seu comportamento moral, ou seja, pelo bom ou mau uso que deu à sua inteligência.

Voltemos, por um instante, ao ensinamento dos Espíritos.

- ... “a inteligência - dizem eles, em resposta à pergunta 72 - é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral”.

Não é exatamente isso o que provam as observações? Ou seja, que cada ser se encontra no estágio que lhe é próprio de desenvolvimento intelectual e que o uso da inteligência tem nítidas e inelutáveis implicações morais? Confere, portanto, mais este aspecto.

Enquanto isso, no entanto, os cientistas desligados das correntes espiritualistas continuam a pesquisar as razões das dessemelhanças intelectuais entre gêmeos, partindo do pressuposto de que, gerados simultaneamente, teriam de ser pelo menos semelhantes em inteligência, senão idênticos, o que está longe de ser verdadeira pois cada um deles é um Espírito diferente, em diferente estágio evolutivo.

Vejamos, porém, um pouco mais além, já que falamos em estágio evolutivo.

Ao que indica a observação apoiada no conhecimento espiritual, a inteligência é a resultante do conhecimento acumulado ao longo dos milênios e das inúmeras encarnações. (2) Não somos inteligentes por causa de uma combinação genética particularmente feliz, ou porque nos desenvolvemos em ambiente adequado, mas porque, no passado, já nos habituamos a manipulação e apropriação do conhecimento, através do estudo e do aprendizado. As noções que adquirimos, as experiências porque passamos, as coisas que descobrimos incorporam-se à nossa memória, cujos registros básicos se encontram no perispírito, e, embora armazenadas na zona crespuscular do chamado inconsciente, estão ali, à nossa disposição. Quanto mais conhecimento tenhamos adquirido no passado, mais fácil se torna “resolver com êxito situações novas”, porque temos um banco de dados mais vasto, contra o qual confrontamos analogicamente os fatos novos, as novas proposições, os novos aprendizados. É sempre mais fácil construir em cima do alicerce já consolidado.

Seria interessante, por exemplo, desdobrar ainda mais este aspecto para examinar o papel que desempenha nisso tudo a memória, ou, ainda, a intuição, mas seria ir muito longe num artiguete como este, que pretende apenas levantar questões para estudo, sem a tola pretensão de resolvê-la.

Há, também, por aqui, analogias notáveis com a cibernética, pois os computadores modernos não passam de cérebros artificiais, ainda muito primitivos e limitados em comparação com o cérebro humano. São meros bancos de dados que decidem entre duas opções, segundo um programa preestabelecido e de acordo com o acervo de informações que têm armazenado em suas memórias. É claro que não desejamos dizer que o computador seja inteligente, nem que tenha instinto, mas é certo que se utiliza de um dos dispositivos da inteligência humana, isto é, a memória.

Fiquemos aqui mesmo, para concluir.

Creio ter conseguido evidenciar, com estas reflexões, o que se costuma ter em mente ao se dizer que inúmeros conceitos formulados pelos Espíritos dentro da Codificação estão à espera de desdobramento e aplicação, sem, no entanto, mutilar a Doutrina. Esse desdobramento, no correr do tempo, há de deslocar, rearrumar e tornar obsoletos muitos dos mais caros conceitos da ciência moderna, não apenas na Psicologia, mas em todos os ramos do conhecimento, naquilo que concerne ao ser humano, como unidade social. É justo admitir, no entanto, que muitas das noções catalogadas pela ciência, serão aproveitadas e iluminadas sob um novo ângulo, com uma nova luz e acabarão por oferecer uma visão nítida do homem e do mundo que o cerca, objetivo multimilenar da especulação humana.

Que estamos esperando? Onde estão os pensadores espíritas? Os psicólogos, sociólogos, biólogos, médicos, enfim, os artífices espiritualizados e evangelizados da sociedade futura? Os temas aí estão, e a Ciência aguarda aqueles que irão conciliar conhecimento e moral, razão e fé, o homem e Deus.

(2) Relembremos o sentido da expressão noesis escolhida por Aristóteles e que quer dizer conhecimento.

(Obreiros do Bem - Agosto de 1976)


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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ATEISMO


Luís de Almeida

(Texto de Luis Almeida publicado originalmente no "Jornal Espírita" da "Federação Espírita do Estado de São Paulo", FEESP, que nos foi enviado pelo seu autor como colaboração no debate sobre o tema "Espiritismo e Religião")

FILOSOFIA E ESPIRITISMO O ATEÍSMO. OS FILHOS DO "NADA"...

Como explicar a existência de ateus, ao longo da historia, como por exemplo, um Frederico Nietzsche, um Karl Marx no século anterior, e um Jean Paul Satre no presente século?

Não acreditamos, pessoalmente que haja ateus propriamente ditos. Mas, sim a existência de pessoas que discordam de determinada idéia, incorreta na nossa opinião, acerca de Deus, que se foi formando ao longo dos tempos. Agora ateus convictos, isto é, profundamente documentados, e fundamentados com argumentos validos, não acreditamos que existam. Se estivermos enganados, então desafiamos a comprovarem sua tese.

Não é nossa intenção criticar alguém ou instituições, nem tão pouco imiscuirmo-nos na política, simplesmente relatamos fatos histórico-científicos e opinamos dentro dos postulados espíritas.

A criatura e o incriado, implicam-se numa tal dialética, que o homem não pode fugir-lhe. é tão difícil ser ateu, como desligar-se da vida, isto é, como auto-existente. Nossa radical dependência, torna-se inexplicável sem a existência de Deus. Não há existência sem fundamento, como não há liberdade.

Pode o homem, absorvido por cuidados excessivos e problemas multiformes, esquecer-se das leis morais, inatas, e assim perder aparentemente, a fundamentalidade da existência. Perdido no mare magnum da complexidade da vida, pode esquecer sua característica fundamental de ser "religado", identificando seu ser com sua vida. A impossibilidade, porem de sentir-se desligado, torna-o incapaz de, honestamente e racionalmente, poder afirmar-se ateu.

Efetivamente, a existência fundamentada sobre si mesma aparece, internamente, desfundamentada e, por conseguinte, referida a um fundamento de que se sente privada. Daí o irreligioso, vivendo uma crise de interioridade e identidade, de ausência de reflexão profunda, ser ameaçado por impiedosa frustração, insensibilidade, e irracionalidade. A todo o pensamento lógico, Deus surge na verdade, não como valor negativo, mas como positivo, fundamentante, como o ser que torna possível todo o existir.

Não será a existência "religada" uma visão de Deus no mundo e do mundo em Deus? é bem possível, no entanto, que haja quem se auto-proclame desligado. São os ateus. Fundamentam seu ateísmo na auto-suficiência. Um dos motivos que leva o homem a esquecer-se de Nosso Pai é, realmente o êxito da vida. Só o homem superior consegue manter-se conscientemente "religado", no meio de seus triunfos. Sabe que a caducidade dos bens terrenos postula no Bem Supremo em Quem possa fazer repousar, tranqüilamente, seu coração.

Outra razão que pode invocar-se para explicar os ditos, não convictos, ateus, é o orgulho e egoísmo exacerbado e a perda de confiança nas religiões. Aquele por exemplo, explica o ateísmo nietzchiano do século passado. A via de acesso a Deus é a da libertação interior. Prisioneiro de uma soberba dificilmente igualável, Nietzsche não consegui, vendados os olhos do espírito, intuir a espiritual transcendência a que nos prende, qual cordão umbilical, a contingência do nosso existir. As seguintes palavras por ele proferidas, esclarecem bem qual o seu pensamento, e aquilo que acabamos de afirmar: "Quero abrir-vos, inteiramente, meu coração, amigos: se existissem deuses, como suportaria eu não ser Deus! Logo não há deuses". Argumento de grande infantilidade, sem qualquer lógica, e por isso sem qualquer valor. Interpretemos atentamente outras suas palavras: "Agora Deus é morto! Homens superiores, este deus foi o nosso maior perigo. Não ressuscitaste senão depois que Ele jaz na tumba...Deus é morto; agora queremos que o Super-Homem viva".

Como vai ele proclamar a morte de um ser inexistente? A morte de Deus nos termos em que se exprime, não será a confissão de sua existência? Ou poder-se-á matar o nada? Como pode um pensador, utilizar o seu raciocínio de forma tão ridícula?.

Em carta a um seu amigo o Barão de Seydlitz, escrita de Nice, datada de 12 de Fevereiro de 1888, confidenciou: "Aqui entre nos, digo-te não julgar impossível que eu seja o primeiro filosofo da minha época, ou, ainda talvez um pouco mais, um filosofo decisivo e fatal, situado entre dois séculos... Apesar de ter chegado aos quarenta e cinco anos e ter produzido aproximadamente quinze obras, não surgiu ainda na Alemanha, um único estudo medianamente digno de consideração sobre qualquer dos meus livros".

Para um homem deste calibre, absolutizado, não fica lugar para Deus, que se revela aos humildes e resiste aos soberbos. Enfim, ironia da razão!, o ateísmo nietzschiano, não é possível sem Deus, ou a "religação não fosse uma dimensão constitutiva da existência humana. Nietzsche não se teria proclamado coveiro de Deus, se Deus, como um relâmpago, não brilhasse, em certos momentos, os mais atormentados da sua vida, na noite, sem estrelas e sem luar, de sua alma.

Assim se compreende que, em vez de um super-homem que a sua imaginação sonhara, tenha criado um infra-homem de que Nietzsche se tornou imagem grotesca, vindo a desencarnar, ruína humana, num Hospital de alienados mentais.

E o que dissemos do ateísmo de Nietzsche, dizemos do ateísmo de Karl Marx, para quem Deus não passava da simples projeção do homem. Daí, com ele, a teologia dissolver-se em antropologia. Para sua tristeza, a Antropologia Contemporânea, define o homem, como um ser material, animado pelo seu espírito. Segundo o marxismo, nossa vida torna-se insuportável e desesperada, porque a religião, ópio do povo, criando em nos a esperança duma vida futura melhor, no mundo do alem, leva-nos a adormecer para as tarefas de transformação da sociedade terrestre. Tanto a Arte, como a Filosofia e a Religião, em todos os tempos tem estado ao serviço de ideologias, vazias de qualquer conteúdo de verdade, com um único objetivo: sancionar o primado econômico e socio-politico da classe dominante. Sobre uma infra-estrutura real, constrói-se uma super-estrutura irreal. As construções ideológicas não passam de simples expressão do momento socioeconômico que se vive, resultante do instinto de classe dos filósofos e pensadores que, assim, procuram justificar seus interesses classistas, segundo Marx.

Embora, foi o que se passou no período que se convencionou chamar Idade Media e em períodos da historia da humanidade, e nos dias de hoje, em que alguns homens se utilizaram do nome de Deus e de Jesus, para conseguirem seus objetivos egoístas e funestos, (importante advertência) desta forma, entendemos e até aceitamos esta sua postura, porem, não tem razão, Karl Marx, ao considerar Deus pura criação humana, para justificar simples interesses das classes dominantes, porque já o dissemos ao justificarmos a moral inata, como característica constitutiva da nossa existência. Como não tem razão ao considerar a Esperança, a Fé, ópio do povo. A Esperança, a Fé, não é ópio que acalme e aliene, mas pelo contrario, estimulo forte que gera esforço, progresso, responsabilidade e amor, na construção de um mundo cada vez melhor. O autentico discípulo de Jesus não pode nem deve abdicar dessa tarefa. Portanto longe de ser um narcótico, é um estimulante para os comprometer perante o Pai, e despertar a Caridade, para o progresso técnico, econômico e cultural de todos os povos, raças ou credos, com a luta pela eliminação das desigualdades, tão gritantes e escandalosas existentes, não só entre as famílias, amigos, vizinhos e pessoas, mas também entre os povos. Assim exige a Palavra de Nosso Divino Amigo, que inaugurou a autentica revolução da Historia, sendo o Maior Revolucionário e Reformador de Todos os Tempos, na qual prosseguirá sua Reforma enquanto existir bocas sem pão, e corações sem alegria, sempre com a Esperança, a Fé e o maior de Todos o AMOR. Sendo alguns de nós Seu instrumento.

A revolução marxista, procurou libertar o homem de Deus, sujeitou-o a um outro deus, mas, este sim, terrível, cruel, e alienante qual é o Estado totalitário, onde cada homem vê volatilizar-se sua pessoa, para ser reduzido a peca de uma grande maquina produtora de bens não para si mas, a maior parte para o Estado marxista.

Estado esse composto pelos escolhidos, só por 'meia-duzia'. Como o Antigo Presidente da Romênia, no tempo que era partidária deste sistema, em que o povo não tinha as mínimas condições de vida, como os bens essenciais racionados, aprisionados da sua liberdade, e etc., e este tirano, tomava banho na sua luxuosa banheira e torneiras em ouro maciço. Assim como outros partidários deste sistema filosófico, que alguns deles foram autênticos déspotas, bárbaros e assassinos.

Eliminando a Verdade,-"Deus"-, o marxismo ateu converteu-se na grande "MENTIRA" da Historia. Para Marx, o homem, não era mais que um estomago, que era preciso encher.

Abandonando o sec. XIX, iremos analisar o ateísmo do presente século, que teve em Jean Paul Satre o seu principal expoente. Lendo com efeito, suas obras, que tantas vidas, tem envenenado, assim como Marx, não encontramos, nelas algo que justifique suas atitudes ateias. Afirma, gratuitamente que Deus não existe, ficando assim inexplicado a liberdade humana e sua Majestosa Criação.

Como Pode compreender-se a Criação e a Liberdade, sem a existência de um Criador Supremo. Como pode tentar analisar, mal na nossa opinião, um efeito, esquecendo-se que todos os efeitos tem uma causa, uma dos grandes apostolados da Física. Ou será, que para ele, a Ciência, como uma das muitas linguagens de Deus, não existe e não é mais que uma farsa? Ou será que para ele, como para Marx, a Ciência é também, uma projeção e criação do homem ?

Pensa Satre, se admitíssemos a existência de Deus, subtrairíamos ao homem a sua responsabilidade e a sua existência.

Como, meu pobre e bom amigo? Não é antes a existência de Nosso Amado Pai, Deus, que nos pede `contas' do bom ou do mau uso de nossa liberdade, e que nos torna verdadeiramente responsáveis de nossas ações, condicionando desta forma, as possíveis menos boas, tendências humanas?

Por mais que alguns homens, felizmente cada vez menos, procure justificar seu ateísmo, este só pode subsistir em palavras vazias, ocas, desprovidas de qualquer conteúdo moral, filosófico e mesmo cientifico.

Ninguém, de espírito pluridimensional aberto, pode furtar-se `a idéia de Deus, fundamento de toda a existência universal.

Sendo exigência da Fé, Deus é também exigência da razão. Daí, não acreditamos na existência de ateus convictos.

O ateísmo alias, implica, como vimos, o teismo - Tudo vem de Deus e tudo caminha para Deus - principio de toda a criação.

Entendemos no fundo de nosso coração porque é alguns irmãos se exprimem como falsos ateus, pois para nos, com já dissemos, o ateísmo não existe, e muito menos os ateus:

1- Nada mais por culpa das religiões, em especial das clássicas, que através de seus comportamentos ao longo da historia, criaram muitos descrentes, não valendo a pena, referir seus feitos históricos, que não tem nada a haver com o que o Nosso Mestre nos ensinou e ensina.

Esquecendo-se este grupo de pessoas que, a religião só poderá ser uma, a que se inspira no AMOR, na Razão, seja qual ela for, desde que apague da Pureza e Beleza das palavras de Jesus, os seus Personalismos, Dogmas, Rituais, Proibições radicais e cruéis.

2- Os restantes que, não foram influenciados pelas tendências nefastas que os varões das religiões introduziram na Grande Verdade, com os seus particularismos e personalismos a seu belo prazer, satisfazendo-os, mas não a Deus, dai existirem no mundo inteiro mais de três mil religiões, cada uma delas com o seu vinculo personalizado, esquecendo-se completamente da Máxima das Máximas, "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, ASSIM COMO EU VOS AMEI", o importante para elas, é o seu seguidor cumprir escrupulosamente, com os seus personalismos e não importa a Valiosa mensagem de Jesus, Esta, fica para um plano de menor importância.

Assim neste grupo estão englobados de forma exacerbada; os egoístas, os vaidosos, os orgulhosos, os cruéis, os déspotas, os fanáticos, pois, todos eles tem medo, que Deus exista, por varias razoes particulares a cada subgrupo.

Observemos a divisão da palavra "UNIVERSO", 'UNI' - unidade; 'VERSO' - o oposto, o contrario. Ou seja, o contrario da Unidade, do Todo ou seja, de Deus. Meditemos!

Se Nietzsche, Marx, Satre, e outros mais, conhecessem, "O ESPIRITISMO", não acreditamos que se intitulassem de ateus, mas se calhar, seriam uns dos maiores defensores da existência de Deus, como Pai; Meigo, Carinhoso, Justo e sobretudo que Ama incondicionalmente, todos os seus queridos filhinhos.

Pensamos, que alguns destes homens que se dizem ateus, não são mais que ignorantes, e pobres de espírito, que necessitam urgentemente do "Consolador", prometido por Jesus - O ESPIRITISMO.

Daí, Deus conceder-nos esta enorme oportunidade e responsabilidade, de O levarmos a estes grupos de pessoas, que se intitulam de incrédulas, porque não entendem os Varões, os Patrões das religiões, com os seus fanatismos, esquecendo-se dos Valores intrínsecos de Jesus e seus discípulos.

Alem disto poderemos, "salvar", alguns irmãos nossos, carentes, e frágeis, que se deixam levar por aqueles, que sem escrúpulos, se utilizam das dificuldades e sofrimentos de alguns, em proveito próprio, explorando assim, mentalmente e financeiramente o próximo.

Pobres coitados, que utilizam o nome de Jesus, para satisfazer suas vaidades, e caprichos socioeconômicos, enriquecendo, e ganhando poder social, `a custa do sofrimento de nossos irmãos.

Jesus alerta-nos no Evangelho, para estes comerciantes de almas humanas.

Assim, repito, e perdoem-me, por isso, mas é necessário e urgente, sair da nossa "concha" e atuarmos, sem medos ou "futurologias", mas levando-O, de forma simples e amorosa, pois este é um PAPEL impar, do "CONSOLADOR" - ESPIRITISMO.

(Publicado no Boletim GEAE Número 279 de 10 de Fevereiro de 1998)


endereço: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/ateismo.html

imagem: monicavox.blogspot.com



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SELO: ESSE BLOG NÃO SAI DA MINHA CABEÇA

Recebi este selo da amiga Maria José do blog Arca do AutoConhecimento (http://arcadoconhecimento.blogspot.com).
Obrigado, Maria José, pelo carinho e pela amizade.
Vamos as regras:
Escrever 10 coisas que não me saem da cabeça, e indicar para 10 blogs que também não me saem da cabeça.
1°Deus
2°Família
3°Voluntariado
4ºAmigos
5°Blogs amigos
6°Fortalecer a minha fé
8°Continuar os estudos da Doutrina Espírita
9°Movimentar o Amor
10°Crescer espiritualmente e moralmente.

Agora vamos às indicações:

1. Por Uma Vida Melhor
, da Julimar
2. Sem Fronteiras Para o Sagrado, da Norma
3. Crescer Dá Trabalho, da Jeanne
4. Cores, Natureza e Vida, da Ritinha
5. Um Pouco de Tudo, do Felipe
6. Divina Imagem, da Ana
7. Blog do Espiritismo
8. Magnetismo, da Adriana
9. Irmãos Fraternos, da Cristina
10. Um Sublime Peregrino, da Mara


Um grande abraço!!!!


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SELO: MEME

"Meme” é tudo o que se aprende por cópia a partir de uma outra pessoa. Desde coisas simples, como comer usando talheres, até ações mais complexas , como escrever textos excelentes em blogs . Resumindo ao máximo, alguém faz, você vê, gosta e copia. Outras pessoas vão ver você fazendo, também gostarão e copiarão. Desta maneira, a evolução de um Meme é quase sempre viral e exponencial.
Estas palavras estão no blog da Maria José , no endereço
http://arcadoconhecimento.blogspot.com, que me ofereceu este presente, o qual aceito com muito carinho.
As regras para receber e repassar o selo, são as seguintes:

1- Escrever uma lista com 8 características suas:
Estudioso, Racional, Responsável, Honesto, Sensível, Amigo, Família, Bom-humor.

2-Convidar 8 blogueiras(os) para o selo:

1. Tamoporai, do Dalailam
2. Meu Lar Interior, da Ana
3. Cores, Natureza e Vida, da Ritinha
4. Um pouco de tudo, do Felipe
5. Ecos da Alma, da Norma
6. Crescer Dá Trabalho, da Jeanne
7.
Um Sublime Peregrino, da Mara
8.
Por Uma Vida Melhor, da Julimar.

3- Comentar no blog quem lhe premiou.
A Maria José, tem nos trazido, através do seu blog, um mundo de informações para reflexão; mas o que mais me chama a atenção, é o Amor que ela coloca em seus posts fazendo com que, ao lermos, nos emocionemos.
Portanto, uma luz a iluminarnos a todos!!!

SELO: ESSE SELO MERECE UM OSCAR



É com alegria que recebo da amiga Julimar do blog POR UMA VIDA MELHOR (http://julimarmurat.blogspot.com) este selo ESSE BLOG MERECE UM OSCAR.

Agradeço a Julimar este selo como incentivo a mais. É uma honra receber este selo de um blog que acho fora de série. Gosto de mensagens reflexivas o que me leva sempre à blog deste luminar Espírito.

Muito obrigado pelo carinho, Julimar!!!

Como regra, terei que repassar este selo para 5 (cinco) blogs.

Estes são os contemplados por mim, que deverão fazer o mesmo:


1-Ecos da Alma, da Norma (http://normavillares.blogspot.com)

2-Simplesmente Vivendo a Vida, da Kelly (http://simplesmente vivendo a vida.blogspot.com)

3-Idéia Espírita, da Joana (http://ideiaespirita.blogspot.com)

4-Celeiro de Luz, da Valerie (http://celeirodeluz2.blogspot.com)

5-Espírita na NET, da Adriana(http://espiritananet.blogspot.com)


Com carinho!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O MÉDICO ESPÍRITA ANTE A MEDICINA DE MERCADO



(17.10.09)

No século passado (XX), a medicina dos horizontes ocidentais se transformou em gigantesco negócio. Por isso, consigno algumas observações pontuais sobre a preocupante mudança do status do médico à medida que a relação entre pacientes e profissionais da saúde deixou de ser pessoal e passou a ser comercial. Em épocas recuadas, na maioria dos casos, o médico era muito mais do que um amigo (era quase membro da família) que conhecia bem o paciente com quem dialogava e dedicava atenção. O juramento de Hipócrates era sacralizado para esses profissionais que prezavam posturas éticas. Porém, lamentavelmente, os tempos mudaram. Atualmente, os médicos, em sua maioria, são mal remunerados, obrigando-os a assumir vários empregos (fazer bicos?...). Justificam que essa foi a principal razão de a relação mais próxima com seus pacientes ter mudado significativamente.

Como se não bastasse, frequentemente, as empresas estão anunciando consórcios ou parcelamentos dos honorários médicos relativos a tratamentos complexos como cirurgias, basicamente, as estéticas. Perplexo, observo a propaganda abusiva anunciada nos panfletos, outdoors, jornais e mídia eletrônica, de empresas, ofertando inúmeros planos de financiamento para cirurgias plásticas. São anúncios do tipo: Promoção: "Redução de abdomem, em 24 vezes de R$ 200,00". (1) Existem clínicas e profissionais que compram, a peso de ouro, horários em canais de televisão para, simulando reportagens, fazerem merchandising (2) dos tratamentos que prometem verdadeiros "milagres" para os pacientes. Vejo, nesse contexto, que, de fato, a ética foi abandonada e emergiu um panorama típico de deplorável mercantilização da ciência médica. (3)

Por que, hoje, os médicos em geral, seja na academia ou na prática particular, pensam mais nos cifrões do que na saúde do paciente? Os alunos de medicina estão sendo coagidos a uma cultura, cuja técnica-profissional é vista, cada vez mais, como habilidade, unicamente, para fins financeiros. Creio que, se os governos garantissem aos médicos uma remuneração do Estado, a prática dessa ciência seria menos execrável quanto a se verem como homens de negócio.

É óbvio que há exceções, pois há aqueles que ingressam na medicina por estímulos intelectuais, por natural vocação, pelo desejo de desenvolver relações com pacientes, e não para avolumar suas receitas, apenas. Todavia, cresce, cada vez mais, o número de profissionais, tentando vender sua prática ou negociando com os hospitais, empregos, equipamentos ou auxílio financeiro. Sei que inúmeros profissionais da saúde possuem seus próprios equipamentos de exame, e solicitam, desnecessariamente, que mais exames passem por esses aparelhos de finalidades específicas.

O tema é complexo, não resta a menor dúvida, e exige profundas discussões bem fundamentadas e consistentes. Não cabem fórmulas simplistas nem abordagens oportunistas sobre situações pontuais. Para mim, a mais nobre das profissões - a medicina - é recheada de encanto, importância social e apreço. Para que a medicina se faça representar por pessoas dignas dessa profissão, o candidato precisa ter muitas virtudes, ter moral ilibada, ser sábio, tolerante, esforçado, ético, fraterno, incansável, estudioso, dedicado, lógico, honesto, diligente, rápido, benevolente, humano, correto, cortês, compreensível, sensível, desprendido, justo, competente e calmo. Por acaso, conhecemos alguém com essas qualidades todas? O aspirante a médico tem que fazer uma escolha desde muito cedo. Deve ser esculpido para o sacerdócio. Num curso de medicina, recebe-se um conteúdo gigantesco. Nenhum outro curso superior, no Brasil, tem maior carga horária, na graduação, do que o curso de medicina. Terminada essa etapa, o incipiente médico parte para a especialização, que consome, pelo menos, mais 50% do tempo da graduação. Depois de tanta dedicação, é inserido no mercado de trabalho e precisa ser remunerado como qualquer profissional.

Entendo que a conotação sacerdotal, tanto difundida, deve ser entendida como o esforço hercúleo que o médico faz para exercer sua profissão, em condições adversas, como bem sabemos. Não quero condenar a ótica comercial que esta relação de negócios exige nos dias de hoje. Alguns médicos estabelecem seu próprio consultório. Instrumentaliza-o, equipa-o, paga todas as taxas e impostos, enfim, está no mercado de trabalho. Muitos correm atrás de pacientes. Hoje, a primeira porta a bater é a do convênio.

De forma comercial, visando crescer seus ganhos financeiros, negociam valores ínfimos, condições de pagamento, prazos flexíveis, limites de exames complementares, etc.. Diante do paciente sem convênio, é a mesma conversa. Negociam valores, prazos, parcelamentos e, não raro, confunde-se assistência médica com medicina de resultados, aplicando os preceitos contidos no Código de Defesa do Consumidor, alegando-se que a medicina é uma prestação de serviço como outra qualquer.

O médico é um sacerdote da vida, ou um comerciante da saúde? Talvez, nem um, nem outro. O médico deve ser visto como um profissional técnico como outro qualquer, que necessita ser remunerado pelo seu trabalho, pois é dele que sobrevive. Porém, por lidar, diretamente, com a dor, seja ela física, emocional ou psicológica do ser humano, e tantas vezes conseguir livrá-lo do sofrimento, recai sobre o médico a nuance de ser, ele, um sacerdote, um pai, um amigo, um anjo que salva, alivia e traz o bálsamo - situações, essas, incompatíveis com a 'profana' contraprestação pecuniária.

Apesar dos pesares, cremos que a prática do médico espírita, pelo menos, deve inspirar-se e se alimentar nos ensinamentos de Jesus. Não deve ser realizada de forma, exclusivamente, mercantilista, ambiciosa, aleatória, mística, fanática, imposta pelo mercado dos tempos modernos (lembro aqui que Bezerra de Menezes receitou, gratuitamente, diversas vezes), porém, dentro de uma obediência às leis naturais, que têm origem nas mesmas fontes dos princípios científicos. A prática do médico espírita, pelo conjunto de fatores que o sustenta, deve ampliar-se, instrumentalizar-se e se cercar de elementos de ordem ética-cristã, sempre. Concluindo, deixo a minha esperança de que o médico espírita consciente (não só médicos, mas advogados, professores, engenheiros, dentistas, etc., etc. e etc.) seja exemplo para a medicina que, lamentavelmente, perde-se nos cipoais do capitalismo explorador e excludente.

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com

Site: http://jorgehessen.net
Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com


FONTES:
(1) A Resolução n.º 1.835/08, editada pelo Conselho Federal de Medicina, estabelece ser vedado ao médico ter vínculo de qualquer natureza com empresa que anuncie e/ou comercialize plano de financiamento ou consórcio para procedimento médico, sendo que o exame, diagnóstico, indicação de tratamentos e execução de técnica são de responsabilidade única e intransferível do profissional médico, o qual deve estabelecer os honorários observando o contido no Código de Ética Médica.
(2) Apesar de ser proibido fazer esse tipo de atividade conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor
(3) O artigo 9.º, do Código de Ética Médica, determina expressamente que a medicina não pode, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, ser exercida como comércio.



endereço: http://jorgehessen.net/
imagem:
okulojn.spaces.live.com


domingo, 25 de outubro de 2009

SELO DE UTILIDADE PÚBLICA

Selo de Utilidade Pública



Recebi este selo da Jeanne, do Blog http://crescerdatrabalho.blogspot.com, o qual sou grato.
É um selo de utilidade pública e devemos divulgá-lo o máximo possível, pois assim disseminaremos a conscientização sobre a Preservação do Meio Ambiente.
Para publicá-lo basta responder a seguinte pergunta:

“O que você tem feito para preservar o meio ambiente?”

- Reciclo o lixo, além de bateria e pilha usada;
- Não sujo as ruas;
Não poluo os rios;
Busco economizar luz e água;
Uso álcool e não gasolina.
Ainda não consigo pensar e falar só positivamente, apesar do esforço continuo. Por isso não os coloco na lista de preservação do meio ambiente porque acredito que, pensando e falando negativamente estou ajudando a poluir a atmosfera psíquica do planeta e os corações de quem me ouve.

Repasso, então, para:

- Fazendo meu caminho;
- Arca do autoconhecimento;
- Por uma vida melhor;
- Ecos da alma;
- Um sublime peregrino;
- Celeiro de luz;
- Espírita na NET;
- Pensando bem;
- Idéia Espirita;
- Magnetismo.



sábado, 24 de outubro de 2009

DESASTRES E RESGATES COLETIVOS: SINAL DOS TEMPOS OU DE FUTURO PROMISSOR?


Por Katia Penteado

Quando olhamos para o mundo à nossa volta, parece-nos que se multiplicam as catástrofes, os desastres, os cataclismos. Em um momento como este, em que todas as atenções estão voltadas para o acidente com o Airbus da TAM, que vinha de Porto Alegre-RS (vôo JJ 3054 ) e se chocou contra o prédio da própria empresa aérea, em frente ao aeroporto, quando tentava aterrissar, provocando a morte de mais de 160 pessoas, entre passageiros, tripulantes e funcionários da companhia aérea que trabalhavam no prédio atingido, a atenção fica mais desperta, e os questionamentos são vários, e envolvem até a Justiça (ou para alguns, a injustiça) Divina.

O Espiritismo, enquanto doutrina libertadora, progressista e evolutiva, e por isso mesmo considerada consoladora, objetiva auxiliar-nos a entender o porquê dos acontecimentos de nosso dia-a-dia, inclusive dos mais trágicos. Assim, via entendimento da Lei Natural e da Justiça Divina, obtêm-se a conseqüente aplicação desses princípios no cotidiano, favorecendo sua vivência, promovendo a coerência entre o crer e o agir.

Naturalmente, as respostas exigem reflexão aprofundada com base em princípios fundamentais do Espiritismo, como a multiplicidade das encarnações e a anterioridade do Espírito. Esses pontos somam-se ao fato de que nós, enquanto Espíritos em processo evolutivo, temos um passado de descumprimento da lei divina que precisa ter seu rumo corrigido não apenas para equacionar nossos problemas de consciência, mas também para nos harmonizar com nossos semelhantes, afetados pelas nossas ações de desvirtuamento da Lei.

Ao entendermos o que a Doutrina Espírita tem a dizer sobre o assunto, começamos a perceber a profundidade da reflexão que deve ser adotada por cada um de nós em nosso dia-a-dia e o papel a ser assumido de observadores da Sociedade, em substituição à postura usual de críticos e questionadores.

Começamos, assim, a conhecer o caminho para aplicação dinâmica e prática em nosso dia-a-dia da Doutrina que abraçamos, pela análise do mundo e sua transformação, percebendo a profundidade de conceitos como fatalidade, resgate coletivo, regeneração do planeta, além de favorecer o entendimento de ensinamentos de Jesus relacionados àquilo que alguns chamam de sinais dos tempos.

Fatalidade como causa?

Fatalidade, destino, azar são palavras sempre lembradas em situações como essa. Mas que conceitos estão por trás dessas palavras? Em “O Livro dos Espíritos”, as questões de 851 a 867 tratam de fatalidade, e, entre outras informações, destaca-se o fato de que “a fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra” (LE 851).

Mais à frente (LE 853), está dito que “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos”. A questão seguinte (LE 853a) melhor explica esse ponto, frisando que quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada “te livrará” e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirás daqui, “pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”. Não esquecer, jamais, que “somente os acontecimentos importantes e capazes de influir na tua evolução moral são previstos por Deus, porque são úteis à tua purificação e à tua instrução” (LE 859a).

Como vemos, a fatalidade só existe como algo temporário frente à nossa condição de imortais com a finalidade de realinhamento de rumo. No entanto, essa situação não é engessada. Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos (LE 860).

Fatalidade, destino, azar são palavras que não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma que a sorte daqueles que escapam desse tipo de situação – e em acidentes como esse do dia 17 de julho de 2007, sempre há os relatos daqueles que desejavam pegar o avião e não conseguiram; daqueles que estavam à porta do prédio atingido pela aeronave e não sofreram nada além do susto; e tantos outros.

Então, para a Doutrina Espírita, como se explicam casos como esse? A resposta está no resgate coletivo, conceito que envolve a correção de rumo de um grupo de Espíritos que em alguma outra encarnação cometeu atos semelhantes – e muitas vezes em conjunto – de descumprimento da lei divina e que, portanto, para individualmente terem a consciência tranqüilizada, precisam sanar o débito. Toda a problemática, nesse caso, está no trabalho dos mentores na reunião desses Espíritos de modo a que juntos possam se reajustar frente à Lei Divina.

Impulsionar o progresso: a meta

O resgate de nossas ações contrárias à Lei Divina, ao Bem e ao Amor pode ocorrer de várias formas, inclusive coletivamente. O objetivo, segundo LE 737, é “fazê-lo avançar mais depressa” e as calamidades “são freqüentemente necessárias para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos”. Além disso (LE 740), “são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo”.

E assim, entendemos o sentimento de solidariedade que essas calamidades despertam, auxiliando todos a desenvolver o amor. O importante para os mais diretamente envolvidos, para que tenham o progresso devido, como está dito em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 14, item 9, é “não falir pela murmuração”, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”.

Nesta frase selecionada no ESE está uma informação de cabal importância: indício de aperfeiçoamento do espírito. E qual seria o objetivo prático de tudo isso e como esses fatos atuam em nosso progresso, com que finalidade?

A resposta está na Lei do Progresso, que determina ao homem o progresso incessante, sem retrocesso, no campo intelectual e moral; cada um há seu tempo, seguindo seu ritmo próprio, sendo que “se um povo não avança bastante rápido, Deus lhe provoca, de tempo em tempos, um abalo físico ou moral que o transforma” (LE 783).

Como vemos, o progresso se faz, sempre, e quando estamos atravancando-o, Deus, em sua infinita bondade e justiça, lança mão de instrumentos que nos impulsionem à frente. O objetivo é nos levar a cumprir a escala evolutiva, saindo de nossa condição de Espíritos imperfeitos moralmente para a de espíritos regenerados, até atingirmos a condição de Espíritos puros.

Essa transposição de imperfeito moralmente para regenerado marca a atual fase de transição que vivenciamos, plena de flagelos destruidores, de calamidades, de acidentes com grande número de mortos.

Nos evangelhos segundo Mateus, Marcos e João, há várias referências aos sinais precursores de uma transformação no estado moral do Planeta, caracterizada pelo anúncio de calamidades diversas que atingirão a humanidade e dizimarão grande número de pessoas, para que, na seqüência, ocorra o reinado do bem, sejam instituídas a paz e a fraternidade universal, confirmando a predição de que após os dias de aflição virão os dias de alegria.

O que é anunciado nessas passagens evangélicas não é o fim do mundo de forma absoluta e real, mas o fim deste mundo que conhecemos, em que o mal aparentemente se sobrepõem ao bem, e, como afirma Allan Kardec em “A Gênese”, capítulo 17, item 58, “o fim do velho mundo, do mundo governado pela incredulidade, pela cupidez e por todas as más paixões a que o Cristo alude”.

Para que esse novo mundo se instale (GE capítulo 18), é fundamental que a população seja preparada para habitá-lo. Para tanto, teremos, todos nós, de equacionar alguns problemas de nosso passado, construindo nosso progresso moral. Não há transformação sem crise, e catástrofes e cataclismos são crises que agitam a humanidade, despertando-a para a solidariedade, a fraternidade, o bem.

Temos, então, de ver a humanidade como “um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual” (GE, capítulo 18 item 12).

Nesse contexto, a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, com o progresso moral, secundado pelo progresso da inteligência assegurando a felicidade dos homens sobre a Terra.

Para que possamos habitar esse novo mundo, não temos de nos renovar integralmente. Segundo Kardec (GE capítulo 18 item 33), “basta uma modificação nas disposições morais”, e, para isso, temos de equacionar débitos do passado e nos conscientizarmos de nossa condição de espíritos imortais perfectíveis, em fase de desenvolvimento de nossas potencialidades.

Como forma de acelerar esse processo de modificação da disposição moral, a presente fase é marcada pela multiplicidade das causas de destruição, até como forma de estimular em nós o desenvolvimento de nossas potencialidades no bem, pois “o mal de hoje há de ser o bem de amanhã. Somente a educação do Espírito poderá libertá-lo do mal, dando-lhe condições de alçar os mais altos vôos no plano infinito da vida. O importante em tudo isso é mantermos a serenidade, olharmos para a frente, divisarmos o futuro, pois “a marcha do Espírito é sempre crescente e ascendente. É preciso descobrir quanto bem se é capaz de fazer agora para que o próprio crescimento não se detenha” (Portásio).

Em todo ser humano, como ressalta o Espírito Clelie Duplantier, em “Obras Póstumas”, “há três caracteres: o do indivíduo ou do ente em si mesmo, o do membro da família e o do cidadão. Sob cada uma dessas três fases, pode ele ser criminoso ou virtuoso; isto é, pode ser virtuoso como pai de família e criminoso como cidadão, e vice-versa”.

Além disso, pode-se admitir como regra geral que todos os que se ligam numa existência por empenhos comuns, já viveram juntos, trabalhando para o mesmo fim e se encontrarão no futuro, até expiarem o passado ou cumprirem a missão que aceitaram.

O papel de cada um

Essas calamidades – se olharmos para elas sob o ponto de vista espiritual, fundamentando nossa reflexão nos princípios da Doutrina Espírita – têm, portanto, objetivos saneadores que, conforme Joanna de Ângelis, removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera e significam a realização da justiça integral, pois a Justiça Divina, para nosso re-equilíbrio, recorre a métodos purificadores e liberativos, de que não nos podemos furtar.

Assim, tocados pelas dores gerais, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade e estaremos construindo a coletividade harmônica, sempre lembrando a advertência de Hammed: “a função da dor é ampliar horizontes para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Como o golpe ao objeto pode ser modificado, repensa e muda também tuas ações, diminuindo intensidades e freqüências e recriando novos roteiros em sua existência”. Desse modo, estaremos utilizando nossos problemas como ferramenta evolutiva, não nos perdendo em murmurações, mas utilizando nosso livre-arbítrio como patrimônio.

O progresso de todos os seres da criação é o objetivo de tudo que acontece. Tenhamos a consciência desperta e procuremos entender o mundo à nossa volta, cientes de que a solidariedade é o verdadeiro laço social, não só para o presente, mas, como está em “Obras Póstumas”, “estende-se ao passado e ao futuro, pois que os mesmos indivíduos se encontram e se encontrarão para juntos seguirem as vias do progresso, prestando mútuo concurso. Eis o que faz compreender o Espiritismo pela eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres”.

E mais: Graças ao Espiritismo, compreende-se hoje a justiça das provações desde que as consideremos uma amortização de débitos do passado. As faltas coletivas devem ser expiadas coletivamente pelos que juntos as praticaram, e os mentores estão sempre trabalhando, ajudando a todos nós, reunindo-nos em grupos de forma a favorecer a correção de rumo, amparando-nos e nos fortalecendo para darmos conta daquilo a que nos propomos, além de nos equilibrarem para podermos auxiliar o outro com nossos pensamentos positivos, nossos melhores sentimentos e vibrações.

Fontes de consulta

ÂNGELIS, Joanna de. Após a tempestade, texto Calamidades, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Alvorada

HAMMED. Renovando Atitudes, texto Crenças e carmas, psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto. Boa Nova

KARDEC, Allan. Obras Póstumas, Primeira Parte, Questões e Problemas - Expiações coletivas. Lake

KARDEC, Allan. A Gênese, capítulos 17 e 18. Lake

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo do Espiritismo, capítulo 14, item 9. Lake

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – questões 100 a 113; 737 a 741; 776 a 802; 851 a 867. Lake

PORTÁSIO, Manuel. Fora da Educação não há salvação, capítulos: Educação pela dor; Educação para o bem e Educação e renovação. DPL


endereço:http://www.apologiaespirita.org/

imagem: vozesdocoracao.com


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ANSEIOS DA CIÊNCIA


Dr. Jorge Andréa

O grande impulso da ciência foi dado pela civilização ocidental, no último século do 2.° milênio d.C. A posição material muito contribuiu para estudos e análises dos fenômenos; realmente houve uma pesquisa reducionista, de perto observando a matéria. Entretanto, com o apuro científico, se foi observando que, além da matéria existia algo mais como que completando o fenômeno. Assim, projetou-se o dualismo (matéria e espírito) como elementos separados, correspondendo a seus próprios parâmetros.

Nos dias atuais o dualismo, bastante difundido no ocidente, não está satisfazendo os porquês que, aqui e ali, a ciência vai exigindo. Muitos fenômenos tem mostrado e como que revelando a impossibilidade de dissociação desses elementos (matéria e espírito) isto é, a necessidade da existência de um campo específico orientando e motivando a zona material, pertencentes à mesma fonte criadora. Assim vicejou a idéia monística, que já vem de longa data fazendo parte dos pensamentos orientais.

Devido as exigências do dualismo, com acendrada pesquisa reduclonlsta, existe um real cansaço no pensamento ocidental, que se acentua pela insistente idéia de que as leis e a fenomenologia mais avançada serão reveladas na exclusiva pesquisa material. Por isso, algumas correntes de pensamento entendem que há necessidade do ocidente lançar as suas sondas para o oriente monístico, a fim de colher idéias e modelos psicológicos intuitivos. Tais modelos já foram bem ventilados, na antiga Grécia, por Pitágoras, Sócrates, Platão e muitos outros, inclusive Heráclito, cujos trabalhos filosóficos foram propostos e sedimentados numa posição de unicidade, onde as forças opostas da vida estariam subordinadas ao equilíbrio do Logos; isto é, Heráclito percebeu a necessidade de existência de um elemento orientador de características psicológicas nos campos da vida.

O sentido dualista, no século XVII, tomou posição com Descartes que Ihe deu reinado no cenário da vida. Já era coisa boa, porquanto nesta época falava-se, acatava-se e defendia-se exclusivamente a posição espiritual com forte teor de misticismo. Entretanto, a ciência, com a visão mecanicista do universo, avançou com as elaborações de Isaac Newton, que praticamente dominou a ciência por todo século XIX e metade do século XX. De meados do século XX para cá houve um chamamento de unicidade, fazendo ressaltar no estofo científico a necessidade do pensamento monístico como uma das fontes promissoras do conhecimento.

A ciência, com suas novas exigências, está procurando seguir o caminho unicista, embora, aqui e ali, com seu racional sempre alerta, afasta-se um pouco do processo intuitivo. Esses dois modelos, o racional e o intuitivo, são úteis e necessários. Utilizar uma única trilha é bem difícil, pela exigência de adequação calcada na seleção de experiências. O modelo racional limita-se a um fato separado dos demais; no modelo intuitivo a visão é de conjunto. Neste último, o freio da consciência está quase sempre presente por não conseguir acompanhar o processo de largos horizontes, propiciando, muitas vezes, perda de contato.

Acreditamos no campo científico, na unificação do racional com o intuitivo como uma real exigência da evolução do pensamento, isto é, do psiquismo humano. O exagero de apreciação, tanto no modelo reducionista quanto o intuitivo, nos levam a extremos desconfortáveis. Foi o que aconteceu com muitos grupos humanos orientais que se hipertrofiaram em conduta mística sem os devidos suportes. Por sua vez, o ocidente se foi afogando no excesso de endeusamento das técnicas materiais.

Grande parte do oriente e ocidente estão desejosos de encontrarem o ponto de equilíbrio, buscando a unidade. A fim de que haja crescimento de nossa civilização, terá de haver unicidade em todas as proposições, onde o ideal como fonte criativa será a bandeira do entendimento.

A física moderna, com suas pesquisas, chegou à conclusão de muitos conceitos orientalistas pregressos, embora reveIados de modo simbólico. O que observamos, com nossos padrões científicos, nas coisas, não é o próprio território e sim pequenas partes de seu mapa, onde os conceitos serão compreensivelmente limitados e longe da realidade. Bem claro que os nossos métodos e modelos científicos são importantes para focalizarmos a pesquisa, embora não representem a trilha definitiva. Assim é que a criação do conceito espaço-tempo, na teoria da relatividade, foi a grande viga mestra científica dos tempos atuais na elucidação de muitos porquês. Certas escolas orientais não dão importância que os ocidentais possuem sobre as figuras geométricas representativas dos campos materiais; eles estão mais ligados nas razões do espaço-tempo refletindo verdadeiros e autênticos "estados particulares de consciência", donde ressaltam inusitadas percepções. As experiências meditativas do oriental, atingindo estados dimensionais diversos, de acordo com a evolução que cada qual possui, assemelha-se, até certo grau, às razões da física moderna (F. Capra).

Os campos dimensionais atômicos, mostrando-se às expensas das partículas que lhes definem a natureza, seriam sustentados por desconhecidos campos dimensionais, refletindo-se em variadas e infinitas modalidades de vida. Cada dimensão refletiria o seu próprio modo de vida, sustentado por campos mais avançados, em cadeia, cujos dinamismos seriam acolitados pela essência divina—a reflexão do Deus Imanente—, onde seu ponto de irradiação-impulsão estaria no Infinito—o Deus Transcendente.

A vida não representa posição estática como algo, um ponto ou uma coisa a ser avaliada; é um estado de contínua mutação dinâmica. Nada se encontra parado. As interações são imensas dando origem aos fenômenos que não são objetos ou pontos, mas um movimento contínuo que tentamos pará-lo para entendê-lo como alguma coisa.

A realidade última, que se perde fenomenicamente em manifestações diversas, é bem especificada no mundo oriental. Está representada pela palavra Brahman que é vida e dinamismo; está nos Upanishads, aquilo que se move e não tem forma. Os budistas referem-se a Dharmakaya (o corpo do ser) como sendo a qüididade; na China o Tao dos taoístas possui a mesma representação.

Dentro do mundo do átomo, onde vários modelos estão sempre em constantes mutações, a teoria da relatividade e dos quanta ainda representam conceitos valorosos e mesmo bases para muitas avaliações. Um modelo unicista tentando fornecer um pensamento de totalidade, como se fora um legítimo holismo, ainda está sendo muito questionado, apesar dos trabalhos realizados pelo grande físico Stephen Hawking. Uma coisa, entretanto, que vem da filosofia oriental a esbarrar na ciência dos nossos dias, como autêntico valor, é a inclusão da consciência humana como elemento essencial de adequação nas futuras teorias do mundo atômico; isto é, a influência do pensamento humano no mundo da matéria e das energias, de modo a participarem de um bloco de equilíbrio.

Visão de tal quilate só poderá ser abordada intuitivamente. A análise intelectual não possui lastros para esse entendimento por ter limites avaliativos. A física moderna ainda não conseguiu unificar a teoria quântica com a teoria geral da relatividade numa teoria quântica da gravidade, embora seja esse o caminho na opinião dos físicos teóricos de maior credibilidade.

A teoria quântica procura demonstrar o teor dinâmico, por excelência, das partículas atômicas traduzindo interconexões, onde estará presente e incluída a consciência humana do observador. O tecido cósmico é complexo e ainda pouco compreendido, embora o físico Geoffrey Chew, com seus modelos, esteja tentando uma posição que traduza o interrelacionamento dos eventos dinâmicos, onde uma parte qualquer seja o resultado do todo. Assim, não existem elementos fundamentais, sendo a estrutura da rede o intercâmbio coerente das inter-relações no campo ultramicroscópico do átomo. Logo, as partículas não representam elementos separados, mas ajustados padrões de energias em constante processamento dinâmico.

David Bohm criou a idéia de holomovimento, onde o todo pode ser encontrado numa das partes, embora sem detalhes; tudo isso, ligado a uma ordem que denominou de "ordem implícita", e que poderíamos denominá-la de "ordem espiritual" na intimidade dos fenômenos. Estes se organizam e se mostram diante a imposição do comando espiritual na estruturação dos elementos.

Muitos físicos e ainda poucos biologistas estão buscando e caminhando para o Espírito; aqueles por serem ambiciosos em seus vôos científicos, estes pela prudência e respeito às regras oficiais. A futura ciência estará intimamente relacionada ao Espírito, porquanto os fenômenos e fatos, sem exceção, estarão banhados e envolvidos em suas irradiações. O impulso espiritual funcionaria como estrutura organizadora; devido ser esta tão ajustada e seguindo caminhos bem adequados, mostrando ordem inteligente, propiciou a idéia dos físicos de considerarem o Universo como um "pensamento organizado". É como se existisse uma incontável cadeia PSI (degraus evolutivos), subordinada ao grande PSI Divino, caminhando sem cessar em busca do Infinito...


Fonte: Busca do Campo Espiritual pela Ciência – Jorge Andréa dos Santos.


endereço: http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1521.html
imagem:
planetanews.com


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

FLUIDOS I


Manoel Philomeno de Miranda

O dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, ao designar a fase não sólida da matéria, propõe a seguinte definição para o termo fluido: "o que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás".(l) Este conceito funcional é aperfeiçoado por André Luiz ao associar o termo fluido aos corpos "cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si quando retidas por um agente de contenção ou separando-se quando entregues a si mesmas".(2)

Estados de matéria mais dinâmicos que o gasoso foram trazidos à luz do conhecimento científico no ocaso do século passado e início do atual, com as descobertas de William Crookes, Roentgen e Marie Curie, ao desvendarem o mundo dos raios, ondas e vibrações que serviram de base às cogitações que se seguiram em torno de um Universo unificado em sua aparente diversidade, em que matéria e energia não passariam de estágios ou estados de uma só realidade a expressar-se através de campos energéticos, substâncias e corpos projetados no espaço infinito.

O conceito de fluido, que ressalta dos ensinamentos

apresentados pelos Espíritos Superiores que inspiraram a Codificação e ao próprio Allan Kardec, é a de tudo o que se relaciona com a matéria, da mais grosseira à mais diáfana, incluindo-se neste contexto estados que ignoramos, uma vez que ela pode ser tão etérea e sutil que nenhuma impressão nos cause aos sentidos (3) e susceptível de combinar-se ao fluido universal, sob a ação do Espírito, para produzir a infinita variedade de coisas de que apenas conhecemos uma parte mínima.(4)

Diz Léon Denis que essa matéria tornada imponderável, à medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se, portanto, uma das formas de energia.(5)

Na condição de ser integral, composto de Espírito, perispírito e corpo somático, participante desse Universo onde tudo e todos interagem, o homem influencia e é influenciado de modo incessante, registrando com mais intensidade o campo daqueles seres de que mais carece para evoluir. Afina-se com pessoas e coisas, pensamentos e substâncias, variantes a cada fase evolutiva por onde transita.

Elementos mais sutis alcançam-no através do perispírito, tocando ou penetrando suas estruturas, onde passam a ser movimentadas. Dá-se uma espécie de "osmose" de natureza psíquica que pode determinar o surgimento de fatores equilibrantes e de progresso, ou constituir-se fonte de estagnação ou desordem.

Tão importante é o que se recebe quanto o que se produz. Quando o Espírito (encarnado ou desencarnado) se manifesta (pensando, agindo ou simplesmente existindo) todas as suas potências vibram, fazendo vibrar, por sua vez, o fluido cósmico, imprimindo neste alterações que lhe dão aspecto, movimento e direção.

As transformações que os seres inteligentes promovem na atmosfera fluídica que os envolve, tanto podem dar-se consciente quanto inconscientemente.

Sob o ponto de vista moral, os fluidos trazem a impressão dos sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme, do orgulho, do egoísmo, da bondade, da benevolência, do amor, da caridade, da doçura, etc.; sob o ponto de vista físico, são excitantes, calmantes, irritantes, dulcificantes, tóxicos, reparadores, etc. Algo importante: embora demos nomes aos sentimentos (amor, ódio, inveja, ciúme) estes estados dalma não são iguais em cada um. Assim sendo, o amor de alguém ou a sua inveja não é igual ao amor ou à inveja de outrem. Daí podermos afirmar que os fluidos têm a marca pessoal e a característica própria de quem os carrega.

O perispírito dos encarnados, porque de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, em razão da lei de atração magnética, funcionando espontaneamente no instante do processo reencarnatório, adquire as características próprias de cada individualidade, conforme a moralização e os sentimentos de cada ser inteligente. Daí em diante vão sendo modificadas essas características de acordo com as ações praticadas, sutilizando-se ou adensando-se.

Em decorrência dessa realidade, existe uma facilidade de assimilação de fluidos por parte dos encarnados à semelhança da esponja quando se embebe de liquido. Esses fluidos têm sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quando por sua ação e por sua irradiação se confunde com a densidade deles.

Os fluidos se atraem ou se repelem conforme a semelhança de suas naturezas, dai a incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos.

Tais fluidos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular. Se os seus eflúvios forem de boa natureza, ó corpo recebe uma impressão salutar; se forem maus, a impressão é penosa. Se os fluidos maus forem permanentes e enérgicos, poderão determinar desordens físicas. Certas moléstias não têm outra causa senão essa influência maléfica, causadora das chamadas enfermidades enigmáticas.

A fluidoterapia, nessas circunstâncias, obtém resultados admiráveis, quando a força fluídica, aplicada ao elemento enfermo ou desarmonizado, caracteriza-se pela abundância, qualidade e intensidade de fluidos provenientes de um magnetizador portador de bons sentimentos e ajudado por uma Entidade espiritual benfazeja.

Necessário ressaltar, ainda, que o êxito da terapia pelos passes depende da afinidade entre os fluidos do paciente e do magnetizador. Essa afinidade faz com que as pessoas sejam sensíveis à ação magnética de um indivíduo, e insensíveis a outro. É de bom alvitre, com base nesse fato, que se alternem os doadores de energias, encarregados da assistência a determinada pessoa.

Ainda, na questão dos fluidos, se faz necessária uma referência ao poder catalisador da água no tratamento fluidoterápico. A água fluidificada (pelos Espíritos ou por um magnetizador encarnado) é de resultado benéfico, quando utilizada pelo paciente, orando, pois que, dessa forma, ao ser ingerida, faz com que o organismo lhe absorva as "quintessências que vão atuar no perispírito, à semelhança do medicamento homeopático, estimulando os núcleos vitais de onde procedem os elementos produtores e regeneradores das células físicas, e onde, em verdade, se estabelecem os pródomos da saúde como da enfermidade, que sempre se originam no Espírito, liberado ou calceta.

BIBLIOGRAFIA:

Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda. Repetimos citação do Livro O Passe, de Jacob Melo
Evolução em Dois Mundos, André Luiz, cap. XIII, item Fluidos em geral
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, parte l~, cap. II,questão 22
Idem, idem, questão 27
No Invisível, Léon Denis, 2ª parte, cap. XV
A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV
Sementeira da Fraternidade, Manoel P de Miranda/Divaldo P. Franco,cap. 15, Alienações por Obsessões
Terapia pelos Passes – Projeto Manoel P. Miranda – ed. Leal


endereço: http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=3601
imagem: internet



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