terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TRAGÉDIAS PASSIONAIS


Altamir da Cunha altamir.



Segundo ensinamento dos espíritos, o orgulho é encontrado por trás de toda ação violenta.

Falar das tragédias passionais é falar de um tema que tem despertado muita polêmica na atualidade.

É comum ouvirmos a pergunta: Por que duas pessoas que se amavam tanto, de repente, passam manifestar atitudes de agressividade mútua, algumas vezes, culminando com a morte de uma delas ou de ambas?

Não raro, os órgãos de divulgação em massa divulgam as notícias sensacionalistas e, entre elas, esse tipo de tragédia.

O suicídio antecedido por homicídio tem despertado preocupação, dada a freqüência com que vem acontecendo entre casais com relacionamentos conflituosos.

Para analisarmos uma questão tão grave, com um certo aprofundamento, não poderíamos desconsiderar a influência dos fatores afetivos, econômicos, culturais, psicológicos, sociológicos e espirituais.

Com base nos ensinamentos dos mentores espirituais, obtidos através da literatura espírita, por trás de toda ação violenta encontra-se sempre o orgulho com seus tentáculos poderosos, escravizando e destruindo, relutando em aceitar o perdão e o diálogo como instrumentos indispensáveis para resolver conflitos e estabelecer a paz.

A alma orgulhosa é infeliz e árida de generosidade; invigilante, aceita a violência como solução de problemas que somente a fé em Deus, associada à compreensão e à paciência, consegue resolver. Sem estes recursos, que lhe proporcionariam refrigério para o coração e lucidez para a mente, ela dá guarida a pensamentos de revolta, gerando correntes de sentimentos negativos agressivos. Com a mente em desalinho, atrai para si mesmo outras mentes afins, desencadeando complexos processos obsessivos. A princípio como simples sugestões, que ela confunde com seus próprios pensamentos; com a continuação, as proteções vibratórias enfraquecidas pela ação conjunta do sentimento negativo e a ação persistente de verdugos espirituais, favorece a que se estabeleça o domínio total.

Neste estágio o seu livre arbítrio já se encontra comprometido; como marionete, guiado por mãos poderosas ela executa as ações criminosas, da quais, inconscientemente, se torna maior vítima.

É, de certa forma, uma atitude paradoxal, pois os autores desse tipo de tragédia justificam-se dizendo agir em nome do amor. Movidos, então, pelo ciúme, pelo egoísmo, e incontrolável desejo de posse (refletido no medo de perder a pessoa amada), outros existem que atentam contra a própria vida, logo após à ação criminosa.

Estudiosos da área de psicologia afirmam: "O ciúme negativo nasce do apego aos objetos. Geralmente as pessoas ciumentas se sentem mal se alguém usa algum objeto seu. O ciumento trata o ser amado como se fosse um objeto da sua propriedade".

O cíúme e auto-estima estão sempre relacionados. Uma baixa na auto-estima gera insegurança, complexo de inferioridade (o complexado interpreta que os outros são sempre melhores, mais bonitos, mais competentes).

À luz da Doutrina Espírita (com base na reencarnação e na lei de causa e efeito), o ciumento de hoje pode ser interpretado como o traído de ontem que não conseguindo superar o trauma vive atormentado pelo medo de ser traído novamente.

Esta situação, associada ao comportamento machista, tem se apresentado como fator desencadeante de muitas tragédias

Inúmeras vezes, através do atendimento pelo diálogo (prática comum na casa espírita), conversamos com pessoas que procuravam uma orientação para os conflitos conjugais. Em alguns, a verbalização era semelhante: “Não me conformo em perdê-la. Confesso que não suporto a idéia de vê-la com outro. Sem ela, prefiro morrer. Eu me mato; mas antes a matarei”.

Apesar de ser mais freqüente entre os homens a autoria desse tipo de tragédia, tem crescido bastante a violência praticada pelas mulheres.

É importante não esquecermos que a tragédia passional é fruto de um processo: não se desencadeia de uma hora para outra. Normalmente, a relação há tempo vem sob um clima de conflitos e/ou desrespeito.

São duas pessoas no relacionamento, porém se apresentam sempre dois culpados e dois inocentes cada um joga a culpa no outro e ambos se dizem inocentes.

Na verdade, uma das partes não está sabendo lidar com a idéia da perda.

Estabelecido o clima de desarmonia, com o passar do tempo a situação torna-se insuportável. O desgaste psicofisico é inevitável, e com ele a instalação de estados depressivos e obsessões, reconhecidos como importantes fatores desencadeantes das idéias suicidas.

O psiquiatra americano Karl Menninger. com base em Freud, afirma que o suicídio está associado à emersào de três elementos intrapsíquicos, inconscientes:
a) a vontade de matar
b) a vontade de morrer
c) a vontade de ser morto

Com base nesta teoria, certamente os casos específicos, de suicídio antecedido por homicídio, funcionam como ação conjunta dos dois primeiros (a vontade de matar e a vontade de morrer).

Entretanto, em qualquer aspecto analisado, ante tantas tragédias como estas, que caracterizam o mundo contemporâneo, a fé em Deus se apresenta como único instrumento capaz de despertar a esperança e estabelecer a paz.

A sintonia com Deus, obtida pela sintonia com os princípios da moral evangélica, ensinada por Jesus, é a luz diamantina para as nossas consciências obnubiladas pelo orgulho.

Não basta aceitarmos a sua existência ou nos filiarmos a um seguimento religioso, é necessário nos identificarmos com a lei de amor a Deus, amor a si mesmo e amor ao próximo.

Desse estado de elevação mental resultará uma relação harmoniosa, refletida no respeito, na compreensão e na renúncia.

Não mais existirão a vontade de matar, de morrer ou de ser morto; porque quem ama, defende a vida, e somente vivendo pode amar em plenitude.


Nota: o autor é bacharel em matemática, escritor e expositor espírita no Rio Grande do Norte.


Revista Internacional de Espiritismo - Maio de 2007




texto - http://wwwpanoramaespirita.com.br
imagem - carlosespirita.blogspot.com

2 comentários:

@prof_lucena disse...

É muito triste ver um ser humano caminhar para tal estágio. O que dizer então, daqueles que transformam-se em verdadeiros monstros e assassinam, violentam e acabam com a vida de várias pessoas. Que o Senhor Deus ilumine a todas as pessoas capazes de ajudar as outras a tornarem-se seres humanos melhores, principalmente através da educação e do amor.

Jorge Nectan disse...

O orgulho, hoje impera nas almas dos homens. Todas esta violência ocorre devido a inferioridade. Naturalmente há efeito de tudo isso que serão dolorosas àqueles que praticam e infelicitam a muitos. Uma forma, creio eu, de limpeza interior das vítimas hoje e no futuro, destes que são hoje, os algozes.
É necessário buscar, na oração, forças para, pelo menos combatermos o mal que existe em nós. Mesmo porque a mudança da humanidade começa sempre em nós mesmos.

Um grande abraço!!!
Obrigado pela sua visita!!!

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