quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LIDES OBSESSIVAS


Roque Jacintho

Um grupo de desobsessão é luz que se acende, em esperanças novas, a almas inúmeras que se encontram escravizadas a planos inferiores da espiritualidade. São portas de libertação franqueadas a quantos aceitem a reforma íntima e a reformulação de seus programas individualistas, incorporando-se às normas santificadoras do Cristianismo Redivivo.

Mas, como toda tarefa nobre, conta com inimigos.

Os Espíritos que se opõem a esses esclarecimentos espíritas-cristãos movimentam os seus recursos para dar combate àqueles que, até então súditos passivos de um reinado negro, se elegem agora por roteiros vivos de regeneração e de arrependimento.

E procuram desbaratar os obreiros congregados.

Para atingir seu objetivo não têm escrúpulos de qualquer ordem, valendo-se de todos os artifícios para os seus propósitos tenebrosos. Entre esses, um existe que produz espantosos efeitos desagregantes e que, pelo mal gerado, deve ser estudado com particular carinho e interesse por quantos componham os círculos de tarefas desobsessivas.

É o da insinuação de imoralidade.

Quando esses irmãos desequilibrados sentem que todas as suas investidas resultam infrutíferas e que o grupo se sustenta afinizado, ameaçando-lhes os redutos mais profundos, aproximam-se do núcleo de trabalhos e insinuam ou afirmam mesmo, face a face, que o doutrinador encarnado não tem qualidades morais para o posto que ocupa.

II — Reação

A afirmação de que o doutrinador tem falhas, preparada psicologicamente pelas mentes conturbadas, não raro encontra companheiros invigilantes, dentro do grupo de encarnados, que sé escandalizam intimamente com a informação venenosa e gratuita. É-lhes inconcebível aceitar que à cabeceira da mesa de socorro esteja alguém com um passado enodoso.

Desse momento em diante as suas emissões mentais, que antes se regulavam pela vivência fraterna e pelo ideal de caridade ao desencarnado, afloram com alternâncias de dúvidas e de desconfiança, coloridas por um pudor extremado e farisaico.

Vestindo-se com tal zelo doentio e com as aparências de virtudes, elegem-se em duros censores do doutrinador, denegrindo-o mentalmente ou relatando na roda de amigos as «surpreendentes revelações do obsessor».

Olvidam anos de trabalhos e incontáveis sacrifícios, detendo-se em comentar o escândalo criado pela afirmativa. E consorciando-se, sem o perceberem, aos interesses do próprio obsessor, a pouco e pouco se fazem inabilitados aos trabalhos redentores ou, então, permanecem no agrupamento e expurgam o doutrinador.

Acreditam-se dignos de compor assembléias de anjos.

III — O silêncio

Perante tais sucessos, qualquer reação do doutrinador será vã.

Se contra-argumenta com o obsessor para alijar de si a condenação verbal que nasceu no decorrer do trabalho socorrista, o comunicante foge de analisar a afirmativa ou, então, reafirma suas expressões, quer lançando mão da calúnia, quer lançando mão da maledicência e revirando o lixo das paixões em que já nos imantamos um dia.

Se o doutrinador silencia, confiando ao tribunal de sua própria consciência o julgamento de seus atos, o Espírito procura mostrar-se um vitorioso, deixando claro que, segundo a afirmação popular: «Quem cala, consente».

Na realidade, em momentos tais, o doutrinador deve silenciar e confiar em seus amigos de tarefas cristãs, mesmo que seja para ver desbaratar o grupo, se este for invigilante.

IV — Resposta certa

A atitude de acerto cabe, pois, aos amigos encarnados que formam o grupo desobsessivo. Devem lembrar-se de que estão face a face com Espíritos dementados, para os quais todos os recursos são válidos e todas as mentiras poderão receber a capa de uma verdade. Acompanhá-los em seus propósitos será sempre acumpliciar-se com seus desequilíbrios e imanar-se às suas ondas mentais, rompendo com a harmonia que deve viger nesse setor de serviços.

A vigilância é importante.

Não deve, pois, o participante da reunião agasalhar em seu coração as informações levianas. Nelas descobrirá as investidas ardilosas que visam a desbaratar o próprio agrupamento.

Evidente que nenhum dos participantes da reunião é perfeito.

Nossa ficha espiritual tem manchas.

Mas, essas nódoas os nossos Mentores já as conheciam e as toleravam, porque sabem que o trabalho dedicado e permanente é o verniz corretor que apagará, uma a uma, todas as ma­zelas que houvermos escrito em nosso currículo de aprendizagem terrena.

V — Os mentores

Se a afirmativa do obsessor é falsa, porque os nossos Mentores Espirituais hão de permitir os riscos enormes, um dos quais é a desagregação que se instalava na área de trabalhos?

A razão é simples.

Estamos todos em fase de aprendizagem. Temos de aprender a ser fortes em tolerância, em fraternidade, em caridade, em amor aos nossos semelhantes. E o meio mais apropriado ao exercício dessas virtudes é aquele em que nos integramos no serviço.

Em permitindo que o veneno circule nesse meio, visam os Orientadores proporcionar-nos um teste de nossas aquisições reais, a fim de que nos dotemos de virtudes efetivas e não aparentes.

Onde haja tristeza, provaremos nossa alegria.

Onde haja desalento, provaremos nosso ânimo.

Onde haja montanhas, provaremos nossa fé.

Onde haja maledicência, provaremos nosso amor.

E’ contristador o destrambelhamento de um grupo de trabalhos desobsessivos, sob o peso da mentira. Porém é mais contristador o continuar a iludir a nós mesmos, adornando-nos com qualidades que ainda não conquistamos.

Correndo, pois, todos os dolorosos riscos de tumultuar uma reunião que se propõe a sérios propósitos, ainda é por amor a nós que os nos­sos Mentores Espirituais concordam em que nos submetamos à prova que triará as conquistas íntimas ou que nos enviará aos caminhos amargosos da reaprendizagem.

VI — Utilidade

À vista, portanto, de nossa extrema necessidade de progressão espiritual, os Mentores permitem que a leviandade visite o nosso meio como lição viva e inolvidável que compreenderemos no curso dos séculos.

Nossa reação, no entanto, depende do livre arbítrio que nos é concedido.

Se estivermos interiormente jungidos às zonas do mal, o mal aflora à nossa alma, qual a tiririca que brota à primeira chuva. Se estamos voltados efetivamente para os Céus, o Bem nasce generoso em nossos pensamentos e devotaremos, então, ainda mais amor e ternura ao companheiro que aceitou o posto sacrificial da doutrinação e da evangelização de obsessores tenazes, humilhando-se por muito amar e parecendo derrotado, para vitoriar-se junto a Jesus na redenção dos pobres irmãos do caminho.

*Nas ocasiões da visita do escândalo, sufoquemos o mal com as nossas orações em favor do companheiro que suporta, calado, as insinuações deprimentes e revelemos que efetivamente estamos com Jesus, pois: «Quem não é por nós é contra nós».


Fonte: Reformador – Janeiro/1966


texto - http://terraespiritual.locaweb.combr/espiritismo/artigo482
imagem - amigoespirita.ning.com

Um comentário:

Jorge Nectan disse...

Um trabalho maravilhoso, uma instrumentação de Jesus na conscientização e evangelização de Espíritos sofredores, por isso necessário que os trabalhadores se abstenham de se envolver com estes Espíritos, ou mesmo falanges que buscam minar os trabalhos através de sutis críticas ou mesmo abertos contra a moral, em especial do doutrinador.
Há de se estudar profundamente o Espiritismo em seu lado evangélico e doutrinário para se fortalecer em Jesus, mesmo porque são instrumentos de Jesus ante o sofrimento dos irmãos que aparecem como necessitados ou mesmo aqueles que são rebeldes e não aceitam interferência sobre sua vida e seu trabalho.
Requer trabalhadores de plena confiança em Jesus e seus Mensageiros e na equipe do trabalho.

Um abraço

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