sexta-feira, 9 de julho de 2010

CARTA SOBRE A INCREDULIDADE - parte 2/2


Revista Espírita, fevereiro de 1861

(Continuação e fim. Vede número de janeiro de 1861, página 15.)

Desde que o homem existe sobre a Terra, existem os Espíritos; e, desde então também, os Espíritos se manifestaram aos homens. A história e a tradição formigam de provas a esse respeito; mas, seja porque uns não compreendessem os fenômenos dessas manifestações, seja porque outros não ousassem divulgá-las, de medo da prisão ou da fogueira, seja que esses fatos fossem levados à conta da superstição ou do charlatanismo pelas pessoas muito prevenidas, ou que tinham interesse em que não se fizesse a luz; seja, enfim, porque fossem levadas à conta do demônio por uma outra classe de interesses, é certo que, até estes últimos tempos, esses fenômenos, embora bem constatados, não tinham ainda sido explicados de modo satisfatório, ou que, pelo menos, a verdadeira teoria não tinha ainda penetrado no domínio público, provavelmente porque a Humanidade ainda não estava madura para isso, como para muitas outras coisas maravilhosas que se cumprem em nossos dias. Estava reservado à nossa época ver eclodir, no mesmo meio século, o vapor, a eletricidade, o magnetismo animal, eu entendo, pelo menos, como ciências aplicadas, e, enfim, o Espiritismo, o mais maravilhoso de todos, quer dizer, não só a constatação material da nossa existência imaterial e da nossa imortalidade, mas ainda o estabelecimento de relações materiais, por assim dizer, e constantes entre o mundo invisível e nós. Quantas conseqüências incalculáveis não devem nascer de um acontecimento tão prodigioso! Mas, para não falar senão daquilo que, atualmente, mais impressiona a generalidade dos homens,
da morte, por exemplo, não a vemos reduzida ao seu verdadeiro papel de acidente natural, necessário, eu diria mesmo feliz, e perdendo assim todo o seu caráter de acontecimento doloroso e terrível, uma vez que, para aquele que a suporta, ela é um momento do despertar; uma vez que, desde o dia seguinte da morte de um ser querido, nós outros que ficamos, podemos continuar as nossas relações íntimas no passado! Não há de mudança senão as nossas relações materiais; não o vemos mais, não o tocamos mais, não ouvimos mais a sua voz; mas nós continuamos a trocar com ele os nossos pensamentos, como quando vivo, e, freqüentemente, muito mais frutuosamente para nós. Que resta, depois disso, de tão doloroso! E, acrescentando-se, ao que precede, essa certeza de que não estamos mais separados dele senão por alguns anos, alguns meses, alguns dias talvez, tudo isso não é feito para transformar em um simples acontecimento útil aquele que, até hoje, com quase poucas exceções, os mais decididos não podiam encarar sem medo, e que, certamente, faz o tormento incessante de toda a existência de muitos homens? Mas eu me afastei do assunto.
Antes de te explicar a prática muito simples das comunicações, eu gostaria de tentar te dar uma idéia da teoria fisiológica que me foi dado fazer. Eu não tá dou por certa, porque não a vi ainda explicada pela ciência; mas me parece, pelo menos, que deve ser alguma coisa próxima disso.
O Espírito age sobre a matéria tanto mais facilmente quanto ela esteja disposta de um modo mais próprio para receber a sua ação, é por isso que não age diretamente sobre toda a espécie de matéria, mas poderia agir indiretamente, se se encontrasse, entre essa matéria e ele, certas substâncias de uma organização graduada que colocam os dois extremos em relação, quer dizer, a matéria mais bruta em relação com o Espírito. Assim é que o Espírito de um homem vivo desloca blocos de pedras muito pesados, os configura, os coordena com outros e deles forma um todo que chama uma casa, uma coluna, uma igreja, um palácio, etc.
Foi o homem-corpo que fez tudo isso? Quem ousaria dize-lo?... Sim, foi ele que fez isso, como é uma pena que escreve esta carta; mas eu volto, porque me sinto ainda indo à deriva.
Como o Espírito se põe em relação com o pesado bloco que ele quer deslocar? Por meio da matéria escalonada entre ele e o bloco; a alavanca põe o bloco em relação com a mão; a mão põe a alavanca em relação com os músculos; os músculos colocam a mão em relação com os nervos; os nervos metem os músculos em relação com o cérebro, e o cérebro coloca os nervos em relação com o Espírito, a menos que não haja ainda uma matéria mais delicada, um fluido que coloca o cérebro em relação com o Espírito. Qualquer que seja, um intermediário de mais ou de menos, não infirma a teoria; que o Espírito agisse de primeira ou de segunda mão sobre o cérebro, trata-se sempre de muito perto; de sorte que, retomando a coloque em relação com o reverso, ou antes, em sua ordem natural, eis o Espírito agindo sobre uma matéria extremamente delicada, organizada pela sabedoria do Criador de maneira própria a receber diretamente, ou quase diretamente, a ação de sua vontade; essa matéria,
que é o cérebro, age, por meio de suas ramificações que chamamos os nervos, sobre uma outra matéria menos delicada, mas que ainda bastante para receber a ação desta, e que são os músculos; os músculos imprimindo movimento à parte sólida que são os ossos do braço e da mão, enquanto que as outras partes do vigamento ósseo, recebendo a mesma ação servem de ponto de apoio ou escora. A parte óssea, quando não é ainda bastante forte por si mesma, ou bastante extensa para agir diretamente, multiplica a sua força com a ajuda da alavanca, e, eis o pesado bloco inerte, obedecendo documente à vontade do Espírito que, sem essa hierarquia intermediária, não teria nenhuma ação sobre ele.
Procedendo do mais para o menos, eis os menores fatos do Espírito explicados, do mesmo modo que procedendo no sentido contrário, vê-se como o Espírito pode chegar a transpor as montanhas, secar os lagos etc., e em tudo isso, o corpo desaparece quase no meio da multidão de instrumentos necessários, e entre os quais não faz senão desempenhar o primeiro papel.
Eu quero escrever uma carta; o que me é necessário fazer? Colocar uma folha de papel em relação com o meu Espírito, como ainda há pouco o colocava como bloco de pedra; substituo a alavanca pela pena e a coisa está feita. Eis a folha de papel repetindo o pensamento do meu Espírito, como ainda há pouco o movimento impresso ao bloco manifestava a sua vontade.
Se meu Espírito quer transmitir mais diretamente, mais instantaneamente, seu pensamento ao teu, e que nada a isso se oponha, tais como a distância ou a interposição de um corpo sólido, sempre por meio do cérebro e dos nervos, ele põe em movimento o órgão da voz que, ferindo o ar de diversas maneiras, produz certos sons variados e convencionados representando o pensamento, os quais vão repercutir em teu órgão auditivo que o transmite ao teu Espírito, por meio de teus nervos e de teu cérebro; é sempre o pensamento manifestado e transmitido por uma série de agentes materiais, graduados e interpostos entre seu princípio e seu objeto.
Se a teoria que precede é verdadeira, parece-me que nada é mais fácil agora senão explicar o fenômeno das manifestações espíritas, e particularmente da escrita mediúnica, a única que nos ocupa neste momento.
Sendo a substância física idêntica entre todos os Espíritos, seu modo de ação sobre a matéria deve ser o mesmo para todos; só o seu poder pode variar de graus. A matéria dos nervos estando organizada de modo a poder receber a ação de um Espírito, não há razão para que ela não possa receber a ação de um outro Espírito, cuja natureza não difere da do primeiro; e uma vez que a substância de todos os Espíritos é da mesma natureza, todos os Espíritos devem estar aptos a exercer, não diria a mesma ação, mas o mesmo modo de ação sobre a mesma substância, todas as vezes que eles se colocam na medida de poder fazê-lo; ora, é o que acontece na evocação.

O que é a evocação?

É o ato pelo qual um Espírito, titular de um corpo, pede um outro Espírito, ou, muito simplesmente, lhe permite servir-se de seu próprio órgão, de seu próprio instrumento, para manifestar o seu pensamento ou a sua vontade.
O Espírito titular não abandona por isso o seu corpo, mas pode bem neutralizar, momentaneamente, sua própria ação sobre o órgão da transmissão, e deixá-la assim à disposição do outro que não pode, todavia, dele se servir senão quanto apraza ao primeiro permiti-lo, em virtude deste axioma do direito natural de que cada um deve ser senhor de si mesmo. Entretanto, é necessário dize-lo bem, ocorre no Espiritismo, como nas sociedades humanas, que esse direito de propriedade não é sempre escrupulosamente respeitado pelos senhores Espíritos, e que mais de um médium se encontrou, mais de uma vez, muito surpreso por ter dado hospitalidade a hóspedes que não convidara e ainda menos desejara; mas está aí um dos mil pequenos desagrados da vida, que é necessário suportar, tanto mais que, na espécie, tem sempre um lado útil, não fosse senão com o fim de nos provar, ao mesmo tempo que são a prova mais manifesta da ação de um Espírito estranho sobre o nosso órgão, nos fazendo escrever coisas que estávamos longe de prever, ou que não estamos de nenhum modo ciosos de ouvir. Contudo, isso não ocorre aos médiuns senão em seu início; quando estão formados, isso não ocorre mais, ou, pelo menos, não se deixam mais prender nisso.
Cada um está apto para ser médium? Naturalmente isso deveria ser, em graus diferentes todavia, como com aptidões diversas; está aí a opinião do Sr. Kardec. Há médiuns escreventes, médiuns videntes, médiuns audientes, médiuns intuitivos, quer dizer, os Médiuns que escrevem, que são os mais numerosos e mais úteis; os médiuns que vêem os Espíritos; outros que os ouvem e conversam com eles como com os vivos: estes são raros; outros que recebem os pensamentos do Espírito evocado em seu cérebro, e os transmitem pela palavra. Um Médium possui raramente várias dessas faculdades ao mesmo tempo. Há ainda médiuns de um outro gênero, quer dizer, cuja presença somente em um lugar qualquer permite aos Espíritos aí se manifestarem, seja por um ruído, tais como as pancadas, seja pelo movimento dos corpos, tal qual o deslocamento de uma mesinha, o erguimento de uma cadeira, de uma mesa ou de qualquer outro objeto. Foi por esse meio que os Espíritos começaram a se manifestar e a revelar a sua existência. Ouviste falar das mesas girantes e da dança das mesas, disso riste e eu também; pois bem! Foram os primeiros meios que os Espíritos empregaram para atrair a atenção; foi assim que se reconheceu a sua presença; depois do que, com a ajuda da observação e do estudo, chegou-se a descobrir, nos homens, faculdades até então ignoradas, por meio das quais se pode entrar em comunicação direta com os Espíritos. Tudo isso não é maravilhoso? E, todavia, isso não é senão natural; somente, eu o repito, estava reservado à nossa época de fazer a descoberta e a aplicação dessa ciência, como de muitos outros segredos maravilhosos da Natureza.
Agora, para se pôr em relação com os Espíritos, ou pelo menos para ver se se está apto para fazê-lo pela escrita, toma-se uma folha de papel branco e um lápis que marque bem, colocando-se em posição de escrever. É sempre bom começar dirigindo uma prece a Deus, depois evoca-se um Espírito, quer dizer, roga-se-lhe consentir em se comunicar conosco e nos fazer escrever; depois espera-se, sempre na mesma posição.
Há pessoas que têm a faculdade medianímica de tal modo desenvolvida, que escrevem tudo do início; outras, ao contrário, não vêem essa faculdade se desenvolver nelas senão com o tempo e a perseverança. Neste último caso, renova-se a sessão cada dia, e para isso um quarto de hora basta; é inútil nisso passar mais tempo; mas, tanto quanto possível, é necessário renová-la todos os dias, sendo a perseverança uma das primeiras condições de sucesso.
É necessário também fazer a prece e a evocação com fervor; repeti-la mesmo algumas vezes durante o exercício; ter uma vontade firme, um grande desejo de vencer e sobretudo, nenhuma distração. Quando uma vez se conseguiu escrever, estas últimas preocupações tornam-se inúteis.
Quando se deve logo escrever, sente-se ordinariamente um ligeiro estremecimento na mão, precedido algumas vezes de um ligeiro adormecimento da mão e do braço, algumas vezes mesmo de uma leve dor nos músculos do braço e da mão; esses são sinais precursores e quase sempre certos de que o momento do sucesso não está longe; é algumas vezes imediato, de outras vezes, se faz ainda esperar de um ou vários dias, mas jamais tarda muito; somente, para ali chegar, é necessário mais ou menos tempo, o que pode variar de um instante a seis meses, mas eu to repito, um quarto de hora de exercício por dia basta.
Quanto aos Espíritos que podem ser evocados, para essas espécies de exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao seu Espírito familiar que está sempre ali e não nos deixa nunca, ao passo que os outros Espíritos podem ali não estar senão momentaneamente, e não mais se encontrar no momento em que os evocamos, e estar então, por uma causa qualquer, na impossibilidade de atender ao nosso chamado, o que ocorre algumas vezes.
O Espírito familiar, que confirma, até certo ponto, a teoria católica do anjo guardião, não é, entretanto, inteiramente tal como no-lo representa o dogma católico. É muito simplesmente o Espírito de um mortal que viveu como nós, mas que está sempre mais avançado que nós e nos é, por conseqüência, infinitamente superior em bondade e em inteligência; que cumpre aí uma missão meritória para ele, proveitosa para nós, e nos acompanha assim neste mundo e no outro, até que seja chamado para uma nova encarnação, ou até que nós mesmos, chegados a um certo grau de superioridade, sejamos chamados a cumprir, na outra vida, uma missão semelhante junto de um mortal menos avançado do que nós.
Tudo isto, meu caro amigo, entra maravilhosamente, como o vês, nas nossas idéias de solidariedade universal. Tudo isto, em nos mostrando esta solidariedade estabelecida de todos os tempos e funcionando constantemente entre o mundo invisível e nós, nos prova, certamente, que não é uma utopia de concepção humana, mas bem uma das leis da Natureza; que os primeiros pensadores que a pregaram não a inventaram, mas somente a descobriram; e que, enfim, estando nas leis da Natureza, ela está chamada fatalmente a se desenvolver nas sociedades humanas, apesar das resistências e dos obstáculos que poderão ainda lhe opor os seus cegos adversários (1-(1) Por pouco que os fatos mais naturais, mas ainda não explicados, se prestem a maravilhoso, cada um sabe com que agilidade a zombaria deles se apodera e com que audácia os explora; está aí, talvez, ainda um dos maiores obstáculos à descoberta e sobretudo à vulgarização da verdade).
Não me resta mais senão te falar da maneira de evocar. É a coisa mais simples. Não há para isso nenhuma forma cabalística, nenhuma fórmula obrigatória; tu te diriges ao Espírito nos termos que te convém; eis tudo.
Para te fazer melhor compreender, todavia, a simplicidade da coisa, vou dizer-te a fórmula que eu mesmo emprego: "Deus Todo-poderoso! Permiti ao bom anjo (ou ao Espírito de um tal, preferindo-se evocar um outro Espírito) de se comunicar comigo e de me fazer escrever." Ou bem ainda: "Em nome de Deus Todo-Poderoso, peço ao meu bom anjo (ou ao Espírito de...) se comunicar comigo."
Agora, queres saber o resultado da minha própria experiência; ei-lo: Depois de mais ou menos seis semanas de exercícios infrutíferos, um dia, senti minha mão tremer, se agitar e traçar de repente, com o lápis, caracteres informes. Nos exercícios seguintes, esses caracteres, embora sempre ininteligíveis, se tomaram mais regulares; eu escrevia linhas e páginas com a rapidez de minha escrita comum, mas sempre ilegíveis. De outras vezes, eu traçava rubricas de todas as espécies, pequenas, grandes, algumas vezes de todo o papel. Algumas vezes eram linhas direitas, ora de alto a abaixo, ora atravessadas. De outras vezes, eram círculos, ora grandes, ora pequenos, e algumas vezes tão repetidos uns sobre os outros, que a folha de papel ficava toda enegrecida pelo lápis.
Enfim, depois de um mês de exercício mais variado, mas também o mais insignificante, comecei a me aborrecer, e pedia ao meu Espírito familiar para me fazer traçar letras, ao menos se não pudesse me fazer escrever palavras; eu obtinha, então, todas as letras do alfabeto, mas não pude obter mais.
Nesses intervalos, minha mulher, que sempre teve o pressentimento de não possuir a faculdade medianímica, se decidiu entretanto tentá-la e, ao cabo de quinze dias de espera, se pôs a escrever correntemente e com uma grande facilidade; mas, mais feliz do que eu, ela o fazia muito corretamente e muito legivelmente.
Um dos nossos amigos conseguiu, desde o segundo exercício, a rabiscar como eu, mas isso foi tudo. Não nos desencorajamos por isso; estamos convencidos de que é uma prova e que, cedo ou tarde, nós escreveremos; não é preciso senão a paciência, é fácil.
Numa outra carta, eu te entreterei com as comunicações que recebemos por minha mulher, e que, bastante singulares por si mesmas, são sobretudo muito concludentes pela existência dos Espíritos. Temos bastante por hoje; tinha a te fazer uma exposição que, se bem que muito sumária, entretanto, pode abarcar o conjunto da teoria espírita. Isto bastará, eu o espero, para excitar a tua curiosidade, e sobretudo despertar o teu interesse; a leitura das obras especiais, às quais isto vai te dispor, fará o resto.
Esperando a obra prática da qual te falei, enviarei muito proximamente a obra filosófica intitulada: O Livro dos Espíritos.
Estuda, lê, relê, experimenta, trabalha, e sobretudo não desanimes nunca: a coisa vale a pena.
E, além disso, não prestes atenção aos risos; já há muitos que não riem mais, se bem que estejam ainda na posse de todos os órgãos que lhes serviam há algum tempo.

A ti e até breve, CANU.


endereço: Revista Espírita - fev/1861
imagem: novavidacaxias.com.br


2 comentários:

Unknown disse...

Lendo este post sensacional, mais uma vez vejo o quanto ainda falta de esclarecimento sobre a doutrina à população em geral. O Espiritismo é uma doutrina complexa, exige muito estudo, talvez por isto exista tanta confusão por parte dos leigos.
Hoje publiquei mais uma vez um post sobre o que é o espiritismo, de forma bem simplificada, tentando esclarecer um pouco...
Beijos

Jorge Nectan disse...

Jeanne,

Estamos ainda iniciando nos estudos do Espiritismo. Como é uma doutrina evolutiva, a complexidade dela tende a aumentar também.
Aqui na blogosfera há muitos blogs espíritas para todos os níveis de conhecimento. Isso é muito importante pois cada um pode ler de acordo com o que já sabe, ou ainda não.

Minha amiga, beijo e um ótimo domingo.

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