domingo, 7 de março de 2010

DEUS E A CRIAÇÃO


Autor: Carlos de Brito Imbassahy


Se tempo e espaço não têm começo nem fim,

faz sentido acreditar no Criador?

Stephen Hawking


Diz a vã filosofia que Deus é uma necessidade humana para se crer na própria existência. A religião rebate afirmando que o mundo foi criado e, como tal, possui um Criador. O ateísmo garante que, se Deus existisse, as pesquisas científicas já teriam encontrado seus indícios. Já a Ciência diz que o Universo é um efeito cuja causa jamais poderia ser um Ente antropomórfico, como a Religião deseja, porque não seria compatível com o espaço cósmico em si já que, sendo pulsante, sem dúvida, algum “Agente”, superior a tudo o que se possa imaginar, deva ser o grande responsável pelos seus ciclos de existência. E nunca um Deus antropomórfico.

E poder-se-ia continuar divagando pelos meandros da simulação humana a respeito do tema.

Contudo, a verdade é que, sem dúvida, o homem, em sua imaginação fecunda, quando não tem informações a respeito de algo que julgue seja de suma importância, ele, por si mesmo, passa a conceber e admitir como verdade aquilo que sua imaginação crie a respeito do que pensa e faz com que o pensamento se torne “verdade” para ele.

Assim é Deus: algo empírico que o homem concebe à sua moda e que os sacerdotes das diversas religiões exploram como forma de manter seus fiéis subordinados à sua – do sacerdote – vontade como se ela fosse divina.

Sem dúvida, atualmente, a idéia da concepção de Deus é um comércio religioso onde os sacerdotes das diversas seitas encontram meio para explorar seus adeptos e deles tirar o sustento de seus templos e casas ditas religiosas, alguns, como mostra a imprensa, enriquecendo-se às custas dos crentes.

Mas Deus existe ou é mera necessidade humana?

Até hoje ninguém conseguiu detectar sua provável existência que continua no domínio da crença e do dogma, e quem não a admite é considerado herege e, se não fora a atual liberdade de pensamento, sem dúvida, já teria ido para na pira de alguma “Santa” Inquisição, a fim de não tumultuar a crença do povo, fundamental para manutenção das seitas e religiões.

Parece irreverência tal conceito, mas é o espelho fiel do que já se pôde observar!

Desde priscas eras, há um enorme estudo a respeito dos conceitos divinos, das religiões e das crenças que têm surgido em nosso orbe; tudo indica, porém, que os povos primitivos sempre adotaram a crença de que o mundo seria governado por uma plêiade de Entes superiores ou deuses, da qual, a mitologia grega é o exemplo mais clássico conhecido no dito oeste do velho continente.

Desenterrar estes estudos é repetir o que já vem sendo dito e estudado pelos especialistas no assunto; basta lembrar que dois são os pontos cruciais: o primeiro demonstra que já os povos antigos cultivavam cultos hoje conhecidos como mediúnicos, onde Entidades consideradas divinas davam comunicações e ensinavam os princípio da criação a partir desses cultos e rituais, principalmente de danças onde o sacerdote invocava, através de um participante, a referida Entidade espiritual para ditar seus ensinamentos.

Uma coisa, porém, é certa: ensinava-se a temer os deuses e a respeitá-los para não despertar a sua ira nem lhe criar a fúria, motivo pelo qual a idéia de deuses sempre criou medo entre os humanos que não ousariam contrariá-los em seus poderes. Até hoje o “Timor Domini” é um princípio de sabedoria invocado por diversas crenças evangélicas.

Assim, torna-se temerário desafiar a existência – por mais absurda que seja – do Deus religioso, correndo-se o risco de provocar Sua ira contra a heresia praticada. E ai de quem o fizer!

Mas a verdade é que, se cada religião adota um Deus diferente que só protege os fiéis da sua crença, por si só, isto é uma prova de que todos eles não são verdadeiros. A verdade é uma só e ninguém a contesta. A não ser que queira ser do contra: o eterno contestador!

Quando o químico diz que a água é formada de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, ninguém – absolutamente, ninguém – irá contestá-lo sob pena de ser considerado um ignorante. Este é o exemplo mais tácito e simples do que seja uma verdade!

Todavia, não admitir que o Deus religioso seja uma verdade é tremenda heresia que merece a condenação de todos; um escândalo que horroriza aos demais.

A Ciência – mais especificamente, os cientistas – não está preocupada com a crença senão com a verdade e com o que exista de fato. Evita o debate porque só se pode dialogar mediante provas, resultados experimentais e dados obtidos por aparelhos que não tenham opinião própria. Isto não ocorre com os religiosos: são donos da verdade e não admitem argumentos contrários. E também ocorre com “il homo qui nega” ou seja, Mefistófeles perante Fausto, para Goethe.

Fé, aceita-se; dogma não se discute. Assim, o assunto se encerra no que tange ao debate religioso. Porém, se formos analisar as novas descobertas feitas pelos pesquisadores do Universo, vamos ver que a verdade é outra e que a posição religiosa relativa a Deus não tem qualquer amparo perante o que já se sabe a respeito do Universo e que jamais poderia ter sido criado por um Deus bíblico ou por qualquer outra divindade baseada no conceito humano da sua existência.

Os dados que ora vão servir para nossa análise foram obtidos pela equipe de Palomar, a partir dos observatórios astrofísicos do Havaí – Keck I e Keck II –, situados na cratera do vulcão extinto de Mauna Kea a 4.150 metros de altitude e que vêm operando desde 1990; os mesmos, recentemente forneceram os estudos que estão nos mais importantes planetários do mundo, mostrando o que já se descobriu sobre a existência sideral das formas e das coisas.

Não se trata de fantasia nem de crença, mas de observações feitas, vistas e filmadas pelos telescópios mais potentes já conhecidos por nós, contando ainda com a colaboração do telescópio orbital que leva o nome do astrônomo Hubble.

A Terra, contrariamente ao que diz a Bíblia, nunca foi centro de nada: gira em torno de uma estrela de quinta grandeza, como todos sabem, que é o Sol e está contida, com todo o sistema solar, numa galáxia conhecida pelo nome de Via Láctea e que jamais seria a mais importante do Universo. Sua extensão (ou diâmetro máximo da espiral) é percorrida pela luz durante o período de dez milhões de ano-luz enquanto que, em torno da Terra, esta mesma luz levaria fração de segundos, se tanto, para contorná-la. E lá vai por terra a obra prima da Criação!

Ora, posto isso, toda e qualquer concepção cristã a respeito da formação de nosso planeta a partir da vontade divina do seu Deus criador rui, não tem nenhum valor. E vejamos porque:

Recentemente, um dos mais importantes sinais observados pelos aludidos telescópios mostra que captaram um sinal oriundo provavelmente dos limites do Universo em expansão que teria sido emitido a 12 milhões de ano-luz, época em que a Terra ainda não existia. E lá vai por “terra” a Terra bíblica! Ela não existia e o espaço sideral caminhava vertiginosamente, em sua expansão, para o desconhecido. Como pode, pois, ser a obra prima da Criação?

Acontece que o fanatismo religioso é maior do que a razão, por isso, mesmo indo a um planetário onde fique provada a formação do Universo pelas filmagens obtidas a partir dos aludidos telescópios, o crente sai de lá achando que tudo aquilo não passa de fantasia e que Deus está com ele para não permitir que se deixe enganar (no caso bíblico) por Satanás, o eterno bode expiatório da questão.

Pois, não basta o fato de já termos sofrido com a idéia da criação divina pregada pela Bíblia, que levou Klaud Ptolomeu, nascido no ano 100 da era cristã, a escrever no seu Almagesta – tratado universal – a teoria geocentrista e que passou a ser a oficial da Igreja, a ponto de condenar Copérnico por tê-la desmentido, provando que a Terra girava em torno do Sol; do mesmo modo, os fanáticos resolveram negar os fatos comprovados pelos observatórios astronômicos, como se fossem os donos da razão, porque está no livro sagrado...

E veja-se que a Ciência não é radical: quando Georj Gamow (1904 – 1968), natural de Odesa, estudando os buracos negros, concluiu pela Teoria do Big bang, não a estabelecendo como verdade, mas como hipótese científica para formação do Universo, admitindo que, com ou sem criação, tal hipótese justificava plenamente a tese da expansão cósmica e já aí, a Criação divina ruía por terra.

Hoje em dia, os referidos observatórios já têm base suficiente para se assegurar que o Universo, pulsante e anisotrópico, se sucede por etapas, sempre a partir de um fulcro onde o Big bang pode não ser uma grande explosão, mas existe como partida para a nova fase de expansão universal.

E onde fica a criação divina? Baseado neste fato, Hawking admitiu que não havia necessidade de existir um Criador para nosso Universo. Além disso, outro grande entrave é a hipótese de que o Universo teria sido criado do nada, ou seja, de onde veio o material para fazê-lo da forma que é?

Contudo, antes, já Antoine Laurent de Lavoisier, químico parisiense (1743 – 1794) que revolucionou a Alquimia, já dizia: “Em a natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” portanto, o que foi que Deus criou? Isto custou-lhe a vida, sendo guilhotinado sob alegação de que era cobrador de impostos da coroa.

Todavia, o grande entrave para as pesquisas em busca da verdade ainda continua sendo o fanatismo das pessoas que não aceitam a hipótese de que seu Deus não seja verdadeiro, para que possa se apoiar nele em suas atitudes humanas. E pior: para Nietzsche, o homem só se julgaria à imagem e semelhança de Deus por puro orgulho. Ou melhor: teria criado Deus à sua imagem por simples vaidade.

E, ainda por cima, para os bíblicos, tudo o que se oponha à Bíblia seria obra de Satanás, que o faz para confundir os homens sem que Deus tenha possibilidade e poder para evitar. O que tira de Deus, sem dúvida, sua “onipotência”.

Afinal, quem criou Satanás? É outro grave e sério problema para se explicar: seria ele também obra do Criador? E, neste caso, Deus errou ou o fez de propósito, por maldade? Ou, então, não será o único criador de todas as coisas e de todos os seres.

Sem dúvida, as incoerências religiosas fazem com que a idéia de Deus seja mero paliativo para engambelar o homem. Além disso, toda literatura religiosa data de antanho, quando se julgava que a Terra fosse um astro muito importante; na Bíblia, ela seria o centro do Universo.

Em resumo: para as religiões, o mundo foi criado e seu criador seria um Ente divino, supremo, com poderes absolutos; para os que negam tal hipótese, as alegações são simples: para se criar algo tem-se que ter a matéria prima; de onde surgiu tal coisa? Ora, imaginar que Deus tirou do nada o material para fazer a Terra, porque é a Terra sua obra prima, seria o mesmo que supor que o vento saiu do sopro de Eolo e que, assim, criou o ar.

Já alguns prudentes cientistas admitem que haja um Agente Supremo que comanda a existência do Universo, fazendo-o implodir a um fulcro central e, a partir dele, por um Big bang ainda hipotético, passa a se expandir até se esvair, o que faz com que este ciclo de existência se finde. A partir desse momento, o Agente Supremo agiria na massa cósmica universal para fazê-la, novamente, implodir e começar novo ciclo de existência.

Mas aí, vai de roldão toda e qualquer hipótese de um Criador que tenha semelhança com o homem porque seria incompatível com tudo mais e exclusivamente restrito à Terra, caso fosse ela, de fato, o centro de tudo. Então, não haveria criação, mas transformação.

Mas acontece que as religiões vivem e sobrevivem pela crença de seus fiéis e esta assertiva científica destruiria toda e qualquer hipótese correlata com um Deus antropomórfico essencial a seus desígnios.

Resumindo: ou Deus não existe, ou não é criador. Seria apenas, um Ente espiritual ligado à Terra, com a responsabilidade de orientar seus habitantes, tentando levá-los para o caminho da evolução. E lutaria para que nosso mundo passasse por uma transformação a fim de abrigar criaturas melhores e mais evoluídas.

E continua em aberto a questão: de onde e por que surgiu o Universo?



endereço: http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Artigos

imagem: sintoniadejesus.wordpress.com


4 comentários:

Teresa Cristina disse...

Olá meu amigo, passando pra agradecer pela mensagem de carinho.
E dizer que este post esta belíssimo, e me fez lembrar uma música que cantamos durante a produção da pomada Vovô Pedro....a letra é mais ou menos assim:
Ouço Deus no murmúrio das águas do rio
Ouço Deus no furor do ciclone bravio
Ouço Deus no cantar matinal dos pardais
Ouço Deus no lamento dos pobres mortais

Vejo Deus nas estrelas perenes de luz
Vejo Deus no esplendor que a alvorada traduz
Vejo Deus no suave perfume da flor
Vejo Deus no adeus companheiro da dor

Sinto Deus na saudade que evoca a lembrança
Sinto Deus no morrer de febris esperanças
Sinto Deus na tristeza de ver-te partir
Sinto Deus na tua volta irmão a sorrir

Muita Paz pra ti!!!
Bjss ♥

Norma Villares disse...

Olá meu bom amigo, muito obrigada pela visita e mensagem de carinho, sempre gentil.
Muito bom esse exto, Carlos Imbassay é excelente.
Estou viajando.
Grande abraço

Jorge Nectan disse...

Teresa, Anjo bom!

Que letra maravilhosa.

Um beijo, de coração,
Jorge

Jorge Nectan disse...

Norma,

A tua visita também é por demais importante. E o teu comentário também!

Gosto demais dos livros do Imbassahy, pois fala de assuntos em que me identifico também.

Um beijo, de coração, minha amiga de longa data!
Jorge

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