Leda Marques Bighetti
O estudo tem como objetivo reafirmar a existência, a encarnação como oportunidade imposta pela lei divina, meio para o Espírito progredir.
Viver pois, constitui-se como o primeiro de todos os direitos naturais do homem e é por isso que ninguém tem o direito de atentar ou praticar qualquer ato que possa comprometer o ritmo normal da vida. ¹
Esclarece a Doutrina Espírita que o Espírito encarnado é um ser trinário composto de: 1.º) um corpo material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital do qual o Espírito se reveste temporariamente. 2.º) a alma, ser imaterial encarnado no corpo; é o Princípio Inteligente em que reside o pensamento, a vontade, o senso moral. É o ser principal, sobrevivente a matéria. 3.º) O perispírito, laço intermediário que prende um ao outro, isto é, o Espírito à matéria. E semimaterial, espécie de invólucro, que faz do Espírito um ser real, definido. ²
Como o perispírito se une a matéria?
"(…) Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior".
E a morte, como se dá?
Por um efeito contrário. A união do perispírito efetuada sob a influência do princípio vital do gérmen cessa, se extingue. Deixando de haver essa energia atuante, há a desorganização da matéria, desfaz-se a união da mesma forma como se uniu: molécula á molécula, de dentro para fora, lenta, gradativa, harmônica e o Espírito envolto pelo perispírito, recebia a liberdade. Assim, "(…) não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta que determina a partida do Espírito." ³
Como se dá essa soltura perispiritual?
Lentamente, tanto nos processos das enfermidades como pelo desgaste natural da matéria no decorrer do avançar dos anos. Embora esse desprender seja lento, iniciando-se algum tempo antes do desencarne em si, há três regiões orgânicas fundamentais na ligação perispírito-matéria: 1.º) centro vegetativo mais ou menos na altura do umbigo, sede das manifestações fisiológicas do ventre. 2.º) centro emocional, radicado no tórax, zona dos sentimentos, desejos. 3.º) centro mental, constituindo-se como o mais importante sediado no cérebro.
Atingido o ponto indicado na extinção do fluído vital, Espíritos responsáveis por esse trabalho de desligamento, operam, através de energias no centro vegetativo, ocorrendo o esticamento e esfriamento dos membros inferiores. Do umbigo extravasa substância leitosa.
Repetindo as mesmas operações ocorrem irregularidades no batimento cardíaco, queda de pressão arterial. O desencarnante apresenta angústia, aflição. Nova cota de substância se desprende do epigastro a garganta.
Finalmente, atuando no cérebro, desliga-se da região craniana, brilhante chama violeta-dourada que absorve como um aspirador as porções leitosas exteriorizadas dos centros vegetativo e emocional.
Essas substâncias são altamente plasticizantes e formam acima do corpo físico, o corpo perispiritual, a começar pela cabeça, membro a membro, traço a traço. A medida que esse novo organismo se forma, a luz violeta-dourada fulgurante do cérebro empalidece gradualmente até desaparecer de todo. Assegurou-se, nesses detalhes e cuidados, a coesão dos diferentes átomos nas novas dimensões vibratórias.
O Espirito desencarnado eleva-se alguns palmos acima do corpo cadáver apenas ligado a este, através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico entre o cérebro do corpo físico abandonado e o cérebro perispiritual.
Para os encarnados a morte aconteceu inteiramente. Para o Espírito a operação está incompleta, uma vez que agora repousa contemplando o passado que se lhe descortina em visão panorâmica no campo interior. Há debilidade extrema, sonolência maior ou menor tendo em vista todos os passos anteriores.
Esse intervalo de tempo é importantíssimo, necessário e variável para cada um. Representa período de adaptação, estágio transitório como se fosse prolongamento das vida física e prelúdio, adaptação aos fluidos do campo perispiritual. Só quando for desatado o fio prateado estará o Espírito completamente desligado do corpo físico.
Depois desses raciocínios, um doente, um amigo, um parente, alguém em sofrimentos na enfermidade prolongada ou não, será lícito abreviar-lhes a vida, interrompendo uma situação energética que não foi devidamente extinta no seu desgaste natural?
Esse fluxo de vida não esgotado, procura o corpo físico, mas este já está em processo de absorver as energias no momento oportuno. Fica preso ao lado do corpo que está se desfazendo, absorve os produtos degenerativos desencadeados nos quais substâncias alucinógenas são captadas pelo perispírito, podendo causar segundo as condições de cada um, período variável de loucura, que só o decorrer do tempo a se escoar oferecerá oportunidade para futuro reequilibro desse Espírito.
Cada um tem que vivenciar o processo da vida no corpo físico até o último momento. Dificuldades, problemas, dores, aborrecimentos, doenças, anos avançados em limitações naturais, significam para o Espírito, alvorecer e luz.
Sob quaisquer condições, respeitar o dia da desencarnação, lutando dentro de toda técnica e meios até o último instante.
O falho arbítrio do homem não sabe avaliar o que está acontecendo na intimidade dos instantes. A morte conduzida pela eutanásia, jamais será tranqüila e sem sofrimento e sim desarmônica e desequilibrante para o Espírito que é arrancado dos laços antes da época, o que cria tumulto para organização espiritual, mudando o curso do processo.
As reações serão variáveis diretamente proporcionais ao grau de evolução, compreensão, ou revolta de cada Espírito.
Sob qualquer alegação, a decisão pela aplicação da eutanásia, significará a predominância do conceito materialista da vida, que apenas vê o físico, o material e suas aplicações imediatas em detrimento da realidade espiritual, reflete o primitivismo animal na constituição emocional do homem.
"(…) Felizes da terra! Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam prolongada agonia, afastai do pensamento a idéia de lhes acelerardes a morte!"
"(…) Ignorais, por agora, o valor de alguns minutos de reconsideração para o viajor que aspira a examinar os caminhos percorridos, antes do regresso ao aconchego do lar.
Se não vos sentis capacitados ao oferecer-lhes uma frase de consolação ou o socorro de uma prece, afastai-vos e deixai-os em paz!"
Matar nunca!
Bibliografia:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 63. ed., São Paulo-SP, LAKE. Cap. XI, q. 880, p. 291
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 63. ed., São Paulo-SP, LAKE. Introdução VI, § 11
3. KARDEC, Allan. A Gênese. 18. ed., Rio de Janeiro-RJ, FEB. Cap. XI, it. 18 p. 214
4. XAVIER, F. C; VIEIRA, Waldo, pelo Espírito André Luiz. Sexo e Destino. 19. ed., Rio de Janeiro-RJ. FEB. Cap. VIII, p. 248
Subsídios
XAVIER, F. C., pelo Espírito André Luiz. Obreiros da Vida Eterna. 9. ed., Rio de Janeiro-RJ, FEB. Cap. XIII, p. 199
Fonte: Jornal verdade e Luz – junho/2005
2 comentários:
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Apareça, vamos comemorar juntos!
Abraços fraternos. :)
tem um selinho pra ti lá no blog.
excelente artigo, mostra didaticamente o processo de desencarne, e porque este processo deve acontecer de forma natural.
tem uma nova forma de interromper a vida que não lembro o nome agora, mas imagino que não vá contra a natureza, ao contrário, é quando médico paciente e familiares optam por retirar medicações e o paciente fica apenas tomando remédios para a dor, este procedimento só é feito em casos irreversíveis.
Beijos
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